NetBila'NewsNetBila'News Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2019

Pinhão

Pinhão, Alijó O Pinhão é um ponto estratégico na cultura do Vinho do Porto. Apesar de uma boa parte desta localidade pertencer ao concelho de Alijó, uma outra, mais pequena, pertence ao concelho de Sabrosa. O Pinhão está situado nas margens do rio Pinhão, fazendo este a fronteira entre os dois concelhos. No lugar do Pinhão surgiram quintas que desenvolveram a produção do vinho português mais famoso do mundo. Desde o tempo em que o Marquês de Pombal mandou demarcar esta região, muitas pipas de vinho partiam do Pinhão para as caves de Vila Nova de Gaia onde o vinho era armazenado e envelhecido e daí exportado. Os barcos que faziam o transporte - rabelos -, típicos do Douro, entraram em declínio a partir de 1880, ano em que o caminho de ferro chegou ao Pinhão. Aqueles barcos foram substituídos pelo comboio, passando este a fazer o transporte do vinho. Várias empresas ligadas ao comércio do vinho instalaram-se no Pinhão. Hoje, a cultura vinícola mantém-se e são várias as quintas c

Serra de Santa Bárbara, S. Lourenço de Ribapinhão

Documento de 1758 sobre São Lourenço Têm sido feitas algumas referências à freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão, a propósito do documento de 3 de março do ano de 1758, escrito pelo "reytor da Igreja Matriz de Sam Lourenço de Riba Pinhão". Aqui se deixa mais um pequeno resumo de uma parte desse documento, em que algumas palavras são reproduzidas exatamente como eram escritas naquele tempo pelo senhor padre Seraphim Alvares. «Havia nesta freguesia uma feira franca que decorria entre a véspera do dia do milagroso S. Lourenço e o próprio dia de S. Lourenço - 10 de agosto. A freguesia de S. Lourenço não tem correio. No entanto, os seus habitantes servem-se do correio de Vila Real, que vem na segunda e vai na quinta feira. Diz ainda o senhor padre Seraphim Alvares que a freguesia de S. Lourenço dista da cidade de Braga dezassete léguas e da corte de Lisboa oitenta. O grande terramoto que ocorreu na cidade de Lisboa, no dia um de novembro de 1755, dois anos e oito mes

Cabrito

Cabrito assado, ou mesmo cordeiro ou borrego É sábado. Acordou com vontade de comer uma coisinha especial para o almoço? Pensou e chegou à conclusão que um cabritinho caía bem à próxima refeição? Ok. Descanse... "Nada é impossível"... Naturalmente a expressão vai-lhe no íntimo da consciência. Já ouviu falar nisso e, naturalmente, tem dúvidas. Não desista. Dê largas aos seus pensamentos e apetites. Ponha de lado o pacote das impossibilidades. Vamos a isso. O que lhe apetece, afinal? Cabrito? Cabrito... pois... onde está ele?... Não desista logo à primeira. Vá ao talho e talvez encontre: cabrito, borrego ou o que lhe chamem aqueles que julgam conhecer da coisa. Não ligue. Vá pelos seus instintos. "Querer é poder" já ouviu dizer com certeza. No talho, olhe para a montra das carnes e, lá está, cabrito ou borrego, não se preocupe. Parece-lhe muita quantidade para a refeição com que pensa deleitar-se? Vá com calma e não se precipite. Escolha a metade que es

Pão com Nozes

Nozes, esse fruto maravilhoso da nogueira Neste blogue, há a intenção de transcrever  textos de outros autores, amigas e amigos que, ao longo de vários anos, foram amavelmente enviando e que constam assim dos arquivos NetBila’News. Far-se-á o possível por não repetir conteúdos que, eventualmente, estejam já editados em outros sítios da internet, fazendo por manter deste modo a originalidade da informação inserida nestas páginas.  Sendo assim, iniciamos este propósito com um pequeno artigo sobre nozes - "Pão com Nozes, uma delícia dos deuses" -, de Alzira Cabral. Nozes, esse fruto maravilhoso da nogueira! A foto mostra nozes colhidas ainda há pouco em S. Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, que alguém amavelmente ofereceu. São muito boas, estas nozes! Pão com Nozes, uma delícia dos deuses « - É muito bom, pão com nozes! - Já comeste? - Não, mas vi comer. » É na verdade uma delícia dos deuses este manjar! Nós dois costumávamos comê-las como sobremesa nas

Bacalhau e alho

Bacalhau, alho e colorau Para a consoada, noite festiva pelo nascimento do Menino Jesus há dois mil anos, porque nasceu desprovido de abundância e conforto pode bem a refeição comemorativa desse grande acontecimento distinguir-se pela simplicidade, de acordo com as tradições de cada família. O bacalhau é comum nas mesas e nas refeições dos portugueses em qualquer altura do ano. Sendo uma noite especial como a do Natal, as famílias portuguesas costumam comprar o de melhor qualidade. De facto, não há refeição mais simples: batatas cozidas com bacalhau. Uma boa batata é a primeira preocupação na preparação deste prato tradicional. É essencial para a ligação entre as duas iguarias um azeite de boa qualidade. Este pode, no entanto, apresentar-se com uma "roupagem" diferente, acrescentado do sabor a alho. Assim, numa ou várias tigelas, coloque-se o azeite, alho bem picado e colorau. Misture-se bem. Reguem-se as batatas e o bacalhau. A propósito de batatas, indica-se um v

Batatas com bacalhau

Em água a ferver durante três minutos Poderão considerar que não há nada mais banal do que fazer referência a este prato - batatas com bacalhau -, muito usado nas cozinhas portuguesas e, de uma forma especial, na quadra natalícia. A intenção é apenas transmitir o que de mais importante pode retirar-se da sua cozedura, segundo sugestão de um mestre da cozinha de quem me não lembro o nome. O bacalhau deve escolher-se suficientemente grosso e de boa qualidade como o "asa branca". Depois de demolhado convenientemente, muito simplesmente coloque-se, durante três minutos, em água a ferver, ou seja, apenas depois de se iniciar a fervura da água poderá colocar-se dentro o bacalhau, aí permanecendo apenas três minutos. Retire-se com uma tenaz de cozinha e está pronto a comer-se com batatas e couve cozidas, tudo bem regado por bom azeite. Bacalhau e alho

Gatos ao pequeno-almoço

Gatos ao pequeno-almoço, bem entendido, o pequeno-almoço dos gatos. Depois dos sonhos no conforto da caixa que engendraram, refestelam-se os gatos num pequeno almoço de pão e leite, a condizer com a quentura da noite!

Confraria De Pyjames

De Pyjames: preocupações de natureza histórico-cultural Ainda do prospeto «Encontro "Saber Trás-os-Montes" (Vila Real, 2009) - Gastronomia Trasmontana e Alto-Duriense • Grémio Literário Vila-Realense», copiou-se para este pequeno artigo a imagem e respetiva legenda: «Representação da Confraria De Pyjames num capítulo da Confraria dos Enófilos e Gastrónomos de Trás-os-Montes e Alto Douro (Vila Real, 29 de Junho de 2002)». Do mesmo documento, editado pelo Grémio Literário Vila-Realense, transcreveu-se de igual modo um pequeno excerto do parágrafo que faz referência à Confraria De Pyjames e suas preocupações de natureza histórico-cultural, documentadas em algumas iniciativas: «colocação de lápides em alguns dos restaurantes que foram palco de congressos; colocação em 1997 de duas placas (“polacas”), na “Esquina da Gómes”, como forma de recordar a importância desse estabelecimento surgido em 1952 e da esquina na história da cidade e de cada um dos seus habitantes em part

De Pyjames: registos e memórias

Congresso dos pyjamantes de 1958 ou 1959 A foto, inserta no prospeto «Encontro "Saber Trás-os-Montes" (Vila Real, 2009) - Gastronomia Trasmontana e Alto-Duriense • Grémio Literário Vila-Realense», refere-se, segundo informação do mesmo documento, ao congresso dos pyjamantes de 1958 ou 1959, no Restaurante Excelsior, em Vila Real. Do prospeto foi transcrito para mais esta referência a “De Pyjames” o parágrafo: «Aos jantares que se realizaram, sempre no último sábado de Novembro, na Marisqueira, na Pensão Guedes, no Restaurante Excelsior, no Asilo ”O Amparo de Nossa Senhora das Dores”, na Toca da Raposa, na residência do António da Toca, no Chaxoila, no Imperial, na Pensão Areias, no Restaurante Montanhês, nos Irmãos Unidos e em tantos outros lugares, sucedia-se, como já se disse, o Baile, que nesses tempos tinha lugar ora no Club de Vila Real ora nos claustros do Governo Civil. A ele compareceram, algumas vezes, vestidos com o seu traje de noite e simultaneamente de g

"Casa do Ferrador "

Segunda parte da refeição A refeição não se dá para grandes conversas, tais são os deliciosos sabores das diversas carnes de porco que se vão apresentando. Apenas os olhares se cruzam em tom de boa concordância. Os mais velhos aconselham os mais novos e fazem notar que o cozido propriamente dito ainda há-de chegar e, por isso, não abusem das entradas. Entretanto, eis que chega mais uma travessa, desta vez fígado fatiado que é uma delícia. Sem ser necessário pedir, o pão e o vinho estão constantemente a chegar. Pudera... com tão maravilhoso manjar...! Bem, alguns parecem estar já satisfeitos, esperando só por curiosidade o dito..., e vem, mas antes uma linguiça estalada na brasa acontece. E lá vai mais um copo. Uma boa travessa de ótimas carnes de porco a fumegarem, bem cozidas como convém e batatas de pouca rega, farinhudas, aparece por encanto no meio da mesa: orelheira, beiça, unha (pé de porco), salpicão, linguiça, chouriça normal e chouriça de sangue, carne de vitela e galin

Restaurante "Casa do Ferrador "

Casa do Ferrador, em Alturas do Barroso - Boticas Sobe-se até à altitude de 1100 metros, em Alturas do Barroso, aldeia do concelho de Boticas, em Trás-os-Montes, precisamente a sul da barragem dos Pisões. No centro da povoação, próximo da praça principal onde se situa a igreja, ali se encontra o restaurante que, segundo se diz, serve o melhor cozido do mundo, neste caso o celebérrimo cozido à barrosã. De facto, a refeição deixa qualquer um ou qualquer uma que se intitule como "bom garfo" abismado(a). O sr. Humberto e o seu pai receberam, certamente ainda recebem calorosamente os comensais, dando explicações sobre a casa que pertenceu ao ferrador daquelas paragens e o único prato servido no inverno, até ao mês de abril - o cozido à barrosã. A mãe do sr. Humberto atarefa-se na cozinha, no rés-do-chão, subindo por diversas vezes as escadas para o primeiro andar - sala principal da casa - tomando conta da lareira e dos três potes onde são cozinhados as carnes, as batatas e

Arroz de couve e costela de vinha d'alhos

Arroz de couve, chouriça de sangue e costela de vinha d'alhos Em dezembro, janeiro e, às vezes em fevereiro é altura da matança do porco, aqui para as terras transmontanas e alto-durienses. A região de Trás-os-Montes e Alto Douro não é assim tão pequena e, por isso, os usos e costumes variam, por vezes muito, de lugar para lugar.  Hoje dou-vos conta de uma das especialidades gastronómicas relacionadas com a carne do porco – o que foi criado com a mais natural das lavagens: batata, couves, fruta, nabos, abóbora, tudo partidinho e cru.  É daqueles pratos fumegantes e de cheiro intenso, apropriado para um dia de inverno, à lareira: arroz de couve, chouriça de sangue e costela de vinha d'alhos. O arroz pode ser carolino e a couve troncha. A uma cebola em azeite medianamente estrugida, juntem-se os "olhinhos" (partes interiores, mais tenrinhas) de couve troncha bem lavada em água corrente. Adicione-se uma areia de sal, a gosto, tape-se o tacho e deixe-se cozinha

Ossos da suã e açorda, em S. Lourenço

Ossos da suã cozinhados de diversas maneiras Quando alguém em Trás-os-Montes fala em ossos da suã refere-se naturalmente aos ossos da espinha dorsal do porco. Contudo, sem duvidar da explicação encontrada no dicionário, confirmou-se junto de quem sabe, prestando amavelmente todos os esclarecimentos a envolverem esta parte do porco e que, a partir desta altura do ano, é procurada por particulares e por alguns restaurantes, preocupados em servir pratos tradicionais. Servem-se os ossos da suã de variadas maneiras, aqui nas terras transmontanas. Em algumas delas, apenas os ossos sobressaem, sendo a carne escassa e daí o provérbio: "Ossos da suã, barba untada, barriga vã". Há lugares em que a carne do lombo, a melhor do animal, não é separada dos referidos ossos e é assim que depois de cozidos vão para a mesa. São destes que se comem em S. Lourenço de Ribapinhão, no concelho de Sabrosa. No dia seguinte à desfeita do porco, com todas as carnes já devidamente salgadas, os

Espelho d'Água

Espelho d'Água, na praça da Nossa Senhora da Conceição, em Vila Real.

Pyjamantes: registos e memórias

“De Pyjames” Conforme os registos e memórias de alguns pyjamantes, o primeiro jantar da confraria De Pyjames, referido já em artigo anterior, terá ocorrido em 1956, na Marisqueira, onde muito se terão divertido os precursores do grupo dos pijamas, acompanhados de um bom cozido à portuguesa ou talvez cabrito assado ou vitela assada com arroz de forno e vinho da região, preparando-se desse modo para uma entrada fulgurante no Baile de Gala instituído pela Academia Vila-Realense.  Na primeira metade da década de 1960, num dos jantares e no meio de tantas risadas, brincadeiras e pijamas terá surgido a expressão “De Pyjames”, relacionada com outra “De Colores” muito usada nesse tempo, e ainda hoje, pelo Movimento dos Cursos de Cristandade, movimento católico que surgiu em Palma de Maiorca, no final da guerra civil de Espanha, em 1939, chegando a Fátima em 1960 e a Vila Real pouco tempo depois, com grande adesão. Assim, imitando o dístico “De Colores”, um ou outro pyjamante usava no pr

De Pyjames

Primeiro jantar É no contexto das limitações impostas pelo reitor do Liceu Nacional Camilo Castelo Branco, Dr. Martinho Vaz Pires, às iniciativas que a Academia Vila-Realense levava a efeito no 1º de Dezembro, privilegiando, em detrimento destas, o programa realizado pela Mocidade Portuguesa, que um grupo de ex-alunos (a que se juntam alguns que frequentavam ainda o mesmo estabelecimento de ensino e outros que a ele eram totalmente estranhos) decide organizar um jantar no último sábado do mês de Novembro, dia em que a Academia estava autorizada a realizar o seu Baile de Gala, que incluía uma ceia a que não reconheciam qualquer qualidade. Se é verdade que para alguns as medidas adotadas pelo reitor foram consideradas discricionárias e meramente políticas (e oportunamente retratadas no Regadinho – um cortejo que passava em revista a vida do Liceu e da cidade, bem na linha da irreverência do meio académico local), o que os uniu a todos nesta iniciativa foi o desejo de fazer uma ref

Confraria dos Pyjamantes de Vila Real

O jantar dos pijamas Em artigo anterior sobre a casa de pasto "Chaxoila", referiu-se o facto de ter sido adotado este restaurante como um dos preferidos para as tertúlias anuais da confraria dos Pyjamantes de Vila Real, que aconteciam nesta cidade transmontana, desde o ano de 1956, segundo apontam as memórias. Disso é prova a placa alusiva que se encontra à entrada daquele restaurante, como é mostrado na fotografia, assinalando a data da tertúlia do ano de 1992, realizada em 28 de novembro, no seu trigésimo sexto aniversário, onde consta a quadra: "Prós Pyjamantes, o tempo gira em tal sarabamda, que – quantos anos já temos? Ninguém sabe a quantas anda......" A palavra sarabanda aparece escrita com "m", naturalmente por erro do artista que gravou as palavras na pedra, ou talvez assim estivesse escrito nas mentes pyjâmicas.  Os elementos que faziam parte da confraria dos Pyjamantes reuniam-se todos os anos, uma semana antes do primeiro de deze

Grupo do X-Nove II

Valores éticos da organização Com a coragem firme e atitude determinada que caracterizam certo membro desse grupo, mas por forma a não ferir suscetibilidades a determinado visado, célebre e afoito, esse dito membro, pelos vistos um dos elementos organizadores do evento, viu-se forçado através de cuidado e eloquente discurso, com frontalidade, a chamar a atenção de toda a assembleia, para os perigos de ideólogos hostis  de subúrbio, que alimentam o vício de tentarem adulterar o que são os verdadeiros valores éticos da organização. Eliminada a pedra no sapato relativa à situação embaraçosa a que fora exposta a lei orgânica estatutária e organizativa, o famoso em questão, depois de algumas expressões de argumentos de oposição, mas sem tese de fundamentação, viu-se obrigado à submissão das suas teorias, de modo que, em ar de quem boceja involuntariamente numa inspiração assaz profunda e ridícula, acabou inesperadamente numa atitude de sujeição à evidência, com muitos perdigotos aind

Restaurante "Chaxoila"

Restaurante Chaxoila, em Vila Real O Chaxoila é um restaurante de tradição da cidade de Vila Real, em Trás-os-Montes. Situa-se do lado direito, na estrada nacional que nos leva a Vila Pouca, Pedras Salgadas e Chaves, logo à saída da cidade. Desde muito cedo, este restaurante foi adotado pela confraria dos Pyjamantes de Vila Real como um dos seus preferidos para as tertúlias anuais: uma semana antes do primeiro de dezembro reuniam-se os tertulianos vestidos com a parte superior dos pijamas, comendo, bebendo e “batizando” os novos com rituais divertidos. Marcada a mesa com antecipação, encaminhados fomos para zona de fumadores que hoje não deveria existir em áreas cobertas e, evidentemente, contrárias ao nosso agrado. Não fora o cheiro a tabaco, por sorte já em cima da sobremesa e, por isso, não sobreposto ao saboroso assado de cabrito antecedido de uma boa tripa aos molhos bem condimentada, de tradição verdadeira e vila-realense, o almoço colocar-se-ia numa classificação de nível

Parque do Corgo em Vila Real

Parque do Corgo em Vila Real, Portugal, 24 de fevereiro de 2017

O Codesso

A caminho da comezaina, encontrámos o Codesso Pelo emaranhado de vias estreitas do planalto serrano, entre a Carvalhada, no lugar da Delgada, em S. Lourenço, localidade e freguesia antiga do concelho de Sabrosa e as Fragas de Panóias, inspirados nas almas antigas e seres errantes dessas paragens, sem querer, fomos ao encontro do codesso. Num facílimo exercício de escuta e concentração, conseguimos ouvir os guinchos e, pelas aragens, sentir os odores das vísceras queimadas utilizadas nos rituais aos deuses severos. É verdade! E o codesso ali ao pé do caminho! Talvez degenerado, impõe-se, no entanto, não pela ramagem abundante que não possui, mas pela astúcia que consegue adivinhar-se quando se vê implantado junto dos calhaus graníticos que pastam nesta região. Em tom vigoroso de quem bem conhece as vidas destes tojos, alguém profere: – Codesso-bastardo!... Deixámo-lo sossegado na sua agrura e fomos andando. Antes da visita à Igreja Paroquial de Vale de Nogueiras, no Assento

Grupo do X-Nove

Manietação e excitada polémica Ao vigésimo primeiro dia do mês das maias, ano dezanove do terceiro milénio, reuniram-se os já afamados elementos do grupo do X-Nove, reconhecidos pelas suas aptidões e saberes e capacidades de mediação nos mais variados e importantes domínios de interferência. Verificou-se desta vez excitada polémica, devido a dissemelhantes opiniões a respeito do local a escolher para a realização de mais um importante plenário, polémica essa alimentada e injustamente exagerada, nomeadamente pelos órgãos de comunicação social de diferentes correntes políticas e revistas “cor de rosa”. Foi facto constatado por diversos líderes de opinião independentes, forte pressão psicológica sobre os organizadores do evento, na tentativa de manietação, segundo interesses sectários e deficitários pouco fidedignos aos verdadeiros proveitos do que pretende ser um grupo interventivo, com rigorosas normas de orientação para uma sociedade mais justa e equilibrada, conforme à justiç

Restaurante "O Gonçalo"

Restaurante "O Gonçalo", em Vilar de Maçada O restaurante "O Gonçalo", em Vilar de Maçada, encontra-se à saída daquela localidade, a caminho de Sanfins, Favaios e Alijó – vila sede de concelho –, na região do Alto Douro. No restaurante vive-se um ambiente agradável em que a família que o mantém amavelmente serve os seus clientes, de um modo aberto, franco. Pensamos ser aconselhável a marcação de mesa (259 919 280) para um almoço ou jantar. Contudo, ninguém ficará certamente sem comer mesmo que apareça de surpresa. O sr. Maximino, a sua esposa e filho Élio, no nosso caso porque muito bem recomendados, privilegiaram-nos com a sua presença à mesa servindo-nos uma boa panela de barro com arroz de galo de cabidela, chegado ainda a borbulhar da fervura e um tinto reserva da Quinta da Ranginha, propriedade da mesma família. Antes ainda, umas lascas de bom presunto amaciadas por rosé meio fresco. Após a sobremesa e café, não faltou uma visita à adega e espaço circu

Restaurante LBV 79

Restaurante Bar LBV 79, no Pinhão Não, não estamos em qualquer luxuoso cruzeiro descendo o rio Douro. À primeira vista a fotografia parece demonstrar isso mesmo, mas de facto não. Trata-se da esplanada terraço do Restaurante Bar LBV 79, no Pinhão – coração do Douro –, localidade ladeada pelo rio Douro e foz do rio Pinhão. No rés-do-chão deste restaurante, o bar com lugares também ao ar livre. No primeiro andar, um espaço reservado ao restaurante com um belo terraço sobre o rio Douro, ali ao pé – uma maravilhosa varanda para observar a paisagem num almoço descontraído. Depois da refeição, a esplendorosa marginal sugere um passeio descontraído. 

Tecelagem artesanal

Fios de lã de ovelha e de linho Pelo que se ouve contar em diversas regiões, nomeadamente em Trás-os-Montes e principalmente pelas pessoas com mais idade, muitas famílias e casas abonadas possuíam teares que iam passando de geração em geração, servindo para fabricar os próprios tecidos. Tapetes, mantas e carpetes eram normalmente efetuadas por senhoras artesãs que se dedicavam à tarefa de tecer, com fio de lã de ovelha. No concelho de Vila Real, desde há muitos anos, tornou-se famosa a tecedura em linho, sendo na aldeia de Agarez, mas também em Mondrões e Couto de Adoufe, que ricas peças eram confecionadas, como por exemplo lençóis, colchas e toalhas de mesa, autênticas obras de arte muito apreciadas.  Agarez é uma aldeia pertencente à freguesia de Vila Marim, concelho de Vila Real, englobando também as aldeias de Arnal, Galegos da Serra, Quintela e Ramadas. Antes da concretização da obra – a peça tecida –, no caso específico do linho, este, desde o trabalho que envolvia o s

Trilho de S. Martinho de Anta

Pelos caminhos de Miguel Torga S. Martinho de Anta é sede da União de Freguesias de São Martinho de Anta e Paradela de Guiães, pertencente ao concelho de Sabrosa, distrito de Vila Real. S. Martinho de Anta é hoje uma vila notabilizada pelo facto de aí ter nascido e vivido o grande escritor português Miguel Torga. A sua terra natal, as serras envolventes e também o Douro foram certamente motivos de inspiração à obra do escritor. Estudiosos dos seus livros em prosa e em verso, muitos outros escritores e especialistas literários, professores e alunos, assim como inúmeros curiosos têm-se deslocado dos mais diversos pontos a esta linda vila transmontano-duriense para ouvir falar de Miguel Torga e conhecer os caminhos que calcorreou pelas paisagens do vale do rio Douro e territórios serranos bravios. Os são-martinhenses, autoridades locais e concelhias souberam sempre enaltecer a grande figura da Literatura Portuguesa e preservam orgulhosamente a sua memória. São disso exemplos a recons

Geleia

Como fazer um pouco de geleia Poderemos definir "geleia" como um extrato líquido espesso de frutas, no caso aqui referido – de marmelo, fruto do marmeleiro. Vamos à geleia: Depois de cozida uma boa porção de marmelos e utilizada a sua polpa para confecionar marmelada, façamos, com os caroços, um pouquinho de geleia. Em primeiro lugar e apesar de serem um pouco duros, os caroços devem cortar-se ao meio. Numa panela, juntem-se aos caroços mais ou menos o triplo de água em relação ao volume daqueles. Durante uma hora deixe-se cozer esta mistura. A seguir, através de um escorredor, verta-se para outra panela o líquido ainda quente. No escorredor deixem-se os caroços durante algum tempo para que deles se extraia a maior parte do seu suco. Finalizado este processo, todo o líquido, no caso concreto – meio litro – a que se mistura duzentos e cinquenta gramas de açúcar, vai a lume brando durante uma hora. Quando começa a ferver, mexe-se lentamente com uma colher de pau, e

“A Adega”

Restaurante “A Adega”, em Mirandela Segundo as notícias, juntar-se-á a este outono, em Trás-os-Montes e Alto Douro, nos próximos dias, uma massa de ar muito fria. Contudo, recordam-se aqui hoje as temperaturas elevadas de verão que fazem sentir-se na região do interior norte de Portugal, especialmente na Terra Quente em que o calor, como costuma dizer-se, é de rachar. Esta referência à meteorologia e a esse calor vem a propósito de visita ao restaurante “A Adega”, em Mirandela, precisamente num desses dias tórridos.  O interior do restaurante, sala de refeições relativamente pequena, o ambiente, de frescura e limpeza, incólume aos ares domingueiros de respeitáveis ociosos na procura incessante de novidades e experiências capazes para boa vociferação à volta de outras mesas, é, tão só, o resultado da simplicidade, do brio e vontade de bem servir, de modo contrário à intrusão, apenas o suficiente para que todos se sintam bem entre uma tábua de queijo e presunto, naturais, puros, v

Marmelada

Marmelada com marmelo por descascar É muito simples este modo de fabricar a marmelada. Neste caso, a casca dos marmelos entra na sua confeção juntamente com a polpa. Apesar da fruta dever consumir-se crua assim como a sua casca, dependendo evidentemente da espécie frutícola (o marmelo é um fruto com grande acidez, não apropriado para comer cru); porque não fabricar a nossa marmelada com o marmelo completo, excetuando o caroço? É na casca que estão contidos muitos dos nutrientes mais importantes como vitaminas e minerais. Assim, lavemos muito bem uma razoável quantidade de marmelos. Geralmente, em Trás-os-Montes e Alto Douro, os marmeleiros não são sujeitos a qualquer tipo de tratamento químico, podendo perfeitamente usar-se a parte exterior do fruto para consumo. De qualquer modo, uma boa lavagem em água corrente é imprescindível. Sem descascar, parta-se cada marmelo aos pedaços. Pese-se a quantidade de marmelo obtida. Deitem-se todos os pedaços numa panela grande e acresc

Presunto

Perna de porco salgada Da perna de porco salgada, temperada com azeite e colorau e, posteriormente fumada, resulta o presunto. O sal utilizado deve ser grosso, devendo ter-se o cuidado para que a salga seja efetuada ao pormenor em toda a superfície. A perna de porco assim deve permanecer em salgadeira, em local frio, durante longos dias. Depois de retirar o presunto da salgadeira, azeite quanto baste e colorau, misturados, devem passar-se sobre a carne, podendo repetir-se o processo. O frio desempenha um papel importantíssimo, sendo decisivo na qualidade do presunto que não corre, deste modo, grande risco de deterioração. Contudo, a partir de agora, o presunto, suficientemente afastado da lareira, precisa de fumo e algum ar quente. Coloca-se pendurado sobre uma lareira, de modo que as fogueiras, sem demasiada incandescência, libertem sobretudo fumo. O presunto permanecerá sobre a lareira permanentemente acesa até ao fim do inverno que é longo, em Trás-os-Montes. Depois

Restaurante “leitão, bacalhau e vitela”

Um prato de fome, claro que não! Leitão, bacalhau e vitela, de boca! Sendo bacalhau de premeio, alguma coisa estaria para acontecer. Não, afinal, não! Apenas uma impressãozinha ou nada que fizesse esplendor. Continuámos na expectativa ou esperança de uma coisa normal. Um prato de fome, claro que não, mas era bom despertar um sentido apenas, já não digo de tantos assados que se designam assim como parecendo estufados e mesmo estes mal disfarçados, decerto. Lá vem o deslumbramento e meia dúzia de acabrunhados! Afinal a coisa é bem mais rica do que o previsto. Gordura não falta, empoleirada em gelatina, cremosa e outras bonitas palavras, sem mais, moldura às tiras queimada, dir-se-ia enfarruscada não fosse o torresmo de sabor. Tantos anos de panela, melhor coisa seria de esperar. – Por favor, queria pagar. – Pagar é no balcão – isto sempre a andar. De tachos, batatas e estrugidos, nas mesmas mãos outros códigos agora são de considerar.

Restaurante Típico, em Sabrosa

Boa carne grelhada Hora feliz em que o António e o Raul, elementos de um grupo de conterrâneos de S. Lourenço, decidiram reservar mesa em restaurante de Sabrosa, conhecido como Restaurante Típico, conforme rezam os cartões distribuídos e placar da entrada da casa de pasto. O almoço realizado anualmente para cinco pessoas teve este ano uma ementa especial, pois o repasto servido, apesar de simples, foi condizente com as conversas e os assuntos ali abordados, num ambiente descontraído e familiar. A morrinhice do exterior também ajudou à mesa, de onde podia observar-se através de larga janela o silenciar de um sábado de outono em que os trabalhos agrícolas da época são expressos de uma movimentação pouco pronunciada. Apenas um automóvel ou outro quebrava essa monotonia de que mal se dava conta, enquanto os cinco se deliciavam com dois nacos de carne de vitela, boa carne essa bem servida pela simpatia do empregado, nada em demasia, só o essencial para que os convivas do momento mu

Vale das Gatas: o gasómetro

O gasómetro dos mineiros Em artigo anterior “ Vale das Gatas: o dinheiro do volfrâmio ”, esse lugar pertencente à freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão, concelho de Sabrosa, onde no tempo da segunda guerra mundial o volfrâmio era explorado, sobretudo com a penosidade do trabalho de gentes deveras necessitadas como os mineiros, mencionou-se um dos instrumentos por eles usados na laboração no interior das minas: o gasómetro. Este, servindo de luzeiro na escuridão das galerias do subsolo, era também absolutamente necessário para sinalizar ambientes escassos de oxigénio. Se a chama do gasómetro se apagasse, sem que para isso contribuísse qualquer corrente de ar inesperada, o alarme seria dado ao grupo de mineiros que ali operavam, para se retirarem imediatamente por causa do perigo de um ambiente sem ar respirável. A foto mostra um desses gasómetros de então, velhinho, desgastadas pelo tempo as suas cores.  No dia 9 de novembro de 2019, meio da tarde, numa breve visita a Provesen

Pão e Sabores Regionais

Sabores Regionais - loja gourmet , em Vila Real O pão que se vende no "Sabores Regionais" Além de um sem número de produtos gourmet , é interessante a variedade de pão tradicional e de sabores rústicos que os vilarealenses podem encontrar na cidade de Vila Real, em Trás-os-Montes. A casa "Sabores Regionais" – produtos regionais de tradição – é um bom exemplo, digno de referência. Situa-se na rua Dr. Domingos Campos, edifício Leblon, 8, em Vila Real  e disponibiliza aos seus clientes todos os dias, exceto aos domingos, diferentes tipos de pão: Segunda-feira: pão de Vila Chã e de Mirandela; Terça-feira: pão de Bragança e de Vinhais; Quarta-feira: pão de Vila Chã, de Carrazedo de Montenegro e de Izeda; Quinta-feira: pão de Mirandela e de Bujões; Sexta-feira: pão de Bragança, do Pópulo e de Vinhais; Sábado: pão do Pópulo, de Covas do Douro e de Izeda. Produtos regionais de qualidade A família Quintelas, Rui e Beatriz, realizou o sonho de ver crescer, de

O pão conforme a tradição

Grandes broas de pão O lançamento da semente à terra e a colheita, o processo de transformação em farinha e a confeção do pão, tudo é efetuado conforme a tradição e os costumes que os transmontanos insistem em preservar. Em Trás-os-Montes, uma das maiores tradições gastronómicas diz respeito ao pão de centeio e pão de milho, não descurando, no entanto, o de trigo e de mistura. Seja qual for o pão, é, certamente, de grande qualidade pela sua rusticidade, textura, consistência e paladar, características únicas no pão que é fabricado principalmente na parte norte, centro e leste da região transmontana. Por exemplo o concelho de Montalegre oferece-nos grandes broas de pão, assim como Freixo de Espada à Cinta. Mirandela, com broas mais pequenas, fabrica de igual modo um pão de boa qualidade, como é exemplo o mostrado na foto. O pão de Mirandela é vendido não só naquela cidade do distrito de Bragança, nas margens do rio Tua, mas também levado a outras localidades transmontanas. Vila R

Bolos “económicos” da padaria Miguel

Bolos “económicos” ou de azeite Voltamos ao Carvalhal, no concelho de Moncorvo. Desta vez para degustar os tão apreciados “bolos económicos” de Trás-os-Montes. Como em todos os doces, há sempre modos diversos de os confecionar. Neste caso, bem gostaria de deixar aqui a receita da casa, mas esta não é do meu conhecimento. Há-de ter certamente um “segredo" qualquer. Como pode observar-se, o aspeto deste precioso bolinho “económico” convida à degustação. De económico tem pouco e é certamente muito rico e gostoso. Basta passar pela padaria Miguel, no lugar do Carvalhal, em Moncorvo e lá estão à venda todos os dias. Convém passar cedo, pela manhã. De contrário, talvez só ao outro dia. Os transmontanos do Nordeste gostam de acompanhar este bolo "económico" com queijo puro de ovelha da região que, diga-se, um dos melhores de Portugal, pelo precioso leite de que é constituído, sem misturas despropositadas, oriundo de ótimas pastagens do planalto transmontano.  A rec

Pão de quatro quilos

Para quem aprecia o pão rústico Referimo-nos em artigo anterior na rubrica gastronomia ao pão da padaria Miguel , no Carvalhal, concelho de Torre de Moncorvo. Um pão gostosíssimo! Não podemos, contudo, deixar de mencionar outro pão, também fabricado na mesma zona – em Carviçais, sede de freguesia do concelho de Moncorvo. É verdade! Se há pão rústico, este é um bom exemplo. Quatro quilos de pão: dos melhores pães do mundo, atrevo-me a dizê-lo, antes de mais pela imponência do naco, bem cozido. Experimente cortá-lo ao meio e verificará que não o faz à primeira. É um pão de miolo consistente e a sua côdea atinge um grau de dureza apreciável. Mas o mais importante é a rusticidade do seu cheiro e a qualidade do sabor. Conserva-se perfeitamente durante uma semana sem que para isso deva congelar-se. É um pão verdadeiro, sem misturas ou “melhorantes” como os que hoje em dia se acrescentam nas padarias despreocupadas com a qualidade do produto.  Que padaria é esta?  Não existe, ou

Pão: um dos melhores

Padaria Miguel, no Carvalhal, Torre de Moncorvo Como se sabe, a farinha é o ingrediente principal, resultante de cereais, para fabricar o pão. Juntando à farinha água e sal, obtém-se uma massa de certa consistência e elasticidade, podendo facilmente moldar-se. A esta massa acrescenta-se o fermento ou levedura para a fazer crescer. Certamente que muito bom pão haverá por esse país fora. Não é fácil, como se compreenderá, para quem não é especialista e se limita simplesmente a apreciar um bom pão, avaliar a qualidade das farinhas de milho, trigo ou centeio e das inúmeras formas de confecionar o pão, alimento nobre e precioso, indispensável para uma alimentação equilibrada do ser humano. Aquela massa, dividida em pequenas ou grandes quantidades, depois de cozidas num forno, dão como resultado o pão, como o da imagem, de quilo e meio, comprado na padaria Miguel, no Carvalhal, Torre de Moncorvo. De há uns largos anos a esta parte, verificamos que, tal como a simpatia da senhora a a

Comentadores e presidentes

Agora, não! Ligue-se um dos canais televisivos portugueses. Encontrar-se-á, por aí, certamente, um respeitável comentador; daqueles ilustríssimos que pulularam ou pululam pelos altos cargos partidários e políticos ou conceituadas empresas a suportarem anos a fio o bom andamento da economia e das justiças portuguesas. Argumentos válidos, sim senhor, razões de sobra, pois claro, e um sem número de palavras bonitas esvaziadas de conteúdo, sustentadas por rasgados sorrisos e gestos cuidados para uma eficaz comunicação. "Agora, não", "só depois do outono", pois antes ocorrerão ainda outros fenómenos da natureza, mas que não vêm agora a propósito – dizem por estas ou por outras palavras os comentadores conceituados da praça portuguesa, lisboeta, melhor dito, figuras respeitáveis a ocuparem no momento lugares, também eles de muito respeito, assentes em patamares de impulsão para eventuais candidaturas – se não for para uma presidência há-de ser para outra coisa qual

Vale das Gatas: o dinheiro do volfrâmio

O trabalho penoso dos mineiros Gastou-se muito dinheiro, nesse tempo. Algum muito mal gasto porque brotava da terra aos quilos, transformando-se em notas. Da estrada, na altura não alcatroada, feita apenas de terra batida e pedras, a ligar S. Lourenço a Souto Maior, facilmente se retirava uma "negra" com a chave de casa, talvez com um peso de cem a duzentos gramas, dando para qualquer moçoila comprar um vestido novo. Todas essas pedras com um alto grau de pureza em negrume eram "passadas" de um modo ou de outro na candonga, pois essa era uma atividade próspera. O dinheiro era tanto que, muitas vezes, em atitudes de puro exibicionismo se fumava o tabaco enrolado em mortalhas especiais: as notas de banco. Os rapazelhos jogavam à bola com notas amarrotadas e o caldo, fosse de couve troncha com feijões ou de cebola, tinha de ser acompanhado não com pão de milho, mas com pão-de-ló. Ditos que se ouviam e ainda ouvem, de igual modo em outras localidades onde antigamen

O volfrâmio no Vale das Gatas

Pequenas pedras ricas de volfrâmio No documento de resposta a um inquérito com data de março de 1758, o pároco da freguesia de São Lourenço de Ribapinhão  –  Padre Seraphim Alvares  – , quando mencionou os lugares pertencentes à freguesia, não se referiu ao lugar de "Vale das Gatas", apenas aos lugares de: "Sam Lourenço", "Saudel", "Delgada", "Arcam", "Villar de Sellas" e "Paredes do Pinhão". Por isso, só muito mais tarde, a designação terá surgido, não se sabendo ao certo a origem deste nome para aquele lugar: "Vale das Gatas". Talvez por ali circulassem muitas gatas e naturalmente gatos. De modo que esta designação causa alguma estranheza pois a expressão sugere simplesmente o animal felino, sendo certo que esta palavra  –  felino  –  além de gato ou a ele relativo significa também "traiçoeiro", "fingido", "cruel", "pérfido". Sendo assim, facilmente poderá cont

As rogas nas vindimas do Douro

Da montanha ao Douro: a alegria das rogas  As vindimas na região do Alto Douro são sempre motivo de festa e alegria. Após um ano de árduos trabalhos pelos íngremes socalcos, e num clima de frio intenso de inverno e calor estival, chegados a setembro, com a colheita das uvas, fruto de um ano de muitas preocupações por causa das contingências da meteorologia e de males diversos que sempre espreitam as videiras, a festa é grande e prolongada. Nas vindimas, todos os dias são recomeços para uma etapa de trabalho e ao mesmo tempo de divertimento. É diferente de todos os outros, este trabalho de cortar as uvas, em grupo, de as transportar e, à noite, as músicas populares a animarem os lagares que ainda existem nas quintas e nas casas de algumas famílias para fabricar aquele vinho especial e tradicional, pisadas as uvas com pés e pernas. Nos dias de hoje, com as facilidades de transporte, os trabalhadores deslocam-se rapidamente em carros e camionetas, desde as suas aldeias à região d