Não gosto do pai natal... por João de Deus Rodrigues Não gosto do pai natal... (um quase poema) Não gosto do pai natal. Ponto final. Mas não gosto do pai natal, Por ele ser um cavalheiro barrigudo, De barbas brancas, com um saco encarnado ao ombro, Onde finge que leva brinquedos para dar às crianças. Com aquele seu ar bonacheirão, E o seu hou!…, hou!…, hou!… Quando vem no trenó, puxado por renas mansas, A escorregar na neve até parar em frente De um supermercado, apinhado de gente, Com uma campainha na mão, A acenar para crianças inocentes, Com um olho nos pais, babados e contentes, Convidando-os a entrar para comprarem uma pistola Ao rebento, com ar de mariola, ou um carro de combate, Que trepa pelas paredes, aos tiros, e não há quem o mate… Não. Não é por isso que eu não gosto do pai natal. É sim, por que vejo nele o produto acabado De uma sociedade consumista, tal e qual. Uma sociedade que foi capaz de fazer esquecer o Presépio, E o