Pequenas pedras ricas de volfrâmio
No documento de resposta a um inquérito com data de março de 1758, o pároco da freguesia de São Lourenço de Ribapinhão – Padre Seraphim Alvares –, quando mencionou os lugares pertencentes à freguesia, não se referiu ao lugar de "Vale das Gatas", apenas aos lugares de: "Sam Lourenço", "Saudel", "Delgada", "Arcam", "Villar de Sellas" e "Paredes do Pinhão". Por isso, só muito mais tarde, a designação terá surgido, não se sabendo ao certo a origem deste nome para aquele lugar: "Vale das Gatas". Talvez por ali circulassem muitas gatas e naturalmente gatos. De modo que esta designação causa alguma estranheza pois a expressão sugere simplesmente o animal felino, sendo certo que esta palavra – felino – além de gato ou a ele relativo significa também "traiçoeiro", "fingido", "cruel", "pérfido". Sendo assim, facilmente poderá continuar a especular-se sobre a designação daquele lugar: "Vale dos Traiçoeiros", "Vale dos Fingidos"? Não, certamente que não. Aliás é bem bonito o nome "Vale das Gatas" e, seja como for, é assim que a povoação das minas é conhecida.
Não só do subsolo daquele lugar da freguesia de S. Lourenço se extraía o minério, como popularmente se dizia quando se explorava o volfrâmio, mas também da superfície onde, ainda hoje, continuam evidentes vestígios, autênticos buracos, uns maiores que outros, assim deixados muitas vezes pelos donos das terras que, apesar da condição de proprietários, estavam proibidos de explorar o minério, tanto no solo como no subsolo. Este trabalho, quantas vezes levado a cabo pela calada da noite, era assaz perigoso, pois, a defender os interesses da companhia mineira, oficialmente constituída segundo a lei e que possuía a concessão de uma vasta área de território, existiam os guardas que, escondidos nos arbustos, detinham quem ousasse transgredir a "lei".
Não só do subsolo daquele lugar da freguesia de S. Lourenço se extraía o minério, como popularmente se dizia quando se explorava o volfrâmio, mas também da superfície onde, ainda hoje, continuam evidentes vestígios, autênticos buracos, uns maiores que outros, assim deixados muitas vezes pelos donos das terras que, apesar da condição de proprietários, estavam proibidos de explorar o minério, tanto no solo como no subsolo. Este trabalho, quantas vezes levado a cabo pela calada da noite, era assaz perigoso, pois, a defender os interesses da companhia mineira, oficialmente constituída segundo a lei e que possuía a concessão de uma vasta área de território, existiam os guardas que, escondidos nos arbustos, detinham quem ousasse transgredir a "lei".
Evidentemente que os donos de pequenos terrenos e matas, e outros não sendo donos de nada teriam feito, com êxito, muitas incursões às matas da freguesia, levando consigo apenas alguns sacos de serapilheira para o transporte das pedras negras de volfrâmio. Mas na simples passagem por um qualquer caminho poderia vislumbrar-se, mesmo à superfície, uma ou mais pedras do precioso minério e, aí, a improvisação era regra. Conta-se que à falta de melhor para guardar uns quilogramas de volfrâmio, as ceroulas eram despidas, servindo de sacos, atando-se na parte inferior.
A imagem fotográfica acima mostra duas pequenas pedras ricas de volfrâmio, recolhidas algures no Vale das Gatas ou em qualquer sítio da freguesia de S. Lourenço, na década de 1950.
A imagem fotográfica acima mostra duas pequenas pedras ricas de volfrâmio, recolhidas algures no Vale das Gatas ou em qualquer sítio da freguesia de S. Lourenço, na década de 1950.
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