O gasómetro dos mineiros
Em artigo anterior “Vale das Gatas: o dinheiro do volfrâmio”, esse lugar pertencente à freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão, concelho de Sabrosa, onde no tempo da segunda guerra mundial o volfrâmio era explorado, sobretudo com a penosidade do trabalho de gentes deveras necessitadas como os mineiros, mencionou-se um dos instrumentos por eles usados na laboração no interior das minas: o gasómetro. Este, servindo de luzeiro na escuridão das galerias do subsolo, era também absolutamente necessário para sinalizar ambientes escassos de oxigénio. Se a chama do gasómetro se apagasse, sem que para isso contribuísse qualquer corrente de ar inesperada, o alarme seria dado ao grupo de mineiros que ali operavam, para se retirarem imediatamente por causa do perigo de um ambiente sem ar respirável.
A foto mostra um desses gasómetros de então, velhinho, desgastadas pelo tempo as suas cores.
No dia 9 de novembro de 2019, meio da tarde, numa breve visita a Provesende, aldeia vinhateira do Alto Douro, no concelho de Sabrosa, descobrimos aí o “Arado Museu” precisamente no largo principal da aldeia, com vistas para montes e vinhedos dos lados de Gouvães e vila do Pinhão. O “Arado Museu” é um bar onde pode beber-se um saboroso tratado ou moscatel. Contudo, mais que um bar rústico é sobretudo um espaço de história transmitida através dos muitíssimos e diversificados instrumentos ancestrais de trabalhos do campo e da cozinha. Quase tudo ali existe em bom estado de conservação, desde os mais simples aos mais complexos como é o exemplar de medição de azeite, utilizado em algumas mercearias na venda do precioso líquido oleoso colhido das oliveiras da região.
Depois de apreciarmos pratos e tachos antigos do tempo dos nossos avós, inúmeras chaves de todos os tamanhos e feitios, máscaras, samarras e croças – capotes de palha com que se protegiam nas serras os pastores –; cafeteiras, vasilhas e ferros de engomar; serras, martelos, serrotes e machados; jugos – peças em madeira rija que serviam de união a juntas de bois ou vacas; vassouras, facas, travessas e tigelas; caixas para o sal, sertãs e máquinas a petróleo para fazer a comida; garrafões de palha, torneiras, batoques e cabaças; cestos de vindimo, pipas e almudes, lá fomos encontrar também o tal gasómetro dos mineiros.
O gasómetro, vulgarmente de cor verde e vermelha, era alimentado com carboneto que o nosso pai vendia ao kilo, em pedaços contidos numa vasilha, em lata de cor preta, de forma cilíndrica.
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