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Douro: carrego atribulado

Um carrego atribulado do carreiro Benedito por José Ribeiro Estávamos em meados dos anos cinquenta e seguia o seu caminho normal de Vilar de Maçada para o Pinhão pela estrada de Sabrosa com uma pipa de vinho tratado para uma casa inglesa o carreiro Benedito e os seus dois ajudantes, os três já bem «tratados» também com umas pinguinhas surripiadas à dita pipa.  Era relativamente fácil matar a sede num néctar tão tentador como era uma pipa de quinhentos litros de vinho fino, ali à mão, transportada na solidão de um caminho e na pachorrenta chiadeira de um carro de bois… Com um pequeno escopro e umas pancadinhas laterais aliviava-se um bocadinho um dos aros, uma verruma fina fazia o furinho no espaço entre aduelas por onde uma palhinha seria o biberão para tal deleite! Com um bocadinho de sebo no furo e re-apertado o aro da pipa, ficava tudo como à saída do armazém.  Mas aquele carrego, nessa tarde escaldante de verão pela estrada de Sabrosa,

A história da «Casa da Máquina»

A casa da máquina de meu avô Zeferino por José Ribeiro Ruínas da Casa da Máquina, em Vilar de Maçada A história da «Casa da Máquina», como era conhecida uma destilaria de aguardentes vínicas fundada por meu avô materno Zeferino Alves Rodrigues, começa em Parada do Pinhão, no vizinho concelho de Sabrosa, donde meu avô era natural, sendo seu pai e meu bisavô, Rodrigo Rodrigues Alves, Juiz de Paz e correligionário de António Teixeira de Sousa de Celeirós, casado em Sanfins, último Primeiro Ministro da monarquia com D. Manuel II.  O meu avô, por volta de 1910 mudou-se com a família toda para a vizinha povoação de Vilar de Maçada (a minha mãe e meus tios e tias eram tão crianças que sempre se consideraram vilarmaçadenses, tendo já aqui nascido os dois mais novos, César e Cassilda). Essa curta «emigração» que iria ditar o destino da nossa família deveu-se a uma razão muito pragmática: A freguesia de Parada do Pinhão está fora da Região Demarcada do Al

O casamento trinta anos adiado

O casamento trinta anos adiado por José Ribeiro Capela de Cabeda O casamento trinta anos adiado da Maria da Fonte com o Herculano do Côto Esta Maria da Fonte nada tinha a ver com a heroína do Alto Minho do tempo da Patuleia. Mas foi também a heroína de uma comovente história de amor passada ao longo da segunda metade do século passado. A Maria da Fonte era uma bela mulher de Cabeda. Ainda a conheci muito bem, já mulher madura. Foi sempre uma bonita mulher, elegante, aloirada e de porte senhorial, apesar da dureza da vida de aldeia, no ganha pão do dia a dia. Tanto mais com quatro filhos para criar, filhos do seu amado Herculano Ribeiro, mais conhecido por Herculano «do Côto», nome de um bairro da aldeia, bairro de bons artífices e de exímios caçadores. Tempos desgraçados aqueles! Jornas de cinco mil réis, mal davam para a brôa que daria um bocado de «sustância» ao caldinho da ceia... E o Herculano, a certa altura, mais precisamente no ano da graça de 1947, resolveu botar-se a emigrar

A tasca do Faustino

Ao contrário do vizinho, a tasca do Tinho Apagaram-se já algumas luzes do céu e uma nesga de lua espreita pelo postigo, só, para além da porta da tasca do Faustino, o único restaurante fino da freguesia, conforme ele mesmo faz crer aos seus clientes.  Todas as noites, já hora tardia, permanece o cheiro a alho retardado nas sobras espalhadas junto às cascas por cima da banca e no fundo de duas grandes malgas lubrificadas de azeite. Da lareira restam umas lascas de lenha mal queimada, envoltas por grande quantidade de cinza com pequenas cavidades onde estrategicamente se alojaram inúmeros caroços de azeitonas.  No mesmo espaço da cozinha, configura-se a sala de jantar com uma mesa de madeira tosca, ao centro, acompanhada à distância de meia dúzia de bancos e duas ou três cadeiras mal-amanhadas. Digo duas ou três, pois uma delas, de quando em vez, serve de contraforte à porta de entrada que insiste em permanecer aberta, sendo necessário encerrá-la nas noite

O Minério do Poço Palheiro

O Minério do Poço Palheiro por José Ribeiro José Ribeiro, filho do bem conhecido e saudoso «doutor de Fornos», da quinta de Fornos, Cabeda.  Aquele poço está testinho de minério! Os serões na Quinta de Fornos, como era costume na aldeia, eram sempre passados no escano à volta da lareira. Lido «O Primeiro de Janeiro» com as notícias do país e do mundo, e comido o apresigo e o caldinho da ceia, preparada nos potinhos de ferro com excelência, carinho e singeleza pela nossa mãe, era o nosso pai quem monopolizava a temática do serão. Como exímio divagador que era, tanto poderia vir a lume uma historinha passada na aldeia como a que irei aqui relatar, ou outra qualquer passada na sua roda de amigos de Vila Real, cujos pontos de encontro eram o Café Excelsior e o Clube. Também poderiam vir à baila algumas das suas preocupações com a vida duriense, dada a sua condição de l

Pela Ladeira do Arrebentão III

Pela Ladeira do Arrebentão III por Jorge Lage Linguagem popular A mêo da tarde do dia seguinte regressámos a Valdasmós para virar o feno. E passados mais dois dias voltámos lá para trazer a carrada. Puseram-se ao carro as varas compridas ou grade, com duas estadulhetas à frente e duas atrás, para carregar mais feno que até batia no cachaço dos beis. Até as velhas engarelas deram lugar a umas novas e de estadulhos mais altos. Com o feno já junto em pequenos montes preparados para a forcada e mandar para o carro, o meu Pai e o meu irmão avaliaram, em pormenor e desenharam mentalmente, como deviam sair do lameiro encosta sobessa acima, rumo à Ladeira do Arrebentão. A Ladeira do Arrebentão era o «Cabo das Tormentas» da minha aldeia. Só os lavradores mais destemidos se aventuravam com um carro carregado Arrebentão acima. O feno engoliu engarelas, estadulhos, mesmo os dois estadulhos de volta. Dos bois apenas se viam os pescoços, as molidas e os focinhos. O meu Pai calcou munto bem o feno,

Pela Ladeira do Arrebentão II

Pela Ladeira do Arrebentão II por Jorge Lage Linguagem popular Mas o Castanho não se habituou, nem o lavrador quis passar por aquela desonra. E, poucos dias depois, tinha comprado um boi vivo ao Zeca de Veiga de Lila. Apesar de alto era esguio, o «Lila», assim foi baptizado, diziam que mais parecia um gato por ser delgado. E provocava animadas conversas nos adjuntos do terreiro da aldêa. – Não é semente do Marelo – opinou o Chico Maria. O Eugenho dizia que era um bei bô e com o Castanho ainda se fazia melhor. Apesar do semblante carregado e relado, o Manel lá se foi habituando à nova junta. Aos poucos foi esquecendo o provérbio, «homes de Santa Maria (de Émeres), beis de Valpaços e mulheres de Valtelhas, quem os meter em casa torce as orelhas». Aproximando-se o fim de Maio era preciso segar o feno do lameiro de Vale das Mós, perto da Ponte da Formigosa. Como sempre, era o Ti Manel Maria (dos Eixes) que s

Pela Ladeira do Arrebentão

Pela Ladeira do Arrebentão por Jorge Lage Linguagem popular Este conto foi escrito com inobservância do (des)acordo ortográfico, empregando linguagem popular. É ficcionado, apesar dos nomes das pessoas parecerem reais. Jorge Lage A junta de bois mirandeses pareciam dois castelos. Eram novos, mas quase cerrados e como duas estampas. Bons de mãos e de patas e nunca se negavam ao carro ou à charrua. Foi na «Feira dos Santos da Torre» que foram adquiridos a um lavrador serrano e por preço em conta. O «Marelo» tinha uma pelagem fina quase toda amarelada, puxava à mão-esquerda e tinha um olhar mais vivo e mexido. Sendo eu criança tinha-me azar, sem eu saber porquê. Nunca perdia a ocasião de agitar a galhada na minha direcção e o meu «respeito» e medo eram muitos e constantes. O mais escuro, amarelo-acastanhado, o «Castanho», mais calmo e olhar pachorrento, aceitava-me embora eu mantivesse sempre uma distância de grande respeito. Decorria o mês de Março em que havia as últimas lavouras da dec

Uma história do Sérgio, pastor de Varzigueto

Pela serra do Alvão, o auxílio do Sérgio numa noite de inverno!

Pelos montes do Alvão, o Sérgio e seu filho João

Sérgio e João, pastores de Varzigueto, Mondim de Basto A pastorícia é uma profissão que exige uma dedicação completa, diária, presa aos animais, mas ao mesmo tempo propiciadora de uma certa liberdade, na medida em que o pastor percorre livremente os caminhos da serra, normalmente em belíssimos ambientes da natureza. A propósito, Jorge Lage conta-nos em artigo publicado recentemente neste blogue “ Os pastores ” que uma das condicionantes dos que apascentam os seus animais são os caminhos e as rotas a seguir em função das rotas trilhadas por outros pastores. Ou seja, quando na mesma área existiam vários pastores, como acontecia antigamente nas serras em volta de Mirandela, conta Jorge Lage que, muitas vezes, o gado que saiu à frente e tomou certa direção obrigava o seguinte a rumar noutra direção, mesmo que a intenção fosse a mesma do primeiro. “Gados a andarem próximos uns dos outros não era aconselhado.” No entanto, a vida dos pastores, ou pastoras que as há também, só eles e elas sabe

Os pastores

O pior para um pastor brioso era acancelar as reses cheias de fome Os pastores por Jorge Lage Em finais da década de cinquenta, há cerca se sessenta anos, só na minha aldeia havia uns oito rebanhos de gado, a saber: dos Pinto Azevedo (de Vale Pradinhos – Macedo de Cavaleiros) cujo pastor era o António Mateus, de alcunha «o Sardinha» que tinha uma memória prodigiosa; do casal do Capitão Ilídio Esteves, sendo pastor o Abel Caldeiras, dos homens mais íntegros e sérios que conheci, embora tivesse mau vinho; do Correia de Oliveira onde pastoreava o Miguel Mateus; do meu tio, António José Lage; do meu pai, Eugénio Lage, cujo pastor mais marcante foi «o Canhoto» (Adriano); do Carlos Meireles, cujo pastor mais sonante foi «o Campainha»; o dos Abelhas, por vezes, com o Arlindo mais no trabalho de paquete e o Rôla (João) como pastor; e o do Casal dos Limas. Com tantas cabeças de canhonas para alimentar não havia erva nem arbusto que crescesse muito. Incêndios só nalgumas moutas de silvas. E esta

A história da carga perdida e o desassossego na boda

Baseada em factos verídicos, a história da carga perdida e uma festa de casamento aconteceu na década de 1960, numa aldeia transmontana.  Está esta história contada em texto neste blogue. Relata-se neste vídeo, abreviando algumas partes e retirando mesmo alguns parágrafos. A carga perdida e a festa de casamento (início da história)

A carga perdida e a festa de casamento (VII)

A história da carga perdida e o desassossego na boda (Sétimo episódio) Como foi possível? Assim continuavam nesta expressão, mal refeitos do sucedido e azucrinados perante a evidência da burrica ter perdido a carga. Mulheres, homens, crianças, todos gritavam e questionavam os dois rapazes sobre o que acontecera com o terceiro, sem que fossem dadas respostas claras e convincentes. Há que ir à procura do menino. O que terá sucedido? Após algumas hesitações, lá vão então de novo em direção ao moinho os dois rapazelhos, a burrica, sempre pronta a dar uma mão, e dois adultos mais afoitos. Uma vez mais, o animal toma conta do andamento, parecendo entender a urgência em encontrar o menino que sobre o seu lombo vinha acomodado.  Por ali abaixo, tinham já feito mais de metade do percurso e, para espanto de todos, a burra fica subitamente especada junto a um combro, assentado numa curva apertada e num dos lugares mais íngremes. Na base do combro contrária ao caminho, um denso giestal encobria o

A carga perdida e a festa de casamento (VI)

A história da carga perdida e o desassossego na boda (Sexto episódio) A burrica da tia Alice foi assim incumbida de ajudar os três moçoilos, após a infeliz ideia destes terem esvaziado a botelha do vinho tratado, provocando-lhes tamanho incómodo que julgaram nunca poder acontecer-lhes, de tal modo era docinha a pomada e tão bem escorregava goela abaixo. A burrica, acostumada com a tia Alice a palmilhar o caminho, que dava depois de algumas ramificações para os pontos principais da aldeia, sempre com o máximo de sacos de farinha bem apertados ao lombo, desembaraçava-se por ali acima com firmeza e numa passada que os rapazelhos dificilmente acompanhavam, pois a carga era desta vez muito mais leve. Valendo-se a burrica do fraco peso do rapazinho combalido, meneando as ancas, afocinhava de vez em quando para manter o equilíbrio e dar força às patas dianteiras. Determinada, trepava tão rapidamente aquele chão irregular de pedras soltas que os dois, com passad

A carga perdida e a festa de casamento (V)

A história da carga perdida e o desassossego na boda (Quinto episódio) O desgraçado do rapaz ficou mesmo anestesiado, permanecendo estatelado ao lado da mó, no seu movimento constante sem nada perceber sobre o ocorrido. Melhor sorte tiveram os outros dois que, ao contrário daquele, aliviaram a digestão, libertando-se de ardores, deixando no espaço do moinho uma mistura de cheiros esquisitos e azedias. – Valha-me Deus. O que aconteceu? – disse a tia Alice deveras assustada, lamentando-se do disparate que tinha cometido, deixando os meninos sozinhos com a botelha. Passado um pouco de tempo, resfriou-se a tia Alice Carolina com um pouco de água fresca no rosto, fazendo o mesmo aos dois mais escorreitos e ao coitado, agora já encostado a dois sacos de farinha, mas continuando sem tugir nem mugir.  Refeita da aflição, a tia Alice logo arranjou modo de resolver este imbróglio que se lhe tinha deparado. Disse então que os dois deveriam levar o a

A carga perdida e a festa de casamento (IV)

A história da carga perdida e o desassossego na boda (Quarto episódio) Enquanto a mó rodava sem parar pela força das águas do rio e a taramela cumpria cadenciada a sua função, despertando a tremonha no espaçado caimento dos grãos de cereal, os moçoilos ouviam agora longínquas e impercetíveis as palavras da tia Alice Carolina. Nem queriam acreditar nas reações imediatas da doce pomada – tratado, como lhe chamou a bondosa moleira.  Dois dos meninos recostavam-se de vez em quando, apoiando as cabeças numa das paredes enfarinhadas do moinho, mas logo se endireitavam impelidos pelo enjoo que sentiam; enquanto o terceiro, mais desamparado, balançava-se de modo irregular, insistindo, no entanto, na fixação da mó a andar à roda. A visão de várias pedras redondas em movimento constante e o tremedoiro da taramela rapidamente entraram nas engrenagens do cérebro. Apesar da força de vontade, não conseguiu manter o equilíbrio por mais tempo e tombou de olhos fe

A carga perdida e a festa de casamento (III)

A história da carga perdida e o desassossego na boda (Terceiro episódio) O mecanismo do moinho é algo que os três rapazelhos, vindos da festa do casamento a mando da noiva, estão já habituados a observar, sem, contudo, ligarem muita importância à complexidade do seu funcionamento. Arrumado o pão-de-ló e retirada a rolha do gargalo da botija – a garrafa que ficara do marido exatamente como a deixou quando partiu –, a tia Alice Carolina ia andando atarefada de um lado para o outro, antes de distribuir pelos três copinhos pequenas quantidades do líquido da garrafa, que sabia ser precioso conforme o seu Zé a informara em vida. Ali desabafou um pouco, contando algumas das suas amarguras, enquanto os moçoilos escutavam e admiravam a espessura e suave doçura daquele vinho antigo que uma alma caridosa um dia oferecera ao marido da tia Alice.  – Mas, meus “filhos”, tristezas não pagam dívidas, como costuma dizer-se. Por isso, vamos embora que se f

A carga perdida e a festa de casamento (II)

A história da carga perdida e o desassossego na boda (Segundo episódio) Coitada da tia Alice Carolina! Após mais um dia nas lidas das farinhas e simultaneamente cumprindo os encargos domésticos, cansada de tanto trabalho e do som repetido da taramela*, vai reunindo a farinha para os sacos e acondiciona-os a um canto do moinho, que transportará mais tarde na jumenta e entregará aos seus clientes, percorrendo diversos caminhos da aldeia – uma localidade, ao contrário da generalidade de outras em redor, formada por pequenos aglomerados de casas dispersos, o que torna mais longos os destinos. Ainda por cima, dirige-se periodicamente à aldeia próxima da sua, de modo a acatar as exigências do cliente que regressou lá das Áfricas e não tolera quaisquer atrasos. De cada vez que distribui a farinha pelos clientes, destes reúne mais sacos de grão, iniciando um novo ciclo de trabalho. Pressente a tia Alice Carolina pelo restolho que alguém se aproxim

A carga perdida e a festa de casamento

A história da carga perdida e o desassossego na boda Esta é uma história baseada em factos verídicos que poderia muito bem acontecer em qualquer uma das nossas aldeias. (Primeiro episódio) Algures na primeira metade da década de 1960, num dia qualquer de sábado, início de estação quente, um casamento acontecia, como tantos nesse tempo. Não eram festas de arromba como hoje, mas eram momentos especiais em que os pais da noiva não poupavam esforços e economias para possibilitarem às filhas uma almoçarada digna, após a cerimónia religiosa, de modo a que os familiares próximos e convidados falassem por longos anos do banquete que, no caso concreto, foi servido numa das habitações de determinada aldeia, numa sala que, não sendo espaçosa, dava contudo para as traseiras onde havia um amplo quintal com árvores frondosas e erva fresca, sobre a qual se organizaram mesas suficientes para todos se repastarem comodamente. Um caminho estreito situava-se mesmo ali ao lado, servindo eventualmente para

"Era no tempo da apanha", por Jorge Lage

Ou da Barca!... Ou Ti Bnadito!... Era no tempo da apanha, em que o rio gelado pela fúria das invernias e das neves derretidas na serra da Sanábria impunha respeito, indo pelas bordas e levando o meio cheio. Rio Tuela, Chelas, Mirandela, antes de juntar-se ao rio Rabaçal, dando origem ao rio Tua As maiores incertezas assaltaram o Ranhiço, quando passou o S. Sebastião. Depois, foi andar de mata cavalos até ao «Alto da Maravilha», que hoje é cruzado pela A4. Passada a Maravilha (maravilhoso mar de Oliveiras medievas), o protesto do Ranhiço andar a altas horas da noite era dada pelo afouto latir dos cães da «Azenha do Riça». Duzentos metros à frente lançou o primeiro grito a «barar» a gélida noite: - Ooouuuu !... E avançava com o coração apertado, apenas escoltado, à direita, pelo enorme muro de xisto da Quinta do Pinto Azevedo. Aqui o grito foi mais forte e o muro agigantou-se e viu-se encurralado entre um muro ligado à fraga e pela frente o marulhar baixinho da correnteza que parecia con