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Cávado e Rabagão

Rios Cávado e Rabagão: tão importantes como esquecidos Barroso da Fonte Publicam-se hoje livros num ritmo só comparável com a «raspadinha», o jogo da crise popular. E vendem-se livros em livrarias, nas grandes superfícies de bens comestíveis, nas estações dos Correios, nas lojas de electrodomésticos, nos postos de abastecimento e nos quiosques, mesmo nos mais exíguos. Passou a haver menos jornais, menos fumadores na classe adulta e mais bugigangas que estragam os dentes da pequenada.  Mas não há, lamentavelmente livros que falem da hidrografia, das barragens, das eólicas, dos moinhos de vento, das azenhas que tão úteis foram, assim como os moinhos movidos a água que eram comunitários e que armazenam histórias e «estórias» de contar e esperar por mais. A par dessa falha avultam idênticas ausências desse património construído cuja origem remonta aos tempos primitivos. E amanhã será tarde. O rio Cávado, inteiramente Português, assim como o Rabagão seu principal afluente, deram azo, em me

Licor sem nome

Licor de aguardente, limão, açúcar e mel Numa consulta breve a duas edições do dicionário da língua portuguesa, pela necessidade de inserir este pequeno artigo sobre determinado licor caseiro na rubrica mais adequada das que fazem parte dos temas do blogue NetBila, concluí que “Gourmet” será a mais próxima para o assunto deste licor simplório que apresento. Se estiver enganado, talvez algum dos leitores faça o favor de me esclarecer, ou eventualmente sugerir nova rubrica. Assim, “Gourmet” é a palavra francesa que significa "apreciador de vinhos". Por outro lado, “Gourmet” é uma pessoa, geralmente entendida em vinhos e em gastronomia, que preza a qualidade e o requinte culinários, ou ainda produto de elevada qualidade para uso culinário.  No caso deste licor, ele não tem como componente o vinho, mas sim a aguardente bagaceira, também designada por bagaço, por ser feita a partir do bagaço de uva. O licor é, portanto, uma bebida açucarada que não é fermentada, cuja base é o álco

Provérbios

Provérbios, por Jorge Lage e Maria da Graça Sardinha de São João já pinga no pão. A nevoínha no S. João, tira vinho e azeite e não dá pão. No S. Pedro vai ver o olivedo; se vires um bago conta por um cento. Enxame de Junho, nem que seja como punho. A cortiça em Junho sai a punho, em Agosto a mascoto. Nem mulher casada nem vinha vindimada! Em Julho, ao quinto dia verás que mês terás. Julho abafadiço fica a abelha no cortiço. O que arde cura, o que coça sara e o que aperta segura. O burro trabalha, mas é o cavalo que recebe os galões. A palavra vinda do coração mantém-se quente durante três invernos. O escorregar da língua é pior do que o do pé. A quem é famoso não faltam parentes. Quando não se pode morder, de que serve mostrar os dentes? Vale mais uma verdade amarga do que uma mentira doce. Felicidade não é ter o que se quer, mas querer o que se tem. A jeira de Maio vale os bois e o carro; a de Julho vale os bois e o jugo. É como o Maio de Portugal, que carregaram de jóias e fugiu com

Pudim de Maçãs e Castanhas

Pudim de Maçãs e Castanhas, por Jorge Lage Ingredientes: 2 maçãs; 300 g de castanhas; 1 copo de vinho branco; 50 g de açúcar e 2 colheres (sopa) de açúcar baunilhado. Confeção: Coza as castanhas durante 20 minutos. Escorra-as e pele-as, misturando-as com as maçãs cortadas às rodelas. Ponha-as numa panela ao lume brando, cobrindo-as com o vinho e deixe-as cozer até a fruta se desfazer. Passe-as no passe-vite e recolha o polme numa forma pequena forrada de caramelo. Coza em banho-maria, até que o caramelo se tenha completamente liquefeito. Desenforme e polvilhe com o açúcar baunilhado. in CASTANEA - uma dádiva dos deuses

Aletria (de Mirandela)

Aletria (de Mirandela),  por Jorge Lage Ingredientes: 250 g de aletria; 200 g de açúcar; 1 litro de leite; 8 gemas de ovo; Canela e casca de limão. Confeção: Coza a aletria em água e escorra-a. Aqueça o leite e misture-lhe o açúcar e a casca de limão. Junte-lhe a aletria e deixe ferver lentamente. Num tacho à parte ponha um pouco do leite quente e, mexendo, vá misturando lentamente as gemas já batidas. Junte tudo e deixe ferver mais um pouco. Sirva-a, em travessas, polvilhada com canela, por cima. Receita adaptada, por Jorge Lage, do «Guia Mirandela».

A carga perdida e a festa de casamento (IV)

A história da carga perdida e o desassossego na boda (Quarto episódio) Enquanto a mó rodava sem parar pela força das águas do rio e a taramela cumpria cadenciada a sua função, despertando a tremonha no espaçado caimento dos grãos de cereal, os moçoilos ouviam agora longínquas e impercetíveis as palavras da tia Alice Carolina. Nem queriam acreditar nas reações imediatas da doce pomada – tratado, como lhe chamou a bondosa moleira.  Dois dos meninos recostavam-se de vez em quando, apoiando as cabeças numa das paredes enfarinhadas do moinho, mas logo se endireitavam impelidos pelo enjoo que sentiam; enquanto o terceiro, mais desamparado, balançava-se de modo irregular, insistindo, no entanto, na fixação da mó a andar à roda. A visão de várias pedras redondas em movimento constante e o tremedoiro da taramela rapidamente entraram nas engrenagens do cérebro. Apesar da força de vontade, não conseguiu manter o equilíbrio por mais tempo e tombou de olhos fe

A carga perdida e a festa de casamento (III)

A história da carga perdida e o desassossego na boda (Terceiro episódio) O mecanismo do moinho é algo que os três rapazelhos, vindos da festa do casamento a mando da noiva, estão já habituados a observar, sem, contudo, ligarem muita importância à complexidade do seu funcionamento. Arrumado o pão-de-ló e retirada a rolha do gargalo da botija – a garrafa que ficara do marido exatamente como a deixou quando partiu –, a tia Alice Carolina ia andando atarefada de um lado para o outro, antes de distribuir pelos três copinhos pequenas quantidades do líquido da garrafa, que sabia ser precioso conforme o seu Zé a informara em vida. Ali desabafou um pouco, contando algumas das suas amarguras, enquanto os moçoilos escutavam e admiravam a espessura e suave doçura daquele vinho antigo que uma alma caridosa um dia oferecera ao marido da tia Alice.  – Mas, meus “filhos”, tristezas não pagam dívidas, como costuma dizer-se. Por isso, vamos embora que se f

A carga perdida e a festa de casamento (II)

A história da carga perdida e o desassossego na boda (Segundo episódio) Coitada da tia Alice Carolina! Após mais um dia nas lidas das farinhas e simultaneamente cumprindo os encargos domésticos, cansada de tanto trabalho e do som repetido da taramela*, vai reunindo a farinha para os sacos e acondiciona-os a um canto do moinho, que transportará mais tarde na jumenta e entregará aos seus clientes, percorrendo diversos caminhos da aldeia – uma localidade, ao contrário da generalidade de outras em redor, formada por pequenos aglomerados de casas dispersos, o que torna mais longos os destinos. Ainda por cima, dirige-se periodicamente à aldeia próxima da sua, de modo a acatar as exigências do cliente que regressou lá das Áfricas e não tolera quaisquer atrasos. De cada vez que distribui a farinha pelos clientes, destes reúne mais sacos de grão, iniciando um novo ciclo de trabalho. Pressente a tia Alice Carolina pelo restolho que alguém se aproxim

Provérbios soltos

Alguns provérbios soltos, por Jorge Lage Na Semana dos Ramos, lava os teus panos, que na Ressurreição os lavarás ou não. Manhãs de Abril, boas de andar e doces de dormir. Não mores em despovoado, nem esmoles do furtado. Pelos frutos se conhecem as árvores. À mesa não se envelhece. Um barco que não tem rumo, não pode saber o que é um vento favorável. Sabemos mais do que percebemos. A compreensão é a única força de mudança. Dia de S. José come-se e bebe-se e bate-se o pé. Março encanaço, Abril espiguil, Maio granai-o, Junho segai-o. Perde-se o velho por não poder e o novo por não saber. Em Março o pão com o mato, a noite com o dia e o Pedro com a Maria. Março, liga a noite com o dia, liga o Manel com a Maria, o pão com o mato e a erva com o sargaço. Vinho de Março não enche cabaço! O de Maio bebe-o o gaio! O de Abril não enche barril! Quem tem mulher formosa e vinha carreira, nunca lhe falta canseira! Em Fevereiro, foice ao fumeiro. Pelo S. Matias começam as enxertias. Casa que não seja

A carga perdida e a festa de casamento

A história da carga perdida e o desassossego na boda Esta é uma história baseada em factos verídicos que poderia muito bem acontecer em qualquer uma das nossas aldeias. (Primeiro episódio) Algures na primeira metade da década de 1960, num dia qualquer de sábado, início de estação quente, um casamento acontecia, como tantos nesse tempo. Não eram festas de arromba como hoje, mas eram momentos especiais em que os pais da noiva não poupavam esforços e economias para possibilitarem às filhas uma almoçarada digna, após a cerimónia religiosa, de modo a que os familiares próximos e convidados falassem por longos anos do banquete que, no caso concreto, foi servido numa das habitações de determinada aldeia, numa sala que, não sendo espaçosa, dava contudo para as traseiras onde havia um amplo quintal com árvores frondosas e erva fresca, sobre a qual se organizaram mesas suficientes para todos se repastarem comodamente. Um caminho estreito situava-se mesmo ali ao lado, servindo eventualmente para

Baga (Tinta)

Vinhos: grandes castas portuguesas Baga (Tinta) Para quem gosta de Nebbiolo de corpo médio, Pinot Noir ou Xinomavro. Uma das castas portuguesas com mais rendimento, Baga, pode ser encontrada em algumas partes do país, mas é mais concentrada na região das Beiras, especialmente na Bairrada e Dão. As uvas estão no seu melhor quando bem maduras, apresentando vinhos de cor intensa, óptima estrutura e acidez ampla com taninos potentes brilhantemente equilibrados para evoluir bem na garrafa. O aroma começa com cereja / bagas vermelhas que evoluem para ameixa vermelha / preta, sabores de tabaco e grãos de café finalizando com complexidade expansiva. A acidez ampla da uva leva à produção de vinho espumante de qualidade cujo consenso geral é o de que os melhores de Portugal vêm da região da Bairrada. Harmonização com a casta Baga: Baga, como vinho tinto, é um gosto adquirido para muitos assim como não é para os fracos de coração. Com a acidez vibrante e taninos amplos de um Nebbiolo, mas com al

Alguns provérbios sobre Natal, Janeiro e Entrudo

Provérbios enviados por Jorge Lage Quem quiser o bom alhal, ponha-o pelo Natal. Castanhas do Natal sabem bem e partem-se mal. Pelo Natal poda natural. Ande o frio por onde andar, no Natal cá vem parar. Janeiro frio e molhado, enche a tulha e farta o gado. Janeiro se não tiver trinta e uma geadas tem de as pedir emprestadas. Quem vareja antes de Janeiro deixa o azeite no madeiro. Bácaro de Janeiro vai com a mãe ao fumeiro. Em Janeiro procura a perdiz o seu parceiro. No dia de São Julião (8 de janeiro), quem não assar um magusto não é cristão. Alhal Porrudo pelo Entrudo Quem quiser o bom alhal porrudo, ponha-o pelo Entrudo. Em Fevereiro chuva, em Agosto uva. Ao rico mil amigos se deparam, ao pobre seus irmãos o desamparam. Antes de casar tem casa em que morar, terras que lavrar e vinhas que podar. De médico e de louco, todos temos um pouco. Para a feira e para o moinho não esperes pelo vizinho. Mais vale pouco, mas certo, do que muito, mas incerto. Grande e longo é o caminho do ensino po

Bolo de Coco

Bolo de coco, por Maria da Graça Ingredientes: 4 ovos; 250g de açúcar; 250g de farinha; 250g de manteiga; 6 colheres (sopa) de coco; 1 colher (chá) de fermento; 2 chávenas de leite. Confeção: Bate-se o açúcar com a manteiga. Seguidamente juntam-se as gemas. Depois deita-se o leite, a farinha com o fermento e o coco alternadamente. Por último, juntam-se as claras em castelo. Vai ao forno em forma untada e polvilhada. Depois de frio, rega-se com uma chávena de leite, adoçado com 4 colheres de açúcar e vai-se polvilhando com coco.

Terras do Marão

Por Terras do Marão, de Costa Pereira Travassos... Há muito tempo que não visitava Travassos, esta aldeia do Bilhó que o rio Cabril ou Mestas rega. Voltei a fazê-lo no início de agosto, aproveitando uma deslocação de Vilar de Ferreiros a Vila Real (via Lamas de Olo) para assim mais uma vez matar saudades dos meus tempos de criança em que, com frequência, a pé ou ao colo de minha saudosa mãe percorria os cantos dessa simpática aldeia da montanha maronesa e na hospitaleira casa da também já saudosa Ti Ninfa de Travassos, onde me demorava a brincar. Fiquei encantado com o seu património arquitetónico devidamente restaurado, e em adequados cartazes identificado. Um placar no desvio, em Celas, a recomendar aos turistas que para entrar em Travassos de autocarro só indo à volta pela aldeia do Covelo, ficava ali muito bem, pois é sabido que pelo lado de Celas só lá se chega em carro ligeiro. Fica a recomendação. Próximo da aldeia do Bilhó, com vista para a Senhora da Graça, Mondim de Basto D

Douro, Património Mundial

Região do Alto Douro, Património Mundial por Costa Pereira À pendura fiz em meados de agosto uma agradável incursão por terras da região duriense, onde ido dos lados de Amarante desci a Mesão Frio; e pela Rede e Caldas de Aregos dei comigo no Peso da Régua. Vila desde 1837, a Régua foi elevada a cidade em 1985, e nessa altura reconhecida também como Cidade Internacional da Vinha e do Vinho. Situada na margem direita do Douro, esta desenvolvida cidade do distrito de Vila Real é hoje um dos polos de atração turística mais importantes da região em que está integrada. Uma vez que a etapa a seguir tinha por fim chegar a Armamar, a decisão foi deixar a Régua e da outra banda do rio tomar a encantadora estrada que marginando o Douro aponta em direção ao Pinhão, para no primeiro desvio com a indicação da capital da "maçã de montanha" chegar ao destino. Vista de Armamar para a Régua