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O «Mês das Almas»

O «Mês das Almas» ou «Mês das Bruxas» por Jorge Lage «Halloween» Novembro é conhecido pelo «Mês dos Mortos», «Mês das Almas» e, também, pelo «Mês das Bruxas». Desde o séc. IV que a Igreja Síria tinha um dia para festejar «Todos os Mártires» e, passados três séculos, o Papa Bonifácio IV, dedicou-o a «Todos os Santos». Mais tarde foi fixado o dia 1 de Novembro. Costumava iniciar-se com uma festa vespertina, a 31 de Outubro, que em inglês se diz «All Hallow’s Eve» (ou seja «Vigília de Todos os Santos») evoluindo para «All Hallowed Eve», «All Hallow Een» e, por fim, «Halloween», como se diz hoje. A figura é a de Padre Fontes, numa foto obtida no Ecomuseu de Barroso, em Montalegre. Do lado esquerdo da imagem, uma das fachadas da Igreja da Misericórdia, próxima do castelo de Montalegre. A noite de 31 de Outubro para 1 de Novembro começou a ser celebrada por grupos não cristãos, dando-lhe o sentido de bruxaria. No seu seguimento era preciso recordar todos os que já partiram e a Igreja justapô

Cantil e cabaça, de José António Raio, de Lagoaça

Cantil da antiga Guarda Fiscal A Guarda Fiscal era o corpo especial de tropas de Portugal responsável sobretudo pelo controlo fronteiriço. O cantil era usado pelos agentes que percorriam as fronteiras com Espanha, a pé, de dia ou de noite. Com eles levavam, geralmente, um pequeno farnel (um naco de pão, presunto, queijo ou salpicão) e vinho que transportavam no cantil. Este, de alumínio, de cor verde, tem uma forma ovalada, como mostra a fotografia e pertenceu a José António Raio, de Lagoaça, concelho de Freixo de Espada à Cinta. Foi usado nas décadas de 1930 e 1940. Dimensões: 21cm x 13cm x 4cm. A Guarda Fiscal foi extinta em 1993. Já na sua aposentação, José António Raio usava de igual modo uma cabaça, nas deslocações à horta, um pouco fora da aldeia, para a realização dos trabalhos agrícolas. Clique nas imagens para visualização em tamanho maior

Candeia da década de 1940

Candeia (2) Candeia - dimensões: 27cm x 7cm x 12cm Clique na imagem para visualizar em tamanho maior A foto mostra uma candeia semelhante à primeira, apresentada em artigo anterior . As candeias são também conhecidas por lamparinas ou, simplesmente, lâmpadas de azeite. Na parte inferior de um suporte, um pequeno vaso contém um óleo (azeite) combustível que alimenta o lume na extremidade de uma torcida (pavio, torcida ou mecha) que sai pelo bico. Dimensões: 27cm x 7cm x 12cm. Esta candeia, assim como a candeia anteriormente apresentada, foram usadas nas décadas de 1940/50 do século XX, em Lagoaça, Freixo de Espada à Cinta.

Candeia

Candeia da década de 1940 Candeia - dimensões: 27cm x 7cm x 12cm Clique na imagem para visualizar em tamanho maior Objeto em folha delgada de ferro que servia para alumiar (iluminar) espaços interiores das habitações. Na parte inferior de um suporte, um pequeno vaso contém um óleo combustível que alimenta o lume na extremidade de uma torcida que sai pelo bico. Objeto da década de 1940. Esta candeia e outras semelhantes eram utilizadas regularmente, desde há muitas décadas até aos anos 70, do século XX. No entanto, julga-se que, em alguns pontos de Portugal, excecionalmente, ainda se utilizará, na falta de energia elétrica.

Responso de Santo António

Responso de Santo António, enviado por Jorge Lage Beato Santo António se lebantou, Se bestiu e calçou Suas santas mãos labou, Ao Paraíso cortou. Chigou ao meio do caminho Com o Senhor se incontrou, – Para onde bais, Beato Santo António? – Com o Senhor eu bou. – Tu comigo num irás Que eu p’ro Céu subirei. Tudo quanto me pedires te farei: Cães e lobos com os dentes trabados; Rios e regatos bão imbaçados; Corações inimigos acobardados; O perdido seja achado; O esquecido, lembrado. Peço ao Beato Santo António …(pedido)… Pai Nosso... (Avé Maria… Salve Rainha…) in «Quem me dera naqueles montes…» de António Mosca (As duas últimas orações são nosso acrescento) Sempre que se perdia uma rês no campo, para além da perda material era sentida como se fizesse parte da casa de lavoura. Era sempre motivo de buscas para ver se encontrava morta ou viva. Ainda estou a ver há mais de cinquenta anos um corpulento carneiro, que ficou preso numas silvas na Recta Figueira (termo de Chelas). Passados uns dias,

Visita ao Ecomuseu de Barroso

Ecomuseu de Barroso - Espaço padre Fontes, em Montalegre Ao acaso, alguns ensinamentos sobre aspetos da cultura tradicional da região do Barroso, Trás-os-Montes Ecomuseu de Barroso - Espaço padre Fontes, Montalegre No Entrudo vale tudo Em Montalegre é dado o nome de "Serrada da Velha" ao Entrudo Entrudo Os velhos diziam que neste dia não se podia comer caldo, porque, caso contrário, suava o cu todo o ano. Em algumas localidades dizia-se também que os mosquitos não largariam quem comesse caldo nesta altura.  São curiosas algumas designações locais relacionadas com o Entrudo: o 19º dia antes do Entrudo (Quinta-feira magra) chama-se Quinta-feira dos Compadres; a Quinta-feira Gorda é denominada pelos Barrosões de Quinta-feira das Comadres. Ambos são ocasião de festejo. Na Quinta-feira Gorda era uso levar-se leitões, porcos e broa aos santos, para invocar a sua protecção. Em algumas aldeias do concelho de Montalegre é dado o nome de "serrada

Pau da Barca

Quando o pau da barca falha… por Jorge Lage Outrora não havia tantas pontes como isso no Portugal Interior. A Ponde da Formigosa, sobre o rio Tuela, próxima de Vale de Juncal, só foi iniciada no último quartel do Séc. XIX e terminada em 1913, pelos mestres vindos de Cabanas, da Terra Fria, sendo um deles o avô do mirandelense (de Vale do Juncal) Vítor Cabano. Portanto, a inauguração foi muito posterior à chegada do comboio a Mirandela (1982). O meu pai, nascido em 1906, dizia-me que o escoamento dos produtos agrícolas da corda de Lomba/Vinhais até Cabanelas eram transportados em carretos de bois, por Chelas, atravessando nas famosas Barcas de Chelas para embarcarem, primeiro Douro abaixo e depois no «Comboio do Tua em Mirandela». Muitas vezes, era uma aventura atravessar o Tuela na Barca (de Chelas) quando ia de monte-a-monte. Eram precisos quatro paus ou bareiros bem grossos, com quatro homens dos mais possantes, subindo um pouco com a barca pelo rio acima para depois cortarem as água

Medida do Pé

"Medida do pé para calçado" por Jorge Lage Hoje guiamo-nos pelo número do pé. Os números do pé, para sapatos, e do pescoço, para camisas, sempre me meteram confusão. O que sei é que nos regemos por números para vestuário e calçado. Mas, na roupa surgiu outra medida, por letras. Assim, temos para crianças a roupa por meses e anos; para senhoras o tamanho «S» é o mais comum; e o «M» para homens. Nem todos temos o mesmo peso e medida e surgiram outros números em crescendo «L», «XL», o «XXL» e os que pela sua grande massa corporal só vestem por encomenda. Voltando ao calçado, nos tempos idos da década de cinquenta, do século XX, as crianças da minha aldeia não iam às feiras. Acho que éramos um estorvo. Só quando se levava à feira um reco, lá ia a rapariga com os pais, a ajudar a tocar o bicho à feira e para tomar conta dele. O reco era trabalho de mulher, tal como as aves de capoeira. Os rapazes estavam talhados para os bois e só iam se fosse necessária a sua ajuda. Por isso, qua

Folar

Lenda da origem do folar "Folore" - Folar Na Páscoa, em Trás-os-Montes, sobretudo na área norte - Valpaços, Chaves, Montalegre e Bragança -, manda a tradição que, nas casas de família que se prezem, o folar marque presença sobre as mesas desta quadra festiva. No convívio familiar destes dias fala-se das histórias e das origens deste manjar. A palavra "folore" deriva das flores que, segundo a lenda, teriam sido colocadas num altar por uma jovem casadoira. Eram dois os pretendentes à donzela: um lavrador e um fidalgo. Os dois envolveram-se em lutas sucessivas e a jovem sentiu-se pressionada a fazer a sua opção o mais rapidamente possível. Decidiu então que o Domingo de Páscoa seria o dia em que anunciaria o escolhido com quem casar. Entretanto, até à Páscoa, toda a aldeia presenciou a oração ininterrupta da jovem, em pleno jejum, junto do altar da igreja da aldeia, suplicando ajuda para o fim do conflito e para a sua decisão. Na última peregrinação, antes

O reco do Nanico de S. Lourenço

A primeira vez que o Nanico ajudou ao reco O João Nanico, também conhecido pelos que lhe são próximos por Janico, é proveniente de uma família modesta e trabalhadora, com escassos recursos económicos. No entanto, com a agricultura precária que mantêm com umas leiras de montanha lá vão angariando para o dia a dia. O reco, tal como em outros lares da aldeia, é o principal meio de sustento na época de inverno e motivo de festa. Desde pequenote, o Janico acostumou-se à ideia do grito esganiçado do animal que sabia de véspera o fatídico destino. Serão desnecessárias considerações ou descrições retratando uma realidade que, sendo cultural, não deixa de constituir um modo expedito para dar largas ao prazer da boa comida que resulta das carnes alimentadas com produtos da terra. Deixemo-nos então de repetir fórmulas largamente experimentadas por verdadeiros e conceituados descritores dos modos de viver destas gentes como as que habitam perto da família do Janico. Este lembra-se ainda da

Confraria De Pyjames

De Pyjames: preocupações de natureza histórico-cultural Ainda do prospeto «Encontro "Saber Trás-os-Montes" (Vila Real, 2009) - Gastronomia Trasmontana e Alto-Duriense • Grémio Literário Vila-Realense», copiou-se para este pequeno artigo a imagem e respetiva legenda: «Representação da Confraria De Pyjames num capítulo da Confraria dos Enófilos e Gastrónomos de Trás-os-Montes e Alto Douro (Vila Real, 29 de Junho de 2002)». Do mesmo documento, editado pelo Grémio Literário Vila-Realense, transcreveu-se de igual modo um pequeno excerto do parágrafo que faz referência à Confraria De Pyjames e suas preocupações de natureza histórico-cultural, documentadas em algumas iniciativas: «colocação de lápides em alguns dos restaurantes que foram palco de congressos; colocação em 1997 de duas placas (“polacas”), na “Esquina da Gómes”, como forma de recordar a importância desse estabelecimento surgido em 1952 e da esquina na história da cidade e de cada um dos seus habitantes em part

De Pyjames: registos e memórias

Congresso dos pyjamantes de 1958 ou 1959 A foto, inserta no prospeto «Encontro "Saber Trás-os-Montes" (Vila Real, 2009) - Gastronomia Trasmontana e Alto-Duriense • Grémio Literário Vila-Realense», refere-se, segundo informação do mesmo documento, ao congresso dos pyjamantes de 1958 ou 1959, no Restaurante Excelsior, em Vila Real. Do prospeto foi transcrito para mais esta referência a “De Pyjames” o parágrafo: «Aos jantares que se realizaram, sempre no último sábado de Novembro, na Marisqueira, na Pensão Guedes, no Restaurante Excelsior, no Asilo ”O Amparo de Nossa Senhora das Dores”, na Toca da Raposa, na residência do António da Toca, no Chaxoila, no Imperial, na Pensão Areias, no Restaurante Montanhês, nos Irmãos Unidos e em tantos outros lugares, sucedia-se, como já se disse, o Baile, que nesses tempos tinha lugar ora no Club de Vila Real ora nos claustros do Governo Civil. A ele compareceram, algumas vezes, vestidos com o seu traje de noite e simultaneamente de g

Pyjamantes: registos e memórias

“De Pyjames” Conforme os registos e memórias de alguns pyjamantes, o primeiro jantar da confraria De Pyjames, referido já em artigo anterior, terá ocorrido em 1956, na Marisqueira, onde muito se terão divertido os precursores do grupo dos pijamas, acompanhados de um bom cozido à portuguesa ou talvez cabrito assado ou vitela assada com arroz de forno e vinho da região, preparando-se desse modo para uma entrada fulgurante no Baile de Gala instituído pela Academia Vila-Realense.  Na primeira metade da década de 1960, num dos jantares e no meio de tantas risadas, brincadeiras e pijamas terá surgido a expressão “De Pyjames”, relacionada com outra “De Colores” muito usada nesse tempo, e ainda hoje, pelo Movimento dos Cursos de Cristandade, movimento católico que surgiu em Palma de Maiorca, no final da guerra civil de Espanha, em 1939, chegando a Fátima em 1960 e a Vila Real pouco tempo depois, com grande adesão. Assim, imitando o dístico “De Colores”, um ou outro pyjamante usava no pr

De Pyjames

Primeiro jantar É no contexto das limitações impostas pelo reitor do Liceu Nacional Camilo Castelo Branco, Dr. Martinho Vaz Pires, às iniciativas que a Academia Vila-Realense levava a efeito no 1º de Dezembro, privilegiando, em detrimento destas, o programa realizado pela Mocidade Portuguesa, que um grupo de ex-alunos (a que se juntam alguns que frequentavam ainda o mesmo estabelecimento de ensino e outros que a ele eram totalmente estranhos) decide organizar um jantar no último sábado do mês de Novembro, dia em que a Academia estava autorizada a realizar o seu Baile de Gala, que incluía uma ceia a que não reconheciam qualquer qualidade. Se é verdade que para alguns as medidas adotadas pelo reitor foram consideradas discricionárias e meramente políticas (e oportunamente retratadas no Regadinho – um cortejo que passava em revista a vida do Liceu e da cidade, bem na linha da irreverência do meio académico local), o que os uniu a todos nesta iniciativa foi o desejo de fazer uma ref

Confraria dos Pyjamantes de Vila Real

O jantar dos pijamas Em artigo anterior sobre a casa de pasto "Chaxoila", referiu-se o facto de ter sido adotado este restaurante como um dos preferidos para as tertúlias anuais da confraria dos Pyjamantes de Vila Real, que aconteciam nesta cidade transmontana, desde o ano de 1956, segundo apontam as memórias. Disso é prova a placa alusiva que se encontra à entrada daquele restaurante, como é mostrado na fotografia, assinalando a data da tertúlia do ano de 1992, realizada em 28 de novembro, no seu trigésimo sexto aniversário, onde consta a quadra: "Prós Pyjamantes, o tempo gira em tal sarabamda, que – quantos anos já temos? Ninguém sabe a quantas anda......" A palavra sarabanda aparece escrita com "m", naturalmente por erro do artista que gravou as palavras na pedra, ou talvez assim estivesse escrito nas mentes pyjâmicas.  Os elementos que faziam parte da confraria dos Pyjamantes reuniam-se todos os anos, uma semana antes do primeiro de deze

Tecelagem artesanal

Fios de lã de ovelha e de linho Pelo que se ouve contar em diversas regiões, nomeadamente em Trás-os-Montes e principalmente pelas pessoas com mais idade, muitas famílias e casas abonadas possuíam teares que iam passando de geração em geração, servindo para fabricar os próprios tecidos. Tapetes, mantas e carpetes eram normalmente efetuadas por senhoras artesãs que se dedicavam à tarefa de tecer, com fio de lã de ovelha. No concelho de Vila Real, desde há muitos anos, tornou-se famosa a tecedura em linho, sendo na aldeia de Agarez, mas também em Mondrões e Couto de Adoufe, que ricas peças eram confecionadas, como por exemplo lençóis, colchas e toalhas de mesa, autênticas obras de arte muito apreciadas.  Agarez é uma aldeia pertencente à freguesia de Vila Marim, concelho de Vila Real, englobando também as aldeias de Arnal, Galegos da Serra, Quintela e Ramadas. Antes da concretização da obra – a peça tecida –, no caso específico do linho, este, desde o trabalho que envolvia o s

Vale das Gatas: o gasómetro

O gasómetro dos mineiros Em artigo anterior “ Vale das Gatas: o dinheiro do volfrâmio ”, esse lugar pertencente à freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão, concelho de Sabrosa, onde no tempo da segunda guerra mundial o volfrâmio era explorado, sobretudo com a penosidade do trabalho de gentes deveras necessitadas como os mineiros, mencionou-se um dos instrumentos por eles usados na laboração no interior das minas: o gasómetro. Este, servindo de luzeiro na escuridão das galerias do subsolo, era também absolutamente necessário para sinalizar ambientes escassos de oxigénio. Se a chama do gasómetro se apagasse, sem que para isso contribuísse qualquer corrente de ar inesperada, o alarme seria dado ao grupo de mineiros que ali operavam, para se retirarem imediatamente por causa do perigo de um ambiente sem ar respirável. A foto mostra um desses gasómetros de então, velhinho, desgastadas pelo tempo as suas cores.  No dia 9 de novembro de 2019, meio da tarde, numa breve visita a Provesen

As rogas nas vindimas do Douro

Da montanha ao Douro: a alegria das rogas  As vindimas na região do Alto Douro são sempre motivo de festa e alegria. Após um ano de árduos trabalhos pelos íngremes socalcos, e num clima de frio intenso de inverno e calor estival, chegados a setembro, com a colheita das uvas, fruto de um ano de muitas preocupações por causa das contingências da meteorologia e de males diversos que sempre espreitam as videiras, a festa é grande e prolongada. Nas vindimas, todos os dias são recomeços para uma etapa de trabalho e ao mesmo tempo de divertimento. É diferente de todos os outros, este trabalho de cortar as uvas, em grupo, de as transportar e, à noite, as músicas populares a animarem os lagares que ainda existem nas quintas e nas casas de algumas famílias para fabricar aquele vinho especial e tradicional, pisadas as uvas com pés e pernas. Nos dias de hoje, com as facilidades de transporte, os trabalhadores deslocam-se rapidamente em carros e camionetas, desde as suas aldeias à região d

A pisa das uvas

Ganhar a "meia-noite" Na região transmontano-duriense, a que melhor conheço, mas também noutras regiões, a pisa tradicional das uvas, após a sua colheita, era dos trabalhos mais importantes para uma boa fermentação e consequente preparação do bom vinho. Ainda hoje, em algumas Quintas, também com fins turísticos, uma pequena parte do vinho faz-se por esse processo antigo.  A pisa das uvas realizava-se tradicionalmente num lagar, por homens que, em grupos, com os braços dados uns sobre os outros, efetuavam primeiramente o “corte”, percorrendo o lagar várias vezes, até que as uvas se transformassem num líquido vinícola espesso. Este procedimento inicial, mais organizado e responsável, exigia bastante esforço. De seguida, o trabalho tornava-se mais ligeiro, pois os pisadores podiam agora percorrer o lagar de modo aleatório e mais soltos, iniciando-se alguns jogos adequados àquele ambiente festivo, durando cada sessão quatro horas. Além dos jogos, como por exemplo a cabra-c

O largo do sr. Albertim (VIII)

O Amolador Mó ou Rebolo é uma pedra redonda que gira sobre um eixo central e serve para afiar (amolar) instrumentos de corte ou de perfuração. A palavra “amolar” significa precisamente “afiar no rebolo”. Da palavra “amolar” provém a designação “amolador”, ou seja, aquele que amola, aquele que afia – profissão antiga, ainda hoje existente através de alguns resistentes na arte de amolar. – Tem cuidado qu’inda t’amolas…! É verdade! Também o amolador nas suas derivas entre aldeias e vilas chegava ao largo do sr. Albertim, naquela época áurea, em frente ao seu estabelecimento onde tudo se passava. Vindo da serra, rua do Outeiro abaixo, fazia anunciar-se o amolador de facas e tesouras através do som da gaita de amolador, seguido pelo burrico que lhe servia de companhia e transporte de alguns bens. Trazia a sua geringonça, instrumento artesanal complexo para o seu trabalho, roda a percorrer os caminhos sinuosos e intermináveis de terra e calçadas até ao aparecimento de um qualquer c