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S. Lourenço, 01-10-2019

Sam Lourenço de Riba Pinhão, 1758

Freguesia de São Lourenço de Riba Pinhão, em 1758 Neste artigo e resumo de excerto do documento de 3 de março do ano de 1758, escrito pelo reytor da Igreja Matriz de Sam Lourenço de Riba Pinhão - padre Seraphim Alvares - refere-se que havia na freguesia de Sam Lourenço uma feira franca que decorria entre a véspera do dia do milagroso S. Lourenço e o próprio dia de S. Lourenço - 10 de agosto. A freguesia de S. Lourenço não tem correio. No entanto, os seus habitantes servem-se do correio de Vila Real, que vem na segunda e vai na quinta feira. Diz ainda o senhor padre Seraphim Alvares que a freguesia de S. Lourenço dista da cidade de Braga dezassete léguas e da corte de Lisboa oitenta. O grande terramoto que ocorreu na cidade de Lisboa, no dia um de novembro de 1755, dois anos e oito meses antes da feitura do referido documento, nesta freguesia não deixou ruína nem houve perigo, sentindo-se apenas o tremor que assustou toda a gente. A serra que existe nesta freguesia para a part

O largo do sr. Albertim (IX)

O empalhador Lá aparecia também o empalhador – o que empalhava principalmente garrafões, tudo perfeitinho a começar da base até ao gargalo, sem que se descorassem as asas, dando-lhes especial resistência. Uma larga bacia com água servia para amolecer o vime – o junco com que se fabricam cestos.  O cesteiro executava com esmero a técnica aprendida talvez em pequeno e ainda hoje alguns artesãos constroem perfeitas essas obras artesanais em verga. O vime era utilizado para revestir os garrafões, mas também para construir cestas e, por isso, normalmente, o empalhador era também cesteiro. Em S. Lourenço de Ribapinhão, o empalhador por lá permanecia uma boa parte do tempo no largo do sr. Albertim, onde, de tempos a tempos, muitos garrafões eram consertados em tarefa demorada, às vezes de vários dias.

O largo do sr. Albertim (VIII)

O Amolador Mó ou Rebolo é uma pedra redonda que gira sobre um eixo central e serve para afiar (amolar) instrumentos de corte ou de perfuração. A palavra “amolar” significa precisamente “afiar no rebolo”. Da palavra “amolar” provém a designação “amolador”, ou seja, aquele que amola, aquele que afia – profissão antiga, ainda hoje existente através de alguns resistentes na arte de amolar. – Tem cuidado qu’inda t’amolas…! É verdade! Também o amolador nas suas derivas entre aldeias e vilas chegava ao largo do sr. Albertim, naquela época áurea, em frente ao seu estabelecimento onde tudo se passava. Vindo da serra, rua do Outeiro abaixo, fazia anunciar-se o amolador de facas e tesouras através do som da gaita de amolador, seguido pelo burrico que lhe servia de companhia e transporte de alguns bens. Trazia a sua geringonça, instrumento artesanal complexo para o seu trabalho, roda a percorrer os caminhos sinuosos e intermináveis de terra e calçadas até ao aparecimento de um qualquer c

Carvalhada, Delgada

Carvalhada, freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão Vista para a  Carvalhada, Delgada A Carvalhada situa-se na Delgada, freguesia de S. Lourenço, concelho de Sabrosa. Para os que de longe suspiram por novidades de S. Lourenço de Ribapinhão, freguesia do concelho de Sabrosa, distrito de Vila Real, aqui se deixam referências a um dos locais míticos das montanhas que circundam a aldeia de S. Lourenço – a Carvalhada. A Carvalhada, lugar sobranceiro ao lugar da Delgada, na freguesia de S. Lourenço, segundo os mais antigos, seria o local privilegiado de pastagem para gado bovino e caprino por onde os animais daquele lugar vagueavam, alimentando-se. Talvez muitos dos emigrantes que hoje habitam a região francesa de Lot (46), departamento do sudoeste da França cuja cidade maior é Cahors, também Paris e outras regiões daquele país que acolheu e continua a acolher muitos portugueses se lembrem e gostem de encontrar alguns aspetos fotográficos das suas origens, como é exemplo a imagem aqui

O largo do sr. Albertim (VII)

As couves da Portela a caminho da feira de Vilar de Maçada – Oh senhor! Oh senhor!, desapertou-se o “bencelho”, ajude-me, se faz favor. “Bencelho”, melhor, vencelho ou vencilho – atilho de palha de centeio com que eram apertadas aos molhos as couves que foram semeadas por alturas do Santo António, em junho, portanto, e colhidas ainda num estado prematuro de desenvolvimento para serem depois vendidas e plantadas. Sim, as couves tronchas comidas no Natal passavam a sua história e faziam o seu percurso! Vinham da Portela, lugar da freguesia de Folhadela, concelho de Vila Real e chegavam ao largo do sr. Albertim, em S. Lourenço, logo a seguir à festa de Nossa Senhora da Saúde. Juntos com os donos, vários burros ou burras já cansados da viagem e carregados de couves aos molhos, apertados com “bencelhos”, arribavam satisfeitos mesmo assim, pois a parte mais difícil da caminhada estava concluída. O conforto para a noite iam encontrá-lo ali, no largo, aproveitando-se o tempo anterior à

O largo do sr. Albertim (VI)

O barbeiro A lembrança neste momento não chega para precisar as vezes que o barbeiro vinha a S. Lourenço, ao largo do sr. Albertim, desfazer umas barbas e cortar uns cabelos – a barba com navalha, a navalha de barba que nos dias de hoje não se usará muito e o cabelo com a tesoura de barbeiro. Mas para dar uns retoques de acabamento, principalmente na parte superior do pescoço, o sr. Jerónimo, assim se chamava o barbeiro, pegava na sua máquina muito parecida à que se observa na imagem e acertava o pêlo, isto é, aplainava e harmonizava o cabelo. Era quase um martírio ter de levar com aquele aparelho. Talvez por falta de afinação ou lâminas mal afiadas, o diabo da máquina puxava não só os cabelos como gretava a própria pele, tudo isto evidentemente curado e amaciado no final com álcool etílico que, enquanto não secasse, ardia como a árvore do diabo. Tudo isto por bem, claro. Talvez o barbeiro chegasse a S. Lourenço de dois em dois ou três em três meses. Vinha a pé, de Parada do Pin

O largo do sr. Albertim (V)

O caldeireiro O caldeireiro! Chegou o caldeireiro! Esta era a designação atribuída ao homem arranjador das panelas, tachos e púcaros de alumínio que, com o andar dos anos, se iam rompendo. Chegava o caldeireiro com a sua família ao centro de S. Lourenço e ali se instalava, no largo do sr. Albertim, à espera dos seus clientes.  Após uma boa temporada, talvez um ano, pela primavera ou já mais próximo do verão, o caldeireiro vinha da sua terra para outras ganhar os trocos do seu sustento e da sua mulher e filhos.  Com uma pequena placa de ferro assente no chão a servir de bancada de trabalho, um martelito, uma tesoura para cortar o alumínio e um instrumento rudimentar para fazer as soldaduras, ali permanecia, dois ou três dias, sentado quase de cócoras num mocho. Batia o alumínio, cortava-o, batia novamente, soldava e voltava a bater até vedar bem o rasgo da panela. Depois de realizado algum trabalho e ganho já algum dinheirito, o caldeireiro juntava-se aos do jogo do fito que, a

O largo do sr. Albertim (IV)

De Jorjais, vinha o alfaiate a S. Lourenço Quem aparecia mais amiúde no largo do sr. Albertim era o alfaiate de Jorjais – Jorjais de Perafita, freguesia de Vila Verde, concelho de Alijó. De Jorjais vinha aos domingos, não todos, claro, talvez de quinze em quinze dias ou de mês a mês, dependendo da obra encomendada. Fazia transportar-se numa antiga motoreta e também ele desenvolvia o seu negócio naquele largo, mais precisamente no interior do estabelecimento do sr. Albertim ou, quando se tratasse de atender os mais recatados, no armazém ao lado.  Era mostrado ao alfaiate o tecido comprado previamente em alguma feira das redondezas ou em Vila Real, as medidas eram anotadas e, passados uns domingos, lá vinham as calças, os calções ou o fato novo! O largo do sr. Albertim (V)

Rua da Fonte, S. Lourenço

Em visita à rua da Fonte - S. Lourenço, com António Vilela, em 26-04-2019

O largo do sr. Albertim (III)

Os pantomineiros – Chegou a pantomina ao largo do sr. Albertim! Alguns comentários têm surgido como ecos de memórias, expressos na sequência dos artigos sobre o largo do sr. Albertim e as atividades que por lá iam acontecendo. Alzira Cabral recorda, por exemplo, os atores ambulantes que se instalavam no largo para espetáculos de pantomina. – Chegou a pantomina ao largo do sr. Albertim! Ou dizia-se também: – Lá vêm os pantomineiros! Convém não confundir os dois sentidos da palavra “pantomineiros” que pode querer dizer “alicantineiros”, “intrujões”, “trapaceiros”, “mentirosos”, mas também significar os que representam com mímica – exibição teatral por meio de gestos. Evidentemente são estes que recordamos, dignificamos e ainda hoje admiramos pelo esforço que despendiam para divertir as gentes das aldeias. Normalmente eram uma família, homem, mulher e três ou quatro filhos menores que chegavam numa carroça puxada por um cavalo. Traziam consigo as coisas mais simples para vive

Pão-de-Ló

Pão-de-Ló "abatido", por Amélia Raio Há receitas gastronómicas que não se compadecem com medidas, quantidades ou pesos. As experiências são a melhor forma de encontrar sabores de acordo com as papilas gustativas de cada pessoa, responsáveis por captar estímulos dos alimentos. No caso presente, um simples pão-de-ló, doce muito apreciado e degustado por alturas da Páscoa, pode confecionar-se de modos muito distintos de região para região e de família para família. Este que mostramos pela imagem é tão só a reunião de três ingredientes: ovos, açúcar e farinha.  Foram oito os ovos acrescentados ao açúcar, tudo muito bem batido. De seguida, acrescentou-se a farinha numa proporção inferior à quantidade de açúcar. Já no forno, é essencial desligar do calor o pão-de-ló antes do tempo, isto é: no momento em que o bolo se mostra quase a sair da forma, desliga-se o forno, mantendo-se este fechado por mais uns instantes. Imediatamente o pão-de-ló crescido se abate, reduzindo-se q

Paredes

Paredes, lugar da freguesia de S. Lourenço Paredes, freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão, concelho de Sabrosa No lugar das Paredes, freguesia de S. Lourenço de Riba Pinhão, como relata o senhor padre Seraphim Alvares, reytor da Igreja Matriz de Sam Lourenço de Riba Pinhão, em documento datado de 3 de março do ano de 1758, existe uma capela da Senhora da Purificação com uma imagem de vulto que faz muitos milagres; no lugar de Arcam (Arcã) há outra capela – a capela de S. Gonçalo – também com a respetiva imagem do santo; no lugar de Villar de Sellas (Vilar Celas) outra com a imagem de Santa Bárbara e no lugar da Delegada outra com o título de S. Brás.  No lugar de S. Lourenço, além da igreja matriz, há uma capela com o título de Nossa Senhora da Conceição e outra com o título de Santa Marinha. Nos dias dos seus santos, concorrem às ditas capelas muitas pessoas devotas. Referindo-se à freguesia de Sam Lourenço de Riba Pinhão no seu todo, o senhor padre Seraphim Alvares escreveu nesse

Saudel

Saudel, lugar da freguesia de S. Lourenço No documento transcrito no livro "Estudos Transmontanos e Durienses II" - edição do Arquivo Distrital de Vila Real, que referimos em artigo anterior " São Lourenço de Riba Pinhão, em 1758 ", o senhor padre Seraphim Alvares, nas suas respostas, mencionou e descreveu o lugar de Saudel e o santuário de Nossa Senhora da Saúde. O lugar de Saudel fica num alto, a pouca distância da igreja matriz, em campos cultivados, onde se colhe o pão e feijões. O lugar possui uma capela com o título de Nossa Senhora da Saúde cujo interior é revestido de painéis de azulejos onde consta, na pintura, a ascenção da Virgem Nossa Senhora. Nossa Senhora da Saúde é representada por uma imagem de vulto muito antiga que, por tradição, se diz que foi descoberta naquele sítio por uma pastora que apascentava gado, encontrando-a dentro de um sino admirável que está nesta capela.  A curta distância, da parte nascente, encontra-se uma copiosa fonte que

São Lourenço de Riba Pinhão, em 1758

Freguesia de São Lourenço, em 1758 Consta no livro "Estudos Transmontanos e Durienses II", uma edição do Arquivo Distrital de Vila Real, documento com um conjunto de respostas escritas pelo senhor padre Seraphim Alvares, reytor da Igreja Matriz de Sam Lourenço de Riba Pinhão, datada de 3 de março do ano de 1758, sobre esta freguesia transmontana, atualmente pertencente ao concelho de Sabrosa, distrito de Vila Real. Do que escreveu então o pároco da freguesia, resumimos neste artigo o que achamos de maior relevância e curiosidade sobre S. Lourenço, os lugares que lhe pertencem e também sobre o rio vizinho - o rio Pinhão - que desagua no rio Douro no lugar do Pinhão, nesse tempo conhecido por "fos Pinhão". A freguesia de Sam Lourenço de Riba Pinhão, em 1758, era constituída por cento e cinquenta e dois fogos, trezentas e setenta e oito pessoas adultas e setenta e três pessoas menores. Escreve o senhor padre Seraphim Alvares que esta freguesia está situada ent

Santuário de Nossa Senhora da Saúde

Santuário de Nossa Senhora da Saúde Saudel, S. Lourenço O Santuário de Nossa Senhora da Saúde, mostrado em imagem de 14 de outubro de 2017, situa-se numa pequena localidade da freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão - Saudel -, dentro da parte norte do concelho de Sabrosa, distrito de Vila Real. Segundo os crentes, Nossa Senhora terá aparecido junto ao lugar onde mais tarde foi erigida a capela com o nome Capela de Nossa Senhora da Saúde. Todos os anos, nos dias 7, 8 e 9 de Agosto é realizada uma romaria em honra de Nossa Senhora da Saúde aonde acorrem numerosos forasteiros vindos das diferentes partes de Portugal e também de alguns países onde comunidades de emigrantes permanecem, não deixando, pelo menos nessa altura do ano, de prestar culto a Nossa Senhora. Muito próximo da capela, uma fonte milagrosa brota incessantemente água muito apreciada pela sua frescura e limpidez. O Santuário está implantado num grande espaço arborizado com um pequeno lago circular e dois coretos. P

O largo do sr. Albertim (II)

Vista para o centro de S. Lourenço, da Igreja Expressamos, em primeiro lugar, neste segundo artigo acerca do largo onde a vida de S. Lourenço se concentrava, a satisfação do autor em verificar as reações dos laurentinos inseridas no Facebook, a propósito do largo do sr. Albertim, demonstrando interesse e gosto com palavras sugestivas. Por entre os vários comentários, alguém reparou que faltava uma palavra sobre o sr. Albertim. Deste modo, tomamos a liberdade de transcrevê-la com um agradecimento pessoal. Cito, assim, Manuela Silva: “Falta uma palavra sobre o Senhor Albertim ... Quando, no primeiro dia de férias lá chegava, havia sempre um sorriso rasgado e uns rebuçadinhos. Os rebuçadinhos adoçavam a boca e o sorriso, a alma...” Mas outros comentários foram igualmente interessantes, contendo alguns deles referências a outras lembranças, como por exemplo a biblioteca itinerante mencionada pelo Altino Pereira, a residir atualmente no centro de Paris.

O largo do sr. Albertim

O largo onde a vida de S. Lourenço se concentrava S. Lourenço, já aqui demos conta, é uma aldeia do concelho de Sabrosa, de habitações dispersas. Pequenos lugares distanciados uns dos outros e aglomerados de casas implantados em pontos determinados fazem esta linda povoação – S. Lourenço de Ribapinhão. Nas décadas de 1960 e 1970, épocas especiais e memoráveis, a vida no centro da aldeia, concretamente no largo do sr. Albertim, onde existia a mercearia mais importante e mais bem recheada das redondezas, era preenchida pelos laurentinos e habitantes de outras paragens com uma dinâmica peculiar. Poderá dizer-se que, para além da Igreja e do Arrabalde, muita da atividade importante em S. Lourenço tinha lugar naquele largo e na estrada mesmo em frente. Assim, refiram-se alguns exemplos de acontecimentos de diversão e outros de uma certa e singela atividade económica, independentemente dos negócios e serviços públicos que naquele estabelecimento comercial se implementavam e prestava

São Lourenço

É de todos conhecido que algumas aldeias ou lugares há com a designação “S. Lourenço”, (em língua espanhola “San Lorenzo”) atribuída pelo Santo com o mesmo nome, diácono da Igreja Romana que morreu mártir com a perseguição de Valeriano, imperador de Roma entre os anos de 253 e 260. São Lourenço é o padroeiro dos diáconos que, desde o início da Cristandade, tinham como missão principal a distribuição de ajuda aos pobres. São Lourenço nasceu em território hoje pertencente à Espanha e foi diácono e secretário do Papa Xisto II, também este martirizado no tempo do mesmo imperador. Assinala-se o 10 de agosto como dia de São Lourenço em virtude de ter acontecido nesse dia do ano de 258 o seu martírio e morte, em Roma. Assim, São Lourenço é o nome que engrandece e orgulha a freguesia de S. Lourenço, neste caso concreto S. Lourenço de Ribapinhão, do concelho de Sabrosa, distrito de Vila Real. De Ribapinhão pelo facto de se situar sobranceiramente ao rio Pinhão, afluente do Douro. A ald

S. Lourenço