O largo do sr. Albertim (III)NetBila'News Avançar para o conteúdo principal

O largo do sr. Albertim (III)

Os pantomineiros

– Chegou a pantomina ao largo do sr. Albertim!
Alguns comentários têm surgido como ecos de memórias, expressos na sequência dos artigos sobre o largo do sr. Albertim e as atividades que por lá iam acontecendo. Alzira Cabral recorda, por exemplo, os atores ambulantes que se instalavam no largo para espetáculos de pantomina.
– Chegou a pantomina ao largo do sr. Albertim!
Ou dizia-se também:
– Lá vêm os pantomineiros!
Convém não confundir os dois sentidos da palavra “pantomineiros” que pode querer dizer “alicantineiros”, “intrujões”, “trapaceiros”, “mentirosos”, mas também significar os que representam com mímica – exibição teatral por meio de gestos. Evidentemente são estes que recordamos, dignificamos e ainda hoje admiramos pelo esforço que despendiam para divertir as gentes das aldeias. Normalmente eram uma família, homem, mulher e três ou quatro filhos menores que chegavam numa carroça puxada por um cavalo. Traziam consigo as coisas mais simples para viverem o dia a dia, como alguns utensílios de cozinha e um ou dois cobertores para pernoitarem, e o necessário para realizar o espetáculo de pantomina que consistia em alguns números de palhaços, trapézio e magia. O casal atuava em conjunto e, às vezes, com o filho ou filha mais crescidos.
Chegavam então os pantomineiros pela manhã: entravam no largo e pediam autorização ao sr. Albertim para ali permanecerem. Solicitavam também que lhes fosse fornecida energia elétrica através de uma gambiarra, pois o espetáculo começava ao lusco-fusco mas prolongava-se um pouco pela noite. Entretanto, o cavalo era posto num qualquer lameiro ali próximo a pastar, de modo a aguentar no dia seguinte o percurso até à aldeia mais próxima.
Após a janta, os habitantes de S. Lourenço aglomeravam-se em massa no largo e em seu redor com, pelo menos, uma moedinha no bolso para compensarem os pantomineiros que, no final do espetáculo, de chapéu na mão, humildemente passavam pela plateia, recolhendo o proveito do trabalho.
Depois de sonharem com o espetáculo, levantavam-se bem cedo algumas crianças para reverem os pantomineiros.
– Oh! Já se foram embora, talvez para Souto Maior!
– Voltarão para o ano, quem sabe, no início do verão!

O largo do sr. Albertim (IV)

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