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No tempo dos antigos

No "mou" tempo! por Jorge Lage O tempo anual no meio rural media-se, e ainda se mede para os mais velhos, pela vida das pessoas, pelas colheitas dos frutos e outras fainas agrícolas do que pelos meses do ano. Depois, com mais precisão, era marcado pelas feiras e romarias e pelo calendário litúrgico. Ainda havia outros factos ou tempos nefastos para datar períodos mais longos. Começa assim a canção popular: Raparigas do meu tempo, Rapazes da mesma idade, Já que eu me caso tão cedo, Gozai vós a mocidade! Era o tempo de solteiro que passava para quem se decidia pelo casamento. Nesse tempo, o rapaz casava com a rapariga e a rapariga escolhia um rapaz. Para trás ficava o «tempo de escola», para quem a podia frequentar. Ficava, ainda, «o tempo de rapaz» e «o tempo de rapariga», que, geralmente, quase coincidia com a adolescência, «o tempo de solteiro». A pessoa que casava passava a ter o estatuto de homem ou de mulher adul

Os Jogos Populares: Onze Anos de História

Os Jogos Populares, de António Cabral Os Jogos Populares: Onze Anos de História - de António Cabral Deste livro, "Os Jogos Populares (onze anos de história)", de António Cabral, transcrevemos algumas referências.  O livro regista, em primeiro lugar, a ação que o Centro Cultural Regional de Vila Real desenvolveu em favor da animação, recolha, investigação e promoção dos jogos populares da região de Trás-os-Montes e Alto Douro, segundo palavras do autor, no próprio livro. Para além disso, o CCRVR, participou em ações em que estiveram presentes jogos de outras regiões portuguesas e de outros países, contribuindo para a sua difusão. António Cabral afirma no seu livro que, em 13 de novembro de 1977, se iniciou o movimento de recuperação festiva dos jogos populares, tanto em Portugal como no resto do mundo. Por outro lado, pertence ao autor a primeira obra em que se avalia uma vasta recolha de jogos populares portugueses no seu estudo psicológico, antropológico, semiótico e históri

Jogos Populares Portugueses

Jogos Populares Portugueses, de António Cabral por Editorial Domingos Barreira No livro "Jogos Populares Portugueses" diz o seu autor – António Cabral: "...Vejamos como os jogos do nosso povo, tradicionais ou não, se ligam frequentemente ao trabalho, sobretudo ao rural, e não podem entender-se no seu verdadeiro significado sem que essa ligação seja tida na devida conta. A ligação em alguns é mais do que evidente, como é o caso dos jogos do malhão, da reca, das andas, do ferro bacelar, das corridas de burros, de cântaros, etc. O burro utilizava-se, como ainda se utiliza, para transporte de cargas e de pessoas, à ida e à vinda do trabalho do campo e para serviços com ele relacionados." Todas as formas culturais evoluem. Estão sujeitas às vicissitudes do tempo, às mudanças sociais, a novas influências estéticas e a novoas ritmos de vida. Mas a essas formas culturais subjaz um quotidiano das comunidades reflectido numa identidade específica que se projecta na cultura do

O Jogo Infantil

O Jogo Infantil: Período sensório-motor por António Cabral «O jogo consiste em transformar um meio num fim em si mesmo», disse Piaget. Isso acontece com o jogo infantil. No seu quarto estádio de desenvolvimento, entre os 8 e os 12 meses (período sensório-motor), a criança aprende a separar os meios dos fins e o jogo surge. Por exemplo: uma bola com que brinca escapa-se para trás de um obstáculo; antes, fora do alcance visual, não a procurava, mas agora sim. Ultrapassar o obstáculo é o meio a que pode achar graça. Se o converte num fim aparece o jogo. O mesmo sucede com o jogo popular. O homem que lança fora do campo, onde trabalha, a pedra que o estorva pode converter o lançamento num fim em si mesmo e assim nasce o jogo do malhão. in Jogos Populares Portugueses , de António Cabral

Jogo do Barril

Jogo típico do Alto Douro por António Cabral António Cabral, Castedo do Douro 1. Usa-se um barril dos que se utilizam para guardar ou transportar vinho, mas sem os dois tampos, e suspende-se a uma altura de cerca de meio metro do solo. 2. Os concorrentes partem da meta, um de cada vez, e terão de passar pelo interior do barril, dele sair totalmente, voltar pelo mesmo caminho e cortar a meta. 3. A distância entre a meta e o barril é da responsabilidade do júri. 4. Vence a prova o que a fizer em menos tempo. Jogo típico do Alto Douro, em particular do concelho da Régua. Evoca os trabalhos preparatórios das vindimas em que os lavradores, directamente ou socorrendo-se de tanoeiros, consertam as vasilhas para o vinho. Isso acontece normalmente entre meados de Agosto e de Setembro e é, então, natural que o jogo apareça. Quando as vasilhas estão ainda sem as tampas, o rapazio, feito olhapim das mil e uma habilidades artesanais, descobre o processo de se divertir, enfiando-se por elas dentro,

Os Jogos Populares e o Ensino (2)

Ensinar jogando No seu livro "Jogos Populares Portugueses", António Cabral chega a conclusões muito interessantes e, de facto, muito importantes para o desenvolvimento do ensino, muito especialmente o ministrado às crianças. No capítulo "Os Jogos Populares e o Ensino", António Cabral refere duas frases de dois estudiosos desta matéria: - Todo o comportamento é motivado - disse Young em 1936; - As tentativas experimentais para demonstrar a aprendizagem sem motivação provaram ser todas equívocas - disse Bugelski. O aluno aprenderá tanto mais e melhor quanto mais despertado for, ou seja, para manter o aluno interessado e atento, o professor deve motivá-lo despertando nele a curiosidade e o interesse em saber aquilo que desconhece, chegando-se assim à conclusão que: - Face às novas concepções do processo de aprendizagem, a motivação passou a constituir o centro de interesse de todo o processo educativo

Os Jogos Populares e o Ensino

Porque não têm atribuído importância aos jogos populares? por Editorial Domingos Barreira ,  numa publicação, neste blogue, de 19 de maio de 2006 Que os jogos educam é ponto mais ou menos assente. Daí que os professores de Educação Física, em cumprimento dos programas que vêm do Governo, organizem, para além da ginástica, jogos de voleibol, basquetebol, andebol, etc. Mas porque não têm atribuído a mesma importância aos jogos populares? Estes vão-se permitindo (alguns) nas escolas primárias, até porque seria impossível contrariar sempre os gostos das crianças. Claro que há professores que incentivam a sua prática. Mas porque é que os jogos populares estão à margem do desporto que se pratica no ensino secundário e universitário? Porque a instrução, quanto mais elevado for o seu grau, implica a massificação, a nivelação cultural, o esquecimento e o repúdio da cultura popular? Ninguém escreve isto assim, talvez poucos o pensem com tal agre

As castanhas e os jogos

Jogo de damas com castanhas por Jorge Lage Há algumas décadas escasseavam os brinquedos comercializados, especialmente nos meios rurais e ainda mais o pecúlio para os adquirir. Se em muitos lares não havia dinheiro para pão, como se podia pensar em comprar brinquedos? Nesses tempos, as crianças brincavam especialmente com materiais (paus, pedras, areia), frutos (castanhas, nozes, avelãs, bolotas, abóboras, pinhas, maçarocas de milho), folhas e bugalhos, colhidos directamente da natureza. Com folhas, frutos, paus e pequenos cacos, ainda hoje se joga às casinhas, representando cenas da vida doméstica ou da imaginação criativa infantil. A manufactura dos próprios brinquedos é já um jogo de construção, que desenvolve a habilidade manual, a criatividade e o amor pela obra produzida. Conjuntamente com nozes, bolotas, bugalhos, paus, cortiça e casca de pinheiro, as castanhas são, no período em que abundam, dos objectos lúdicos mais utilizados.

Paredes, S. Lourenço de Ribapinhão

Paredes, S. Lourenço de Ribapinhão, concelho de Sabrosa 12-01-2021

A Leira

A leira: a Marela e a Biôsa por Paulo André Da Silva O lavrador aricava a sua leira agarrando fortemente o arado para não dar cabo do renobo e afoutava a mula já velha e com poucas forças. Entrementes ia pensando na zargolina que tinha apanhado no dia anterior. A água d'arcos da catalana do seu amigo Maneta, era boa! O barbamzum do andubinho estava sempre a passar! Aquilo provocou uma grossabagolhoça que vai demorar a desaparecer. Ainda por cima, antes do jantar, já o sol estava bem a pique e a fome apertava, e aquela repolhaça russa nem um chismiz de bica me deu! Isto de um homem andar sempre no monte vira um samalagantas que só sabe comer em cuncas. Estouque tenho que ganhar juízo! Enquanto o Barrosão cismava no que lhe tinha acontecido, a mula arreou e ele, rápido, afagou-lhe a pele e tudo voltou ao normal. – Não tinha ficado mal, não senhora – pensou ele.  Os regos estavam que

Na formação de Portugal

Na formação de Portugal: Preponderante o papel de Santos Portugueses por Barroso da Fonte O Grupo dos Amigos da Piconha nasceu dia 19 de Fevereiro de 2005, durante uma confraternização entre Transmontanos, mais ligados à Região de Barroso. Começou por uma aposta entre dois dos presentes, sobre quem ganharia as eleições legislativas do dia seguinte. Quem perdeu, pagou. Para engrossar o grupo, começaram por convidar os restantes membros da mesa. Depois o homenageado desse dia, mais um por isto e mais outro por aquilo. Fixou-se o grupo em doze casais. Vivem dispersos por todo o país: Lisboa, Gaia, Porto, Guimarães, Chaves. Mas para epicentro elegeu-se Tourém, no concelho de Montalegre. E, para pretexto das várias reuniões culturais, gastronómicas e turísticas, escolheu-se o simbolismo histórico do Castelo da Piconha que foi Português até ao Tratado dos Limites, em 1864, que pretendeu endireitar as fronteiras entre Portugal e a Espanha. Como sempre acontece em partilhas, uns ganham e outro

Manuel Henriques Pires Fontoura

Manuel Fontoura: primeiro discurso na Assembleia da República, em 1978 Excerto 3 Via férrea – Que dizer o que foi até hoje a linha do Corgo? Pelo seu traçado sinuoso, pelo seu obsoleto, inestético e incómodo material de tracção em circulação, digno de museu, é um verdadeiro atentado feito a todos quantos trabalham e vivem nessas pobres terras. Digo até hoje porque, desde há dias, entraram em funcionamento novas locomotivas Diesel, que para já só têm a vantagem de não pegar fogo às matas e vinhas das propriedades limítrofes, pois o restante material continua a ser o mesmo, onde o aquecimento no Inverno não existe e a chuva e a neve são muitas vezes visitantes incómodos. Soubemos e alegramo-nos com a notícia de que brevemente este material de transporte vai ser substituído com gradual alteração e rectificação do actual traçado. Quero neste momento solidarizar-me com a tristeza e naturais apreensões das humildes gentes de algumas povoações

Deputado Manuel Fontoura

Manuel Fontoura: primeiro discurso na Assembleia da República, em 1978 Excerto 2 Manuel Fontoura Assim irei falar, não por ordem de importância, pois todas são importantes, mas naquelas que me parece merecerem, neste momento, uma certa prioridade e porque são o principal escolho e empecilho à entrada do progresso nas terras de Trás-os-Montes. Mesmo assim por onde começar? Pelo ensino, saúde, assistência na velhice, vias de comunicação, abastecimento de água, distribuição de energia eléctrica, habitação, saneamento básico, que sei eu, se tudo ou quase tudo nos falta? Como sem boas, ou pelo menos funcionais vias de comunicação, estradas, caminhos-de-ferro, via fluvial, e porque não, via aérea, os povos não se podem desenvolver e progredir, será por elas que irei começar. É a província de Trás-os-Montes servida por três grandes encruzilhadas que con