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A Leira

A leira: a Marela e a Biôsa

por Paulo André Da Silva


O lavrador aricava a sua leira agarrando fortemente o arado para não dar cabo do renobo e afoutava a mula já velha e com poucas forças.
Entrementes ia pensando na zargolina que tinha apanhado no dia anterior. A água d'arcos da catalana do seu amigo Maneta, era boa! O barbamzum do andubinho estava sempre a passar! Aquilo provocou uma grossabagolhoça que vai demorar a desaparecer. Ainda por cima, antes do jantar, já o sol estava bem a pique e a fome apertava, e aquela repolhaça russa nem um chismiz de bica me deu! Isto de um homem andar sempre no monte vira um samalagantas que só sabe comer em cuncas. Estouque tenho que ganhar juízo!
Enquanto o Barrosão cismava no que lhe tinha acontecido, a mula arreou e ele, rápido, afagou-lhe a pele e tudo voltou ao normal.
– Não tinha ficado mal, não senhora – pensou ele. 
Os regos estavam que nem um fuso e agora com aquela aricadela a leira parecia outra.
A Marela e a Biôsa faziam uma boa junta de vacas, do melhor que há. Além disso, mais ninguém conseguia lavrar como ele. O arado na mão dele era melhor que régua e esquadro.
Dali a uns meses, quando vier a cegada e a malhada, os vizinhos vão-lhe gabar a lavoura e, no fim, quando o Sol se puser por de trás do Larouco, os homens vão apanhar uma zargolina das grandes, com a catalana e o pipo a rodar por todos.

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