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As castanhas e os jogos

Jogo de damas com castanhas por Jorge Lage Há algumas décadas escasseavam os brinquedos comercializados, especialmente nos meios rurais e ainda mais o pecúlio para os adquirir. Se em muitos lares não havia dinheiro para pão, como se podia pensar em comprar brinquedos? Nesses tempos, as crianças brincavam especialmente com materiais (paus, pedras, areia), frutos (castanhas, nozes, avelãs, bolotas, abóboras, pinhas, maçarocas de milho), folhas e bugalhos, colhidos directamente da natureza. Com folhas, frutos, paus e pequenos cacos, ainda hoje se joga às casinhas, representando cenas da vida doméstica ou da imaginação criativa infantil. A manufactura dos próprios brinquedos é já um jogo de construção, que desenvolve a habilidade manual, a criatividade e o amor pela obra produzida. Conjuntamente com nozes, bolotas, bugalhos, paus, cortiça e casca de pinheiro, as castanhas são, no período em que abundam, dos objectos lúdicos mais utilizados.

Paredes, S. Lourenço de Ribapinhão

Paredes, S. Lourenço de Ribapinhão, concelho de Sabrosa 12-01-2021

A Leira

A leira: a Marela e a Biôsa por Paulo André Da Silva O lavrador aricava a sua leira agarrando fortemente o arado para não dar cabo do renobo e afoutava a mula já velha e com poucas forças. Entrementes ia pensando na zargolina que tinha apanhado no dia anterior. A água d'arcos da catalana do seu amigo Maneta, era boa! O barbamzum do andubinho estava sempre a passar! Aquilo provocou uma grossabagolhoça que vai demorar a desaparecer. Ainda por cima, antes do jantar, já o sol estava bem a pique e a fome apertava, e aquela repolhaça russa nem um chismiz de bica me deu! Isto de um homem andar sempre no monte vira um samalagantas que só sabe comer em cuncas. Estouque tenho que ganhar juízo! Enquanto o Barrosão cismava no que lhe tinha acontecido, a mula arreou e ele, rápido, afagou-lhe a pele e tudo voltou ao normal. – Não tinha ficado mal, não senhora – pensou ele.  Os regos estavam que

Na formação de Portugal

Na formação de Portugal: Preponderante o papel de Santos Portugueses por Barroso da Fonte O Grupo dos Amigos da Piconha nasceu dia 19 de Fevereiro de 2005, durante uma confraternização entre Transmontanos, mais ligados à Região de Barroso. Começou por uma aposta entre dois dos presentes, sobre quem ganharia as eleições legislativas do dia seguinte. Quem perdeu, pagou. Para engrossar o grupo, começaram por convidar os restantes membros da mesa. Depois o homenageado desse dia, mais um por isto e mais outro por aquilo. Fixou-se o grupo em doze casais. Vivem dispersos por todo o país: Lisboa, Gaia, Porto, Guimarães, Chaves. Mas para epicentro elegeu-se Tourém, no concelho de Montalegre. E, para pretexto das várias reuniões culturais, gastronómicas e turísticas, escolheu-se o simbolismo histórico do Castelo da Piconha que foi Português até ao Tratado dos Limites, em 1864, que pretendeu endireitar as fronteiras entre Portugal e a Espanha. Como sempre acontece em partilhas, uns ganham e outro

Manuel Henriques Pires Fontoura

Manuel Fontoura: primeiro discurso na Assembleia da República, em 1978 Excerto 3 Via férrea – Que dizer o que foi até hoje a linha do Corgo? Pelo seu traçado sinuoso, pelo seu obsoleto, inestético e incómodo material de tracção em circulação, digno de museu, é um verdadeiro atentado feito a todos quantos trabalham e vivem nessas pobres terras. Digo até hoje porque, desde há dias, entraram em funcionamento novas locomotivas Diesel, que para já só têm a vantagem de não pegar fogo às matas e vinhas das propriedades limítrofes, pois o restante material continua a ser o mesmo, onde o aquecimento no Inverno não existe e a chuva e a neve são muitas vezes visitantes incómodos. Soubemos e alegramo-nos com a notícia de que brevemente este material de transporte vai ser substituído com gradual alteração e rectificação do actual traçado. Quero neste momento solidarizar-me com a tristeza e naturais apreensões das humildes gentes de algumas povoações

Deputado Manuel Fontoura

Manuel Fontoura: primeiro discurso na Assembleia da República, em 1978 Excerto 2 Manuel Fontoura Assim irei falar, não por ordem de importância, pois todas são importantes, mas naquelas que me parece merecerem, neste momento, uma certa prioridade e porque são o principal escolho e empecilho à entrada do progresso nas terras de Trás-os-Montes. Mesmo assim por onde começar? Pelo ensino, saúde, assistência na velhice, vias de comunicação, abastecimento de água, distribuição de energia eléctrica, habitação, saneamento básico, que sei eu, se tudo ou quase tudo nos falta? Como sem boas, ou pelo menos funcionais vias de comunicação, estradas, caminhos-de-ferro, via fluvial, e porque não, via aérea, os povos não se podem desenvolver e progredir, será por elas que irei começar. É a província de Trás-os-Montes servida por três grandes encruzilhadas que con

Manuel Fontoura, genuíno transmontano

Manuel Fontoura: primeiro discurso na Assembleia da República, em 1978 Excerto 1 Manuel Fontoura, enquanto Secretário da Mesa da Assembleia da República, ao lado direito do então Presidente da Assembleia da República, Leonardo Ribeiro de Almeida Manuel Henriques Pires Fontoura, genuíno transmontano, para além da sua vida familiar exemplar, sempre ao lado de sua esposa Adelina, também transmontana, e por ela constantemente apoiado, aconselhando-o nas diversas decisões, algumas difíceis, tomadas ao longo de uma vida em comum, juntamente com filhos, netos e bisnetos, Manuel Fontoura foi um homem de trabalho, muito ativo socialmente, ligado a movimentos e associações, guiando-se fielmente por princípios cristãos até ao fim dos seus dias. Participou durante muitos anos na vida política regional, mas também a nível nacional enquanto deputado.  Transcrevo, nestas páginas, em alguns excertos, o seu primeiro grande discurso na Assembleia da República, em 31 de janeiro de 1978, a propósito das c

Uma história sobre o Santuário de S. Bento da Porta Aberta

Reprodução de uma história sobre o Santuário de S. Bento da Porta Aberta, no Minho, contada a Manuel Fontoura, em 15 de setembro de 1941, quando se dirigia ao Colégio de Singeverga, para, aí, iniciar os seus estudos, após a instrução primária.  Informação recolhida da Autobiografia de Manuel Henriques Pires Fontoura, que designou como “Autobiografia de um homem simples”, editada em maio de 2008.

Manuel Fontoura

Manuel Henriques Pires Fontoura Manuel Henriques Pires Fontoura nasceu em Montalegre a 12 de agosto de 1925. Ingressou nos Serviços Florestais de Vila Real em 1951, tendo chegado ao cargo de Chefe de Secção. Ainda nos Serviços Florestais, na Circunscrição de Santarém, tomou posse como chefe de repartição, em 1995, tendo-se Jubilado em 12/8/1995. Exerceu ainda as seguintes funções: Secretário-geral da Associação de Futebol de Vila Real, de 1972 a 1980; Presidente do Clube Vilarealense de Pesca Desportiva, em 1974; em 1975, Vice-presidente da Assembleia-geral, sendo eleito presidente da mesma, em 1976; Membro efetivo da Primeira Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Vila Real, de 28/10/1974 a 25/5/1976; Deputado à Assembleia da República, de 3/7/1976 a 12/11/1980; Secretário da Mesa da Assembleia da República, de 8/1/1980 a 12/11/1980; Presidente da Direção da Associação de Futebol de Vila Real, de 1980/81 a 1995/96;

A lenda do cavaleiro de ouro

  Reporta-se esta lenda ao lugar onde existem as mamoas de Santa Bárbara, e a uma mulher de Sabrosa que, durante a noite, seguiu, sonâmbula, um cavaleiro com uma armadura dourada que tinha visto em sonhos. Da monografia do concelho de Sabrosa "SABROSA da Pré-História à Actualidade" de A. M. Rocha Soares.

Monografia de Sabrosa

"SABROSA da Pré-História à Actualidade" de A. M. Rocha Soares Sabrosa Desde há uns dias a esta parte, folheio, de novo, as páginas da Monografia do Concelho de Sabrosa, dando conta da importância deste livro, para quem tem a vontade ou simples curiosidade em conhecer melhor a História e histórias do concelho, cujo autor é A. M. Rocha Soares , personalidade sabrosense que referi já em artigos anteriores.  A monografia “SABROSA Da Pré-História à Actualidade” é uma edição do Município de Sabrosa, do tempo em que José Marques foi Presidente da Câmara Municipal, referindo na parte final do seu texto introdutório, inserto neste livro: Com a edição desta obra, que se constitui como a primeira Monografia do Concelho, mais uma vez, António Manuel Soares, presta um elevado serviço cultural à Comunidade Sabrosense. Trata-se de uma obra de homenagem à terr

Património Arqueológico de S. Lourenço

Património arqueológico da freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão Mamoa de Madorras, Arcã, freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão Situa-se na freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão grande parte do património arqueológico, referente ao megalitismo (Neolítico Final – Bronze Final). Assim, no sítio das Madorras, em Arcã, uma impressionante mamoa, com cerca de trinta metros de diâmetro, revelou, na escavação de 1983-1989, espólio constituído por materiais cerâmicos, lâminas em sílex, contas de colar em xisto, ídolos e numerosos moventes e dormente de moinhos manuais (cf. Huet. B. Gonçalves, in ob. cit ). Outras mamoas da freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão: mamoa 2 das Madorras (Arcã), mamoa da Praina das Moutinhas, mamoas 1 e 2, do Salve Jorge (Arcã), mamoas 1, 2 e 3, da Seara Velha, no lugar da Seara Velha, e mamoa da serra das cebolas (Vilar de Celas). Também na área da freguesia de S. Lourenço se situa o cemitério das Touças (Vilar de Celas), com sepulturas talhadas em blocos granít

A freguesia de S. Lourenço

S. Lourenço de Ribapinhão, concelho de Sabrosa Santuário de Nossa Senhora da Saúde, em Saudel, S. Lourenço Até 31 de Dezembro de 1853, a freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão estava integrada no concelho de Vilar de Maçada, passando então a fazer parte do concelho de Alijó. A partir de 2 de Outubro de 1855, a freguesia de S. Lourenço passou a integrar o actual concelho de Sabrosa. No lugar do Vale das Gatas desenvolveu-se até ao início dos anos 80 do século XX, intensa actividade mineira, que já vinha dos anos 30 daquele século. A concorrência internacional na exploração e comércio do volfrâmio, sobretudo da parte da República Popular da China, levou ao fecho das minas do Vale das Gatas e ao drama social do desemprego que afectou muitas famílias do concelho, designadamente das freguesias de S. Lourenço e Souto Maior. A freguesia de S. Lourenço, constituída pelos lugares da Arcã, Delegada, Paredes, Saudel, S. Lourenço de Riba Pinhão, Vale das Gatas e Vilar de Celas, é uma das mais rica