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As Minas do Vale das Gatas, em 1943

Pequeno desafio aos laurentinos de S. Lourenço de Ribapinhão Como foi observado em artigo anterior – O volfrâmio das Minas do Vale das Gatas –, consta nesse mesmo artigo uma foto que, juntamente com outra apresentada hoje neste texto, estão as duas em simultâneo publicadas na revista “Visão”, na edição de 30 de janeiro de 1997, com a seguinte legenda: «Mina do Vale das Gatas, 1943: uma noite de pilhagem rendia o ordenado de um professor primário». Não duvidando da verdade jornalística dos autores desse artigo, Ferreira Fernandes e Filipe Fialho, associando os três mineiros e as crianças como intervenientes diretos nos trabalhos da recolha do minério, no Vale das Gatas, não consigo, contudo, ligar os lugares e as circunstâncias em que as fotos foram captadas com sítios mais ou menos conhecidos do Vale das Gatas e pessoas que lá trabalharam, sendo certo que as imagens se referem a uma data já distante, essa de 1943. Setenta e sete anos passaram, reconhecendo-se que será difícil alguém d

Recordando as Minas do Vale das Gatas

Vale das Gatas, S. Lourenço de Ribapinhão, Sabrosa Vale das Gatas (vista parcial) Volto ao artigo da revista “Visão” referido em artigos anteriores, contribuindo de certa maneira como ajuda à recordação das minas do Vale das Gatas, em S. Lourenço, no concelho de Sabrosa, não só nos anos áureos da sua laboração, mas também, porque não, no lugar que é hoje e nas pessoas que lá habitam, alguns, eventualmente, descendentes dos antigos mineiros e das mulheres e homens que trabalharam por exemplo na separadora e na lavaria.  Passados estes anos, as histórias são muitas, e ditos há que só alguns poderão contar, e outros de tão irreais, conseguem, contudo, expressar as vivências das famílias nesse tempo em que o dinheiro era escasso. Com a necessidade do volfrâmio para as guerras, este transformou-se, pelo seu valor, em ouro, de tão valiosas que eram as pedras negras, servindo para participar nas ligas das blindagens dos carros de combate e dos projéteis para os perfurar, durante as primeira e

O volfrâmio das Minas do Vale das Gatas

A propósito de artigo da revista “Visão” sobre o Vale das Gatas A foto apresentada neste artigo foi publicada pela revista “Visão”, na sua edição do dia 30 de janeiro de 1997, a mesma que referiu a saudosa Senhora Maria Emília da Piedade, conhecida por Senhora Maria Emília da Ribeira, na altura, com 76 anos de idade, segundo refere o jornalista que publicou o trabalho sobre alguns aspetos das Minas do Vale das Gatas, em S. Lourenço de Ribapinhão, no concelho de Sabrosa. Mostra assim o autor da fotografia três trabalhadores que, supostamente, entram numa das minas ou dela saem. Esta imagem está legendada, mencionando a data de 1943, referindo-se como curiosidade na mesma legenda que uma noite de pilhagem rendia o ordenado de um professor primário, depreendendo-se que seria o ordenado mensal. Bem, sobre este assunto, muito se tem dito e ainda se diz. Ditos que se mantêm, mas certamente alterados pelo tempo e moldados de algum exagero. Comer caldo com pão-de-ló ou amortalhar o tabaco em n

A simplicidade de um arroz

Arroz para acompanhar uns bifes de vitela Sei bem que um simples arroz não necessita de grandes cuidados quando se trata de o cozinhar, ainda que haja quem diga nem um ovo saber estrelar e, por isso, nunca será demais deixar este testemunho do modo de preparação de um arroz a que pode chamar-se de chouriço ou de azeitonas. De gostos diversos dependerá o modo como se confeciona. No caso concreto, o sal não entra. Melhor dizendo: entra porque está já no chouriço e nas azeitonas. Coisa pouca, portanto, para um arroz que se pretende seco, sendo por isso o acrescento da água importante, no que se refere à sua quantidade. Servirá o arroz para acompanhar uns bifinhos de vitela, condimentados com azeite, sal, pimenta e alho. Para um tacho suficientemente largo, deite-se uma cebola média cortada miudinha. Acrescente-se uma porção de azeite, umas rodelas de chouriço e algumas azeitonas descaroçadas. Deixa-se estrugir suficientemente, com cuidados para não deixar queimar. A partir de determinada

Cantil e cabaça, de José António Raio, de Lagoaça

Cantil da antiga Guarda Fiscal A Guarda Fiscal era o corpo especial de tropas de Portugal responsável sobretudo pelo controlo fronteiriço. O cantil era usado pelos agentes que percorriam as fronteiras com Espanha, a pé, de dia ou de noite. Com eles levavam, geralmente, um pequeno farnel (um naco de pão, presunto, queijo ou salpicão) e vinho que transportavam no cantil. Este, de alumínio, de cor verde, tem uma forma ovalada, como mostra a fotografia e pertenceu a José António Raio, de Lagoaça, concelho de Freixo de Espada à Cinta. Foi usado nas décadas de 1930 e 1940. Dimensões: 21cm x 13cm x 4cm. A Guarda Fiscal foi extinta em 1993. Já na sua aposentação, José António Raio usava de igual modo uma cabaça, nas deslocações à horta, um pouco fora da aldeia, para a realização dos trabalhos agrícolas. Clique nas imagens para visualização em tamanho maior

Candeia da década de 1940

Candeia (2) Candeia - dimensões: 27cm x 7cm x 12cm Clique na imagem para visualizar em tamanho maior A foto mostra uma candeia semelhante à primeira, apresentada em artigo anterior . As candeias são também conhecidas por lamparinas ou, simplesmente, lâmpadas de azeite. Na parte inferior de um suporte, um pequeno vaso contém um óleo (azeite) combustível que alimenta o lume na extremidade de uma torcida (pavio, torcida ou mecha) que sai pelo bico. Dimensões: 27cm x 7cm x 12cm. Esta candeia, assim como a candeia anteriormente apresentada, foram usadas nas décadas de 1940/50 do século XX, em Lagoaça, Freixo de Espada à Cinta.

Surge o Tua, do Rabaçal e do Tuela

Chelas, Mirandela, entre o Rabaçal e o Tuela Surge este artigo, na sequência de outro recente " Era no tempo da apanha ", de Jorge Lage, servindo de simples curiosidade, naturalmente do conhecimento geral, não deixando, contudo, de suscitar algum interesse. Poderá dizer-se que, ao contrário de muitos outros, o rio Tua não nasce, mas sim surge já crescido da junção dos dois rios que envolvem a aldeia de Chelas, na freguesia de, Cabanelas, do concelho de Mirandela, ambos com origem no país vizinho. Aspeto de uma rua da aldeia de Chelas, Mirandela Muito terá Jorge Lage a dizer e ensinar sobre essa linda aldeia de Chelas de onde é natural, não me sentindo eu capaz de o fazer e, por isso, deixo aqui o repto ao escritor e investigador para, com todos os pormenores e saberes, escrever novos textos sobre Chelas, divulgando-os neste blogue – o NetBila, em netbilanews.com , sabendo bem que Jorge Lage, neste momento, novas pesquisas e novas aventuras de invest

Oleiro de Bisalhães

O Senhor Ramalho, oleiro de Bisalhães Foi em 1962 que fui para a estrada do Marão e já o meu pai lá tinha estado desde 1940, mais ou menos. Era um saltinho de Bisalhães até ali. Por volta de 1950, alcatroaram a estrada... Lá se ouve o barulho de um automóvel. Será que vai parar? Vinte ou trinta escudos era o que fazia num dia. Enquanto os meus filhos eram pequenos, a minha mulher vestia-os com qualquer trapo que comprava na feira. Quando cresceram, tive de arranjar emprego na Câmara. Era varredor, mas não gostava. Ao fim do dia, lá ia eu para o barraco que fiz ao pé da estrada. Aí tinha o forno, o barro e a roda. O pior era no Inverno: vinha o vento e muitas vezes partia-se a louça. E o frio? Muito lá rapei. E andei assim uns anitos. Depois fartei-me de varrer as ruas; o que eu gostava mesmo era fazer panelos. A "patroa" bem dizia: ó homem, um emprego é mais certo, e logo na Câmara. Não te metas em alhadas. Mas eu não quis saber e dediquei-me à arte a tempo inteiro. Dei um ar

"Era no tempo da apanha", por Jorge Lage

Ou da Barca!... Ou Ti Bnadito!... Era no tempo da apanha, em que o rio gelado pela fúria das invernias e das neves derretidas na serra da Sanábria impunha respeito, indo pelas bordas e levando o meio cheio. Rio Tuela, Chelas, Mirandela, antes de juntar-se ao rio Rabaçal, dando origem ao rio Tua As maiores incertezas assaltaram o Ranhiço, quando passou o S. Sebastião. Depois, foi andar de mata cavalos até ao «Alto da Maravilha», que hoje é cruzado pela A4. Passada a Maravilha (maravilhoso mar de Oliveiras medievas), o protesto do Ranhiço andar a altas horas da noite era dada pelo afouto latir dos cães da «Azenha do Riça». Duzentos metros à frente lançou o primeiro grito a «barar» a gélida noite: - Ooouuuu !... E avançava com o coração apertado, apenas escoltado, à direita, pelo enorme muro de xisto da Quinta do Pinto Azevedo. Aqui o grito foi mais forte e o muro agigantou-se e viu-se encurralado entre um muro ligado à fraga e pela frente o marulhar baixinho da correnteza que parecia con

Gatinhos

Dia a dia de uma gata e seus dois gatinhos! De manhã bem cedo, começa a azáfama da família de gatinhos que, apesar de selvagens, ali permanecem próximos do quintal, onde lhes são servidas as refeição e aí correm e brincam!

O milagre das novidades II

Tomate-cereja É bem conhecida, atualmente, esta variedade de tomate. Contudo, uma clara e breve explicação aqui se deixa, retirada do Dicionário da Língua Portuguesa:  "Tomate-cereja: variedade de tomate cujos frutos são do tamanho aproximado de uma cereja". " tomate-cereja ", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Também neste caso, tal como aconteceu com os figos referidos no artigo anterior , o tomate-cereja que apresento na imagem foi oferta de uma outra amiga, igualmente bondosa e simpática, amiga de distribuir e preocupada em não deixar estragar a sua colheita, oferecendo. Clique na imagem para ampliá-la O tomate-cereja come-se muito bem na sua simplicidade, como as cerejas. Mas, aprimorando um pouco, faça-se uma refeição ligeira ou acompanhe-se com qualquer outro prato. No caso, após a oferta e de imediato, decidiu-se numa espécie de simples homenagem à “novidade” e a quem no-la presenteou, colocar uma boa porção numa taça, lançando pequenas pedrinhas d

O milagre das novidades

As colheitas, os novos frutos! Houve já oportunidade de referir em anterior artigo neste blogue o significado da palavra “novidade”, ou no seu plural “novidades”, para os agricultores. As colheitas novas, os novos frutos, aos quais por vezes não damos a devida importância, aí estão prontinhos para completar as nossas refeições. Estes caminhos e costumes rotineiros, ano a ano, como as colheitas, são muitas vezes desvalorizados e encarados como normalidades, não se lhes dando o valor que merecem. Clique na imagem para ampliá-la Para quem não acredita em milagres, uma breve reflexão sobre este brotar da terra dos alimentos, ao mesmo tempo apreciando-os e degustando-os com respeito, amenizará certamente algumas considerações e correntes de pensamento.  Nem sempre os agricultores ficam satisfeitos com as suas colheitas. Vezes há em que a produção é escassa ou, pelas circunstâncias do tempo, as novidades nem sempre terão a qualidade desejada. Não é o caso dos preciosos figos que uma amiga o

Candeia

Candeia da década de 1940 Candeia - dimensões: 27cm x 7cm x 12cm Clique na imagem para visualizar em tamanho maior Objeto em folha delgada de ferro que servia para alumiar (iluminar) espaços interiores das habitações. Na parte inferior de um suporte, um pequeno vaso contém um óleo combustível que alimenta o lume na extremidade de uma torcida que sai pelo bico. Objeto da década de 1940. Esta candeia e outras semelhantes eram utilizadas regularmente, desde há muitas décadas até aos anos 70, do século XX. No entanto, julga-se que, em alguns pontos de Portugal, excecionalmente, ainda se utilizará, na falta de energia elétrica.