O volfrâmio das Minas do Vale das GatasNetBila'News Avançar para o conteúdo principal

O volfrâmio das Minas do Vale das Gatas

A propósito de artigo da revista “Visão” sobre o Vale das Gatas



A foto apresentada neste artigo foi publicada pela revista “Visão”, na sua edição do dia 30 de janeiro de 1997, a mesma que referiu a saudosa Senhora Maria Emília da Piedade, conhecida por Senhora Maria Emília da Ribeira, na altura, com 76 anos de idade, segundo refere o jornalista que publicou o trabalho sobre alguns aspetos das Minas do Vale das Gatas, em S. Lourenço de Ribapinhão, no concelho de Sabrosa.
Mostra assim o autor da fotografia três trabalhadores que, supostamente, entram numa das minas ou dela saem. Esta imagem está legendada, mencionando a data de 1943, referindo-se como curiosidade na mesma legenda que uma noite de pilhagem rendia o ordenado de um professor primário, depreendendo-se que seria o ordenado mensal. Bem, sobre este assunto, muito se tem dito e ainda se diz. Ditos que se mantêm, mas certamente alterados pelo tempo e moldados de algum exagero. Comer caldo com pão-de-ló ou amortalhar o tabaco em notas de mil são referências ouvidas em outros locais onde o volfrâmio foi explorado, e não apenas no Vale das Gatas.
Sobre a palavra “pilhagem”, neste contexto dita incorretamente, no meu entender, por desconhecimento ou facilidade no uso das palavras, julgo oportuno atenuar a carga do seu significado, naquelas circunstâncias em que as pedras negras abundavam, não só no subsolo, mas também à superfície dos terrenos que pertenciam aos baldios da freguesia de S. Lourenço, ou mesmo, muitos deles dos seus habitantes – terrenos particulares como as matas –, de onde os próprios donos estavam proibidos de retirar uma pedra de volfrâmio que fosse. Por isso, aqui e ali, às escondidas das autoridades que vigiavam a concessão atribuída à Companhia Mineira Norte de Portugal, quantas vezes pela calada da noite se abria um buraco para dali se extrair o minério, gerando-se deste modo uma espécie de economia paralela na região.

Deixo aqui uma nota de respeito à Senhora Maria Emília da Ribeira, ao seu saudoso marido, o Senhor Mateus da Ribeira e aos seus filhos e netos e outros familiares.


Comentários

  1. Bom dia!
    Vamos lá fazer uma publicação para se preservar tão importante memória. Abraço.

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