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Cantil e cabaça, de José António Raio, de Lagoaça

Cantil da antiga Guarda Fiscal A Guarda Fiscal era o corpo especial de tropas de Portugal responsável sobretudo pelo controlo fronteiriço. O cantil era usado pelos agentes que percorriam as fronteiras com Espanha, a pé, de dia ou de noite. Com eles levavam, geralmente, um pequeno farnel (um naco de pão, presunto, queijo ou salpicão) e vinho que transportavam no cantil. Este, de alumínio, de cor verde, tem uma forma ovalada, como mostra a fotografia e pertenceu a José António Raio, de Lagoaça, concelho de Freixo de Espada à Cinta. Foi usado nas décadas de 1930 e 1940. Dimensões: 21cm x 13cm x 4cm. A Guarda Fiscal foi extinta em 1993. Já na sua aposentação, José António Raio usava de igual modo uma cabaça, nas deslocações à horta, um pouco fora da aldeia, para a realização dos trabalhos agrícolas. Clique nas imagens para visualização em tamanho maior

Candeia da década de 1940

Candeia (2) Candeia - dimensões: 27cm x 7cm x 12cm Clique na imagem para visualizar em tamanho maior A foto mostra uma candeia semelhante à primeira, apresentada em artigo anterior . As candeias são também conhecidas por lamparinas ou, simplesmente, lâmpadas de azeite. Na parte inferior de um suporte, um pequeno vaso contém um óleo (azeite) combustível que alimenta o lume na extremidade de uma torcida (pavio, torcida ou mecha) que sai pelo bico. Dimensões: 27cm x 7cm x 12cm. Esta candeia, assim como a candeia anteriormente apresentada, foram usadas nas décadas de 1940/50 do século XX, em Lagoaça, Freixo de Espada à Cinta.

Surge o Tua, do Rabaçal e do Tuela

Chelas, Mirandela, entre o Rabaçal e o Tuela Surge este artigo, na sequência de outro recente " Era no tempo da apanha ", de Jorge Lage, servindo de simples curiosidade, naturalmente do conhecimento geral, não deixando, contudo, de suscitar algum interesse. Poderá dizer-se que, ao contrário de muitos outros, o rio Tua não nasce, mas sim surge já crescido da junção dos dois rios que envolvem a aldeia de Chelas, na freguesia de, Cabanelas, do concelho de Mirandela, ambos com origem no país vizinho. Aspeto de uma rua da aldeia de Chelas, Mirandela Muito terá Jorge Lage a dizer e ensinar sobre essa linda aldeia de Chelas de onde é natural, não me sentindo eu capaz de o fazer e, por isso, deixo aqui o repto ao escritor e investigador para, com todos os pormenores e saberes, escrever novos textos sobre Chelas, divulgando-os neste blogue – o NetBila, em netbilanews.com , sabendo bem que Jorge Lage, neste momento, novas pesquisas e novas aventuras de invest

Oleiro de Bisalhães

O Senhor Ramalho, oleiro de Bisalhães Foi em 1962 que fui para a estrada do Marão e já o meu pai lá tinha estado desde 1940, mais ou menos. Era um saltinho de Bisalhães até ali. Por volta de 1950, alcatroaram a estrada... Lá se ouve o barulho de um automóvel. Será que vai parar? Vinte ou trinta escudos era o que fazia num dia. Enquanto os meus filhos eram pequenos, a minha mulher vestia-os com qualquer trapo que comprava na feira. Quando cresceram, tive de arranjar emprego na Câmara. Era varredor, mas não gostava. Ao fim do dia, lá ia eu para o barraco que fiz ao pé da estrada. Aí tinha o forno, o barro e a roda. O pior era no Inverno: vinha o vento e muitas vezes partia-se a louça. E o frio? Muito lá rapei. E andei assim uns anitos. Depois fartei-me de varrer as ruas; o que eu gostava mesmo era fazer panelos. A "patroa" bem dizia: ó homem, um emprego é mais certo, e logo na Câmara. Não te metas em alhadas. Mas eu não quis saber e dediquei-me à arte a tempo inteiro. Dei um ar

"Era no tempo da apanha", por Jorge Lage

Ou da Barca!... Ou Ti Bnadito!... Era no tempo da apanha, em que o rio gelado pela fúria das invernias e das neves derretidas na serra da Sanábria impunha respeito, indo pelas bordas e levando o meio cheio. Rio Tuela, Chelas, Mirandela, antes de juntar-se ao rio Rabaçal, dando origem ao rio Tua As maiores incertezas assaltaram o Ranhiço, quando passou o S. Sebastião. Depois, foi andar de mata cavalos até ao «Alto da Maravilha», que hoje é cruzado pela A4. Passada a Maravilha (maravilhoso mar de Oliveiras medievas), o protesto do Ranhiço andar a altas horas da noite era dada pelo afouto latir dos cães da «Azenha do Riça». Duzentos metros à frente lançou o primeiro grito a «barar» a gélida noite: - Ooouuuu !... E avançava com o coração apertado, apenas escoltado, à direita, pelo enorme muro de xisto da Quinta do Pinto Azevedo. Aqui o grito foi mais forte e o muro agigantou-se e viu-se encurralado entre um muro ligado à fraga e pela frente o marulhar baixinho da correnteza que parecia con

Gatinhos

Dia a dia de uma gata e seus dois gatinhos! De manhã bem cedo, começa a azáfama da família de gatinhos que, apesar de selvagens, ali permanecem próximos do quintal, onde lhes são servidas as refeição e aí correm e brincam!

O milagre das novidades II

Tomate-cereja É bem conhecida, atualmente, esta variedade de tomate. Contudo, uma clara e breve explicação aqui se deixa, retirada do Dicionário da Língua Portuguesa:  "Tomate-cereja: variedade de tomate cujos frutos são do tamanho aproximado de uma cereja". " tomate-cereja ", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Também neste caso, tal como aconteceu com os figos referidos no artigo anterior , o tomate-cereja que apresento na imagem foi oferta de uma outra amiga, igualmente bondosa e simpática, amiga de distribuir e preocupada em não deixar estragar a sua colheita, oferecendo. Clique na imagem para ampliá-la O tomate-cereja come-se muito bem na sua simplicidade, como as cerejas. Mas, aprimorando um pouco, faça-se uma refeição ligeira ou acompanhe-se com qualquer outro prato. No caso, após a oferta e de imediato, decidiu-se numa espécie de simples homenagem à “novidade” e a quem no-la presenteou, colocar uma boa porção numa taça, lançando pequenas pedrinhas d

O milagre das novidades

As colheitas, os novos frutos! Houve já oportunidade de referir em anterior artigo neste blogue o significado da palavra “novidade”, ou no seu plural “novidades”, para os agricultores. As colheitas novas, os novos frutos, aos quais por vezes não damos a devida importância, aí estão prontinhos para completar as nossas refeições. Estes caminhos e costumes rotineiros, ano a ano, como as colheitas, são muitas vezes desvalorizados e encarados como normalidades, não se lhes dando o valor que merecem. Clique na imagem para ampliá-la Para quem não acredita em milagres, uma breve reflexão sobre este brotar da terra dos alimentos, ao mesmo tempo apreciando-os e degustando-os com respeito, amenizará certamente algumas considerações e correntes de pensamento.  Nem sempre os agricultores ficam satisfeitos com as suas colheitas. Vezes há em que a produção é escassa ou, pelas circunstâncias do tempo, as novidades nem sempre terão a qualidade desejada. Não é o caso dos preciosos figos que uma amiga o

Candeia

Candeia da década de 1940 Candeia - dimensões: 27cm x 7cm x 12cm Clique na imagem para visualizar em tamanho maior Objeto em folha delgada de ferro que servia para alumiar (iluminar) espaços interiores das habitações. Na parte inferior de um suporte, um pequeno vaso contém um óleo combustível que alimenta o lume na extremidade de uma torcida que sai pelo bico. Objeto da década de 1940. Esta candeia e outras semelhantes eram utilizadas regularmente, desde há muitas décadas até aos anos 70, do século XX. No entanto, julga-se que, em alguns pontos de Portugal, excecionalmente, ainda se utilizará, na falta de energia elétrica.

Ditos e provérbios

Ditos e provérbios, por Jorge Lage e Maria da Graça Do cerejo ao castanho, bem eu me arranjo; agora do castanho ao cerejo é que me vejo. Do cerejo ao castanho, bem me abanho; do castanho ao cerejo é que me vejo. A velha guardou a melhor cepa para comer as cerejas ao lume. Até ao S. Pedro tem o vinho medo. Junho floreiro, paraíso verdadeiro. A roupa suja lava-se em casa. Em Julho reina o gorgulho. Julho debulhar, Agosto engravelar. Por todo o mês de Julho o celeiro atulho. Julho quente, seco e ventoso, trabalha sem repouso. Em Julho abafadiço fica a abelha no cortiço. Junho calmoso, ano formoso. Pelo S. João, figo na mão. Julho o verde e o maduro. Em Julho o centeio no estadulho. Lua nova trovoada, trinta dias é molhada. Julho é o mês das colheitas e Agosto o das festas. Pelo S. Tiago, na vinha acharás bago, se não for maduro será inchado. Maçado como o sol de Agosto! Corra o ano como for, haja em Agosto e Setembro calor. O Verão colhe e o Inverno come.

Pela palha se conhece a espiga (provérbios)

Os provérbios que Maria da Graça e Jorge Lage enviam ao NetBila O sol de Junho madruga muito. No mês de Junho foices em punho. Pela palha se conhece a espiga. Pelo S. João os ouriços são do tamanho de um botão. Quem os pardais receia, o milho não semeia. A chuva de Santo António tira o pão à gente e dá o vinho ao demónio. Em Maio com sono caio. Maio que não der trovoada não dá coisa estimada. Guarda pão para Maio e lenha para Abril, que quem não veio há-de vir. Mal por mal, antes na cadeia do que no hospital. Maio frio e Junho quente: bom pão, vinho valente. Quem em Abril não varre a eira e em Maio não rega a leira, anda todo o ano em canseira. Se não chove em Abril, perde o lavrador couro e quadril. No princípio ou no fim, costuma Abril ser ruim. A geada de Março tira o pão do baraço e a de Abril nem ao baraço o deixa ir. Abril, tempo de cuco, de manhã molhado e à tarde enxuto. Quem não aparece, esquece; mas quem muito aparece, tanto lembra que aborrece.

Responso de Santo António

Responso de Santo António, enviado por Jorge Lage Beato Santo António se lebantou, Se bestiu e calçou Suas santas mãos labou, Ao Paraíso cortou. Chigou ao meio do caminho Com o Senhor se incontrou, – Para onde bais, Beato Santo António? – Com o Senhor eu bou. – Tu comigo num irás Que eu p’ro Céu subirei. Tudo quanto me pedires te farei: Cães e lobos com os dentes trabados; Rios e regatos bão imbaçados; Corações inimigos acobardados; O perdido seja achado; O esquecido, lembrado. Peço ao Beato Santo António …(pedido)… Pai Nosso... (Avé Maria… Salve Rainha…) in «Quem me dera naqueles montes…» de António Mosca (As duas últimas orações são nosso acrescento) Sempre que se perdia uma rês no campo, para além da perda material era sentida como se fizesse parte da casa de lavoura. Era sempre motivo de buscas para ver se encontrava morta ou viva. Ainda estou a ver há mais de cinquenta anos um corpulento carneiro, que ficou preso numas silvas na Recta Figueira (termo de Chelas). Passados uns dias,

Trás-os-Montes: saberes, artes, tradições

Saberes, artes e tradições Muitos dos saberes, artes e tradições de Trás-os-Montes são passados pela memória, de geração em geração. As gentes desta terra nascem a gostar dos presuntos, da carne de porco com castanhas, da vitela e do cabrito assado à moda de Montesinho e da posta mirandesa. Sabe-se que dos bovinos desta região sai a melhor carne: de Miranda, a raça mirandesa, do Barroso, a raça barrosã, do Marão, a raça maronesa. Aprende-se a rota dos vinhos de Chaves, de Valpaços, de Macedo de Cavaleiros e do Planalto Mirandês. Bebem-se estes vinhos num ritual de amizades colectivas.Nos lugares serranos, cercados de centeio e de lameiros, haverá, certamente, o forno do povo, que se reacende, simbolicamente, em volta da cozedura do pão em dia de festa ou de cerimónia. Outrora, quando povoações vizinhas se encontravam em pastagens próximas, os pastores lançavam os touros um contra o outro para os verem lutar. Terá assim nascido a "chega" dos bois barrosões que se transformou e

Vídeo sobre as rogas e as terras vizinhas do Alto Douro

Realizado na freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão, concelho de Sabrosa, em 19 08 2020

Os vizinhos do Douro

Terras vizinhas da região demarcada do Alto Douro Em alguns textos sobre o Douro, concretamente acerca da região vinhateira do Alto Douro, refiro-me por diversas vezes a áreas vizinhas do território da região demarcada como sendo elas próprias parte desta região, hoje em dia muito falada e apreciada, não apenas em Portugal, mas por todo o mundo, como se verifica pela chegada de turistas de muitos países, sobretudo no verão e na época das vindimas. Vozes discordantes fazem ouvir-se e, de certo modo com razão, pois, de facto, a região está bem definida nos seus limites e curvas, estabelecidos em certa altura da História. Mas, sendo algumas áreas tão intimamente ligadas ao Douro, pelas raízes culturais dos seus habitantes, pelos costumes comuns e vocabulário e os ditos muitos deles coincidentes, e também pela morfologia e características das terras que igualmente produzem vinhos de grande qualidade, permito-me assim considerar essas pequenas áreas encostadas à região do Alto Douro, como p