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Trás-os-Montes

Pelos caminhos de Trás-os-Montes Dizem os escritores e os poetas transmontanos que Trás-os-Montes é uma dádiva especial da Natureza e a grande obra de pedra e água feita em Portugal. É neste Norte que, arduamente, se riscam e planeiam caminhos, se cruzam vontades e se resiste, com granítica força e persistência dos rios, à invasiva e danosa cultura que desvirtua e engana a História. São incontáveis os caminhos que podem percorrer-se na região transmontana. As estradas existentes podem considerar-se, hoje, suficientes para, de automóvel, se atingir facilmente qualquer ponto da região. Do Douro até à fronteira norte com Espanha, sucedem-se os montes para todos os gostos: uns agrestes e extremamente frios na estação do inverno, outros suaves e cultivados, possuidores de microclimas a suportarem vales traçados por riachos de águas límpidas, convidativas a um mergulho de frescura por entre uma vegetação constituída por pinheiros, amieiros, carvalhos, castanheiros, vidoeiros e muitas

O Sr. Manuel, tanoeiro

O Sr. Manuel, tanoeiro de Vilarinho se S. Romão Os pipos em miniatura efetuados de modo artesanal que se apresentam na foto são da autoria do Sr. Manuel Dias da Silva e mostram a evolução, ao longo dos séculos, dos arcos que seguram as estruturas de madeira das pipas e tonéis. O Sr. Manuel, como escrito no artigo anterior, era um profissional exímio como tanoeiro e uma pessoa respeitada e muito conhecida na região, marcando presença em publicações como no livro "Sabrosa - da serra ao rio".  Apesar de idade avançada quando o conheci, o Sr. Manuel mantinha uma vontade extraordinária de explicar tudo o que sabia acerca da sua profissão e dos trabalhos de tanoaria em miniatura que, já na reforma, gostava de realizar. Desde muito cedo, doze anos, O Sr. Manuel iniciou a sua aprendizagem no ofício de tanoeiro. A sua oficina, nos últimos anos da sua vida, fora da azáfama de outros tempos, permanecia mais ou menos silenciosa quando o visitávamos. Concentrado, já um pouco trémul

Manuel Dias da Silva - tanoeiro

Na oficina do Sr. Manuel O Sr. Manuel, não estando já entre nós, infelizmente, lançava um primeiro olhar observador aos visitantes da sua oficina. Homem de poucas palavras antes da conversa ir de encontro ao que o entusiasmava: a construção de pipos e a transformação destes em bares rústicos, nichos, objetos decorativos, bancos, mesas, etc. As miniaturas eram outra parte do seu trabalho. Os pequenos pipos e cubas de cinco e dez litros, construídos com madeira de carvalho já avinhada, eram exemplo da sua perfeição e dedicação a uma profissão artesanal. A execução fiel das suas réplicas era para o Sr. Manuel uma constante preocupação e todos os pormenores cuidadosamente estudados de forma que o resultado final mostrasse exatamente o trabalho de origem. Não se limitava ao trabalho manual. Tanto quanto possível, lia, estudava e observava imagens antigas. Só assim conseguia executar com qualidade e transmitir conhecimento como o relacionado com os arcos dos pipos. Houve uma evoluçã

Um vinho de se lhe tirar o chapéu

Benditas aduelas Na Consoada bebi um vinho esplêndido em casa do meu cunhado. Vinho de uma pipa encontrada num cardenho esbarrondado e ensilveirado do Rio Torto. O vinho da pipa estava quase no fundo, mas as borras do bom vinho do Porto são milagrosas. A pipa encheram-na com vinho novo e, passado um ano, deu esta maravilha (...) António Cabral Uvas do vale do rio Torto, afluente do rio Douro, na sua margem sul, bem próximo do Pinhão - coração do Douro. Quando cheias chegam as dornas, os sentires afloram pelos mais distintos comentários: - Este sim! - Cheira-se-lhe a alma! - Boa pomada há-de dar, digo-vos eu! Ali permaneceu a pipa, por muitos anos, no canto da antiga adega. Esgotou-se no tempo, definhando-se o vinho na quantidade, encorpando-se e enaltecendo-se, contudo, de sabores cada vez mais intensos. Humilhada no desprezo a que foi votada, a pipa desembebedada deixou vencer-se pela idade e esbarrondou-se. Mesmo assim, ali se ficou a borra velha, encantada, pr

Mamoa de Madorras

Estranho! Bacalhau e Mamoa de Madorras! Pode parecer estranho um artigo sobre bacalhau , como o anterior, vir acompanhado de uma fotografia da Mamoa de Madorras, em Vilar Celas, lugar da freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão, concelho de Sabrosa. Contudo, nas entrelinhas está tudo bem explicado, ou mal explicado, conforme o ponto de vista. Seja como for há uma relação entre o bacalhau mencionado e a Mamoa. Como alguém diria “isto está tudo ligado”. Pelo caminho de Torga, desde S. Martinho de Anta se encontra a Mamoa de Madorras e, por isso e outras causas, deixa-se a seguinte referência ao monumento pré-histórico – um excerto retirado de um dos placares informativos que podem observar-se ao longo daquele trilho dedicado ao escritor transmontano Miguel Torga: «Património Arqueológico - No percurso de S. Martinho de Anta podemos ainda encontrar a Mamoa de Madorras com vestígios de pinturas e gravuras em alguns dos seus esteios, símbolo máximo do Megalitismo em Sabrosa. A preocu

Bacalhau assado

Bacalhau assado com batatas a murro Sem murro, as batatas deixam de o ser – a murro. Entende-se, neste caso, “a murro” o choque entre mãos após devida assadura da batata, deixando-se esta gretada, fendida, rasgada, estalada. O toque deve ser breve e convicto de quem pela experiência conseguiu absorver o conhecimento. Saber é o mais importante, mas nem sempre se liga ao saber a sabedoria de conhecer e, deste modo, “dar o murro” não é para qualquer um ou qualquer uma! Tenham lá feito, em tempos longínquos, o que as avós fizeram, nem sempre o que fizeram o fizeram bem feito e, por isso, o que assaram ou cozeram, malgrado o sacrifício, a sofreguidão e a vontade de comer, trespassou o tempo até aos dias de hoje envolto em ideias gourmet de bom gosto, tradicionais, da cozinha da avó confundida em qualidade e requinte culinários. É preciso, imperioso saber-se e isso não é para qualquer um, qualquer uma, vamos lá ser precisos. Desde muito cedo, vem a batata a murro acompanhada de bacalh

Graça Matos

Graça Matos, mondinense a residir em Lisboa Maria da Graça, mondinense a residir em Lisboa, entusiástica admiradora não apenas da sua terra natal, mas também de Trás-os-Montes e Alto Douro, muito tem contribuído para o prosseguimento do trabalho de divulgação do NetBila, desde 2008 até aos dias de hoje. Com alguns artigos da sua autoria, o seu olhar tem estado sobretudo atento à descoberta dos acontecimentos, eventos culturais, apresentações de livros e outras publicações, dando deles conta a este blogue, agora renovado.  Maria da Graça, desde as primeiras visitas ao NetBila e o início do seu interesse pelos temas inseridos nas suas páginas, soube despertar e manter o entusiasmo naqueles que escrevem ou escreveram ou usam o NetBila. Outras ajudas Maria da Graça tem prestado ao NetBila, agora NetBila'News, pelo que não é de mais deixar-lhe aqui um especial agradecimento.