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Trás-os-Montes

Pelos caminhos de Trás-os-Montes

Dizem os escritores e os poetas transmontanos que Trás-os-Montes é uma dádiva especial da Natureza e a grande obra de pedra e água feita em Portugal. É neste Norte que, arduamente, se riscam e planeiam caminhos, se cruzam vontades e se resiste, com granítica força e persistência dos rios, à invasiva e danosa cultura que desvirtua e engana a História.
São incontáveis os caminhos que podem percorrer-se na região transmontana. As estradas existentes podem considerar-se, hoje, suficientes para, de automóvel, se atingir facilmente qualquer ponto da região. Do Douro até à fronteira norte com Espanha, sucedem-se os montes para todos os gostos: uns agrestes e extremamente frios na estação do inverno, outros suaves e cultivados, possuidores de microclimas a suportarem vales traçados por riachos de águas límpidas, convidativas a um mergulho de frescura por entre uma vegetação constituída por pinheiros, amieiros, carvalhos, castanheiros, vidoeiros e muitas outras espécies de árvores.
Mas é, contudo, saindo das estradas principais, penetrando pelas municipais e secundárias e por uma rede imensa de trilhos que se encontra a beleza dos pequenos lugares e das aldeias transmontanas. É certo que algumas encontram-se quase vazias dos seus habitantes. Mesmo assim, podem admirar-se e se escutarmos com atenção os seus raros habitantes, poderemos enriquecer o nosso saber e a nossa cultura, na simplicidade com que os transmontanos transmitem sobre as suas vidas, as dos seus antepassados, dos seus costumes a praticarem-se ainda no presente tal como em tempos ancestrais.
Mais um rio e uma encosta, um lugar paradisíaco e um miradouro, mais uma piscina natural; tudo isto se vai encontrando repetidamente, mas com "sabores" que provocam nos visitantes sensibilidades distintas. Nada é igual de lugar a lugar, nos caminhos que nos levam, por exemplo, às encostas do Alvão e ao seu rio Olo, encontrando-se aí bouças luxuriantes embebidas em silêncios que falam através dos sons de cascatas, brisas ondulantes e balidos soltos com a naturalidade de pequenos prados, conversas entre ovelhas e o seu pastor, vocabulário enriquecido, desconhecido de outros centros culturais. Todo o resto é assim, em Trás-os-Montes. E Bragança, Mirandela e Macedo? E o Barroso? Montalegre e a serra do Gerês! Aqui, os pedregulhos não são inertes. Experimente-se uma subida, a pé, claro, não poderia ser de outro modo, por uma das encostas mais inóspitas do Gerês, de Cabril à Lagoa, bem lá no alto, por caminhos imaginários, mesmo assim exigindo esforço para lá chegar, no meio de silhuetas, formas em contraste com a luz que resta no horizonte.... Movem-se, escutam, sussurram!

A foto mostra um quadro de pintura a óleo sobre tela, inspirado nesse caminhos transmontanos, no caso concreto, de Cabril à Lagoa, lá no alto da serra do Gerês.

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