NetBila'NewsNetBila'News Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

Jorge Lage

Jorge Lage: investigador e escritor; contribuidor do blogue NetBila'News. No seu trabalho, a motivação de semear um pouco da cultura popular!

Caldo de Castanhas

Caldo de Castanhas com carnes Ingredientes: 1 orelha de porco; 250 g de entremeada; 2 cebolas médias; 0,5 dl de azeite; 1 raminho de salsa ou hortelã; 500 g de castanhas; Água e sal q.b.. Confecção: Limpe as carnes e coza-as em água temperada com sal. Junte uma cebola, cortada aos pedaços, e um pouco de salsa ou hortelã. Pique a outra cebola e refogue-a no azeite.  Adicione ao refogado, as castanhas e um pouco de água da cozedura das carnes. Deixe cozinhar por cerca de cinco minutos. Corte as carnes em pedaços e junte-as às castanhas. Ferva, durante dois minutos. Retire e sirva com a restante salsa ou hortelã. Receita (adaptada) retirada do livro «Receitas com castanhas» editado pela Bandarra Cooperativa Agrícola - Trancoso. Nota: O tempero de sal pode nem ser preciso se as carnes já estiverem salgadas. O raminho de ervas aromáticas pode ser substituído por outro da nossa preferência. Jorge Lage Caldudo

Caldudo

É mais uma sopinha de castanhas mas doce Ingredientes para 4 pessoas: 500 g de castanhas piladas; 5 dl de leite; Açúcar e canela. Confecção: Ponha as castanhas piladas de molho, de um dia para o outro. E depois de retirar todas as pelezinhas, que tenham ficado agarradas às castanhas, introduza-as em água e leve-as a cozer. Quando esmagar uma castanha facilmente, com um garfo, escorra a água e volte a introduzir as castanhas na panela. Regue-as com leite quente e deixe cozer, em lume brando até cozerem bem. Esmague algumas castanhas com um garfo e coma o caldudo bem quente polvilhando com açúcar e canela. Recolha do Clube da Floresta 2000/01, da Escola Secundária de Nelas in «Castanea uma dádiva dos deuses». Nota: Esta receita é uma homenagem à memória de todos quantos viveram no campo em situação difícil, muitos deles passando muita fome, até na noite de Natal. Por outro lado, é também mais um esforço para os portugueses voltarem a comer castanhas no tempo de Natal,

Jorge Lage

Jorge Lage, investigador etnográfico Jorge Lage, mirandelense a residir em Braga, investigador etnográfico, é, hoje, sem dúvida, o estudioso mais esclarecido sobre o castanheiro e a castanha, com livros publicados e a participação em conferências e programas de televisão. O vocabulário, a variedade, as expressões, os provérbios, as receitas tradicionais e outros saberes preenchem a sua vida de investigação. Colunista no jornal "Notícias de Mirandela" tem dado ao NetBila'News, agora com novo formato, muito do seu conhecimento com artigos de opinião, fotografias e notícias sobre variadíssimos temas como por exemplo os relativos às suas atividades de trabalho voluntário nas escolas, a propósito de projetos de preservação da floresta.  Durante largos anos, Jorge Lage fez o favor de enviar a este blogue artigos seus que, entretanto, deixaram de permanecer editados na rede. Alguns desses artigos serão aqui republicados, desde que não façam parte de outros sítios na inter

O amigo do Toino

Toino ouviu com alguma paciência o amigo Viajava só, Toino, descansado, estrada fora em marcha lenta relativamente aos farolins dos outros condutores. Afinal era já noite, encontrando-se ali a fazer que conversava, ele mais o amigo da tasca. Depois de curva apertada, mil pensamentos na sua cabeça sem adivinhar o futuro, para nunca se enganar, repetindo que a seguir a uma curva vem sempre uma reta, por mais pequena que seja. Pois é, tudo isso é verdade, mas desta vez, a seguir àquela curva, lá estava a reta, e era mesmo a reta viva porque se mexia mas, com ela, um tipo assim – como tu – dizia ele, de grande volume – mais que tu – continuava, a acenar com um pano, vendo de imediato que precisaria de ajuda, as mãos bem postas ao alto.  – É como se estivesse a enxergá-lo, mesmo agora. Parece impossível! Até àquele lance, Toino ouviu com alguma paciência o amigo, mas não poderia deixar enganar-se. Não senhor, ao contrário do que ouvira, a seguir a uma curva pode aparecer outra curv

Na tasca do Toino

Nada de distrações "Nada de distrações, chiça!" Há sempre alguém que a meio corta conversas, algumas bem afiadas e até úteis e esqueceu-se Toino por instantes o que ainda há pouco lhe corria na ponta da língua.  Com o sal do bacalhau, saboroso que estava a puxar ao tinto, esqueceu-se zangado o Toino, de pano em punho – nunca o larga o pano o filho finório da tia Maria Alice da quinta dos ciprestes. "Deus a tenha lá em descanso", alguém dirá condescendente, como se o pano, por culpa da mãe, sucedesse à esferográfica de menino. Aspirando à profissão "empregado de escritório" que nunca atingiu, a entrar às nove e sair às cinco, entremeado em deliciosos repastos a todos os almoços, atira-se no gesto do costume e, duma assentada, faz deslisar o pano que não larga desde o punho até ao remate da careca. O amigo do Toino

O postigo da tasca do Toino

Uma nesga de lua espreita pelo postigo Apagaram-se já algumas luzes do céu e uma nesga de lua espreita pelo postigo da tasca do Toino, única naquele lugar da freguesia. Por lá, já tarde, permanece ainda o cheiro a alho, retardado nas sobras espalhadas junto às cascas por cima da banca e no fundo de duas grandes malgas lubrificadas de azeite antigo. Na lareira restam duas lascas de lenha mal queimada, envoltas por grande quantidade de cinza que evidencia pequenas cavidades onde estrategicamente se alojaram inúmeros caroços de azeitonas. No mesmo espaço da cozinha, pois que a uma tasca completa aquela deve pertencer, como afirma o seu dono, configura-se uma espécie de sala de jantar com mesa de madeira tosca, mesmo ao centro, acompanhada à distância de meia dúzia de bancos e duas ou três cadeiras de pernas retorcidas e mal amanhadas. A pouca luminosidade existente no exótico lugar fica a dever-se ao satélite e ao candeeiro de canto com duas lâmpadas, filamento derretido numa delas,