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Doçaria Conventual de Amarante

O verão está aí, bem próximo, proporcionando agradáveis passeatas após o jantar. No entanto, mesmo em ambiente de inverno, uma visita ao centro histórico de Amarante vale bem a pena usufruindo-se da beleza luminosa da igreja de S. Gonçalo, a ponte que lhe dá acesso, e a rua de tasquinhas onde se encontra um bom copo a acompanhar uma boa sande de presunto e outras coisas boas a comer sentado ou em pé. Sete e meia, oito, a noite inicia-se deste modo, tranquila, apenas o número suficiente de pessoas pela rua, poucas e boas alguém dirá. De facto, a arquitetura do lugar desperta na melhor das intenções os sentidos e, por isso, uma entrada na Confeitaria da Ponte dá-nos certamente o gostinho especial e frescura de uns papos de anjo, umas lérias, foguetes e brisas do Tâmega e mesmo são gonçalos, tudo enquadrado na boa doçaria conventual de Amarante. Com um café, um docinho especial! Uma pequena caixa bem ornada de várias especialidades servirá de contentamento a quem espera feli

O largo do sr. Albertim (IX)

O empalhador Lá aparecia também o empalhador – o que empalhava principalmente garrafões, tudo perfeitinho a começar da base até ao gargalo, sem que se descorassem as asas, dando-lhes especial resistência. Uma larga bacia com água servia para amolecer o vime – o junco com que se fabricam cestos.  O cesteiro executava com esmero a técnica aprendida talvez em pequeno e ainda hoje alguns artesãos constroem perfeitas essas obras artesanais em verga. O vime era utilizado para revestir os garrafões, mas também para construir cestas e, por isso, normalmente, o empalhador era também cesteiro. Em S. Lourenço de Ribapinhão, o empalhador por lá permanecia uma boa parte do tempo no largo do sr. Albertim, onde, de tempos a tempos, muitos garrafões eram consertados em tarefa demorada, às vezes de vários dias.

O largo do sr. Albertim (VIII)

O Amolador Mó ou Rebolo é uma pedra redonda que gira sobre um eixo central e serve para afiar (amolar) instrumentos de corte ou de perfuração. A palavra “amolar” significa precisamente “afiar no rebolo”. Da palavra “amolar” provém a designação “amolador”, ou seja, aquele que amola, aquele que afia – profissão antiga, ainda hoje existente através de alguns resistentes na arte de amolar. – Tem cuidado qu’inda t’amolas…! É verdade! Também o amolador nas suas derivas entre aldeias e vilas chegava ao largo do sr. Albertim, naquela época áurea, em frente ao seu estabelecimento onde tudo se passava. Vindo da serra, rua do Outeiro abaixo, fazia anunciar-se o amolador de facas e tesouras através do som da gaita de amolador, seguido pelo burrico que lhe servia de companhia e transporte de alguns bens. Trazia a sua geringonça, instrumento artesanal complexo para o seu trabalho, roda a percorrer os caminhos sinuosos e intermináveis de terra e calçadas até ao aparecimento de um qualquer c

A Geometria do Douro

Ondas geométricas nas encostas do Douro De tão curta a viagem, o quadro apresenta-se-nos breve, capaz, contudo, numa atitude inspiradora de obrigação reflexiva sobre o suporte da arte que são as superfícies onduladas das encostas do Douro, concretamente nesta sub-região do Alto Douro, meio caminho de Vila Real à Régua – Santa Marta de Penaguião – após a passagem fronteiriça da Cumieira, ainda no alto como se marcasse pela exigência os contornos dos bardos das vinhas novas, desenhos precisos que os arquitetos de hoje da natureza duriense engendram de modo a que o sol melhor trespasse pelo calor os ares do mosto que voltará.

Gatos

Carvalhada, Delgada

Carvalhada, freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão Vista para a  Carvalhada, Delgada A Carvalhada situa-se na Delgada, freguesia de S. Lourenço, concelho de Sabrosa. Para os que de longe suspiram por novidades de S. Lourenço de Ribapinhão, freguesia do concelho de Sabrosa, distrito de Vila Real, aqui se deixam referências a um dos locais míticos das montanhas que circundam a aldeia de S. Lourenço – a Carvalhada. A Carvalhada, lugar sobranceiro ao lugar da Delgada, na freguesia de S. Lourenço, segundo os mais antigos, seria o local privilegiado de pastagem para gado bovino e caprino por onde os animais daquele lugar vagueavam, alimentando-se. Talvez muitos dos emigrantes que hoje habitam a região francesa de Lot (46), departamento do sudoeste da França cuja cidade maior é Cahors, também Paris e outras regiões daquele país que acolheu e continua a acolher muitos portugueses se lembrem e gostem de encontrar alguns aspetos fotográficos das suas origens, como é exemplo a imagem aqui

O largo do sr. Albertim (VII)

As couves da Portela a caminho da feira de Vilar de Maçada – Oh senhor! Oh senhor!, desapertou-se o “bencelho”, ajude-me, se faz favor. “Bencelho”, melhor, vencelho ou vencilho – atilho de palha de centeio com que eram apertadas aos molhos as couves que foram semeadas por alturas do Santo António, em junho, portanto, e colhidas ainda num estado prematuro de desenvolvimento para serem depois vendidas e plantadas. Sim, as couves tronchas comidas no Natal passavam a sua história e faziam o seu percurso! Vinham da Portela, lugar da freguesia de Folhadela, concelho de Vila Real e chegavam ao largo do sr. Albertim, em S. Lourenço, logo a seguir à festa de Nossa Senhora da Saúde. Juntos com os donos, vários burros ou burras já cansados da viagem e carregados de couves aos molhos, apertados com “bencelhos”, arribavam satisfeitos mesmo assim, pois a parte mais difícil da caminhada estava concluída. O conforto para a noite iam encontrá-lo ali, no largo, aproveitando-se o tempo anterior à

Jardim da Carreira, Vila Real

O largo do sr. Albertim (VI)

O barbeiro A lembrança neste momento não chega para precisar as vezes que o barbeiro vinha a S. Lourenço, ao largo do sr. Albertim, desfazer umas barbas e cortar uns cabelos – a barba com navalha, a navalha de barba que nos dias de hoje não se usará muito e o cabelo com a tesoura de barbeiro. Mas para dar uns retoques de acabamento, principalmente na parte superior do pescoço, o sr. Jerónimo, assim se chamava o barbeiro, pegava na sua máquina muito parecida à que se observa na imagem e acertava o pêlo, isto é, aplainava e harmonizava o cabelo. Era quase um martírio ter de levar com aquele aparelho. Talvez por falta de afinação ou lâminas mal afiadas, o diabo da máquina puxava não só os cabelos como gretava a própria pele, tudo isto evidentemente curado e amaciado no final com álcool etílico que, enquanto não secasse, ardia como a árvore do diabo. Tudo isto por bem, claro. Talvez o barbeiro chegasse a S. Lourenço de dois em dois ou três em três meses. Vinha a pé, de Parada do Pin

Serra do Alvão: de Cravelas à Bila

Sérgio, pastor de Varzigueto

Entre arbustos, árvores frondosas e a corrente do rio Olo, conversámos com o Sérgio e o seu filho João, enquanto apascentavam o rebanho!

O Sérgio de Varzigueto e seu filho João (II)

Dos ensinamentos e histórias contadas, um certo humor sai espontaneamente das palavras e gestos dos dois, mais do Sérgio, evidentemente. O João, filho que é, profere de modo esporádico uma palavra ou duas, medindo bem os tempos e semblantes do pai, percebendo-lhe o consentimento. O Sérgio, pastor de Varzigueto, numa exposição cadenciada, às vezes com vocábulos impercetíveis por via da atenção ao seu rebanho – um olhar fugaz, uma indicação ao João, uma assobiadela fina que só os animais entendem –, até no drama usa a boa disposição, mas sempre a compreender-se-lhe a respeitabilidade – aos protagonistas da história e a nós que o ouvimos atentamente no meio de sorrisos ou gargalhadas. O facto passou-se numa noite de invernia. Tal como ele dizia, “no meio de um nevoeiro assapado e chuva miudinha mas espessa”. Pelas onze horas da noite, a Guarda pediu socorro ao Sérgio que imediatamente se prontificou. Dois dos militares do Regimento de Infantaria do Marão em exercícios na zona das F

O Sérgio de Varzigueto e seu filho João

Após uma boa caminhada até à Açureira e já de regresso à bouça onde combinámos um encontro para o piquenique, pela corrente fresca do rio Olo, entre arbustos e árvores frondosas, encontrámos o Sérgio e o seu filho João a apascentar um rebanho com umas duzentas cabeças, mais ou menos. Em longa conversa, comemos e bebemos com os dois, talvez durante uma hora ou hora e meia.