Dormidos, por Jorge Lage
Bolos do tempo de Páscoa, «Folar doce» da Páscoa
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Bolo Dormido, Padaria Seramota, Minandela |
São uns bolos do tempo de Páscoa e que só são feitos no fim-de-semana dos Ramos, da Páscoa e da Pascoela. A Inês, patroa da Padaria Seramota, guarda ciosamente a receita e não abre muito jogo. São feitos com farinha, fermento de padeiro, manteiga, azeite, ovos, leite, aguardente, sumo de laranja, açúcar e canela. Como se fosse uma secreta herança, foi-me dizendo:
– Foi a mãe do senhor Joãozinho Belo que deu a receita à minha avó Olema!
Chamam-se «Dormidos» por ficarem 24 horas a levedar (mais se o tempo estiver frio e um quase nada menos se estiver quente) ou a dormir. – 24 Horas?
Eu chamava-lhes dorminhocos! Aos dormidos há quem lhe chame o «Folar doce» da Páscoa. Curioso registar que o «Bolo Dormido» é de massa menos compacta que o «Bolo Podre» de Santa Maria de Émeres.
O «Bolo Dormido» é bastante idêntico aos «Bolos Merendeiros» de Montoito, concelho de Redondo, e do «Bolo Podre de Serpa». A «Boleima», que o padeiro de Moitoito se cansou de fazer, é mais próxima do «Bolo Podre» de Santa Maria de Émeres – Valpaços. «Bolo Dormido» ou «Bolo Podre» referem-se ao processo lento de levedação de muitas horas, isto é, a massa do bolo fica a «dormir» ou a «apodrecer».
Se quiserem «bolos dormidos», esperem pelo próximo tempo pascal.
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