Nanixe e o caso do Chixe (2ª versão)NetBila'News Avançar para o conteúdo principal

Nanixe e o caso do Chixe (2ª versão)

Chixe participou ao amigo a ideia de um negócio de caganitas

Da primeira versão em texto de "Nanixe e o caso do Chixe" e o exercício de adaptação da história para vídeo, resultou uma segunda versão que apresento em episódios escritos, com alguns acrescentos e pequenas alterações.
O Nanico, de quem já falei em vídeo anterior, a propósito do “Café Central”, prefere ser tratado por Nanixe. Este nome estará mais de acordo com as suas ideias, e que são, desde sempre, uma espécie de ideias enigmáticas. Pode ser isso também, mas a razão principal é o facto de ter um amigo bastante próximo, com quem se reúne muitas vezes no tal Café Central. Esse amigo chama-se Chixe. Como poderão facilmente verificar, Nanixe e Chixe são uma parelha inseparável, com longas discussões entre eles, muitas delas aturadas pelo dono do café, quantas vezes até altas horas da noite!
O Nanixe é um tipo impulsivo, não gostando de se preocupar demasiado com muitos pensamentos ou fazer grandes raciocínios. Já o Chixe é precisamente o contrário, pois ele é mesmo capaz de passar uma noite sem dormir, só para discutir consigo mesmo, ideias que lhe vão surgindo, normalmente relacionadas com os negócios. O homem possui um rebanho, por sinal, um rebanho bem jeitoso, aí com umas oitenta cabeças de gado, mais coisa menos coisa.  Então, numa daquelas noites no Café Central, depois de comerem dois chouriços, daqueles vermelhinhos embebidos em azeite, com bastante colorau, acompanhados com meia broa de pão de milho e duas ou três canecas do vinho lá da terra, começaram a degustar a sobremesa que vinha servida numa daquelas malgas grandes, usadas também para a marmelada. E a sobremesa eram azeitonas, aí umas duzentas gramas, salgadinhas e bem apaladadas pela patroa – a mulher do dono do café.
Fruta ou doces – pão-de-ló ou pudim – ali não existem para venda, evidentemente, mas também estou em crer que mesmo havendo, escolheriam sempre as azeitonas, pois despertam o paladar para mais uns copos, e são esses que mantêm a conversa inflamada. 
Estando já aqueles dois de caras rosadas e brilhantes, pelos suores que lhes escorriam testa abaixo, com os copos ainda meio atestados para molhar a palavra, começa o Chixe a falar sobre contas – contas de somar e multiplicar – enquanto o Nanixe permanecia de olhos meio arregalados e esbugalhados, já não muito concentrado na conversa. 
Começou deste modo o Chixe a preparar o amigo a propósito da ajuda de que precisava para levar por diante um certo empreendimento relacionado com as suas cabras e com as suas ovelhas, e as caganitas dos animais que todos os dias eram desperdiçadas, podendo naturalmente ser aproveitadas, e daí obter-se algum lucro.
O Nanixe, meio debruçado sobre a mesa, fitando o brilho do copo do tinto, demonstrava já algum cansaço de ouvir o amigo, começando a desconfiar dele e das intenções dum negócio com caganitas.

A ideia das caganitas

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