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"Bisalhães - Anatomia de um Povo"

Excerto do livro "Bisalhães - Anatomia de um Povo" de Maria Emília Campos e Duarte Carvalho Situada a cerca de 8 km para sudoeste de Vila Real, entre a cidade e o Marão, na margem direita do rio Gorgo e assente nas primeiras e ainda muito esbatidas pregas da serra, encontra-se uma pequena e típica aldeia de oleiros - Bisalhães. Pertencente à freguesia de Mondrões, com a qual confronta a norte, a aldeia de Bisalhães confronta a sul com a freguesia de Torgueda, a poente com a freguesia de S. Miguel da Pena e a nascente com um pequeno ribeiro, afluente da "Ribeira de Machados". Conhecida desde sempre como centro oleiro, a aldeia de Bisalhães chegou a ter, desde que há memória, 75 homens a trabalhar o barro, uns por conta própria, outros "à jorna", o oleiro que ia trabalhar ao dia, por conta de outrém. Trabalhava na sua roda, mas era ao patrão que competia transportá-la de casa do oleiro para a sua. Por vezes a roda era transportada pel

Fisgas de Ermelo – Mondim de Basto

Eu sei duma "Maravilha", por Luís Jales de Oliveira Cascata das Fisgas de Ermelo - Mondim de Basto “Das Fisgas não falarei. A medonha realidade perderia nas palavras a telúrica dimensão. São quedas impressionantes de deixar cair as horas em divina contemplação. A um passo do abismo, direi da visão dantesca das entranhas dos infernos. Nas pias, ou nas piocas, nas piscinas naturais, direi da visão edénica dos esplendores do Paraíso. Perspectiva wagneriana, rente às nuvens de alabastro – perspectiva genesíaca, rente á vaporosa espuma das cataratas do Olo. Um brinco da Natureza! Quando Deus criou o mundo, era tudo muito bom. Nas Fisgas, cala-te boca, exagerou um bocadinho… Se eu dissesse, mas não digo, diria que o azul do Cabril é céu dos falcões peregrinos que fecundam o colo da brisa. E no centro da epopeia, o rude pastor dos penhascos transvestido de Moisés. Trezentas cabeças aos pés e nos olhos um soneto azul celeste. Só ele sabe dos mistérios, dos trilhos e das veredas, dos

A tasca do Faustino

Ao contrário do vizinho, a tasca do Tinho Apagaram-se já algumas luzes do céu e uma nesga de lua espreita pelo postigo, só, para além da porta da tasca do Faustino, o único restaurante fino da freguesia, conforme ele mesmo faz crer aos seus clientes.  Todas as noites, já hora tardia, permanece o cheiro a alho retardado nas sobras espalhadas junto às cascas por cima da banca e no fundo de duas grandes malgas lubrificadas de azeite. Da lareira restam umas lascas de lenha mal queimada, envoltas por grande quantidade de cinza com pequenas cavidades onde estrategicamente se alojaram inúmeros caroços de azeitonas.  No mesmo espaço da cozinha, configura-se a sala de jantar com uma mesa de madeira tosca, ao centro, acompanhada à distância de meia dúzia de bancos e duas ou três cadeiras mal-amanhadas. Digo duas ou três, pois uma delas, de quando em vez, serve de contraforte à porta de entrada que insiste em permanecer aberta, sendo necessário encerrá-la nas noite

Caldo de Chicharrinhos

Caldo de Chicharrinhos, por Jorge Lage Ingredientes: 300 g de chicharrinho; 1 tomate; 1 cebola; 1 banha (ou azeite); Salsa, alho, louro, cominhos, malagueta, sal e vinagre (ou limão). Preparação: Põe-se um tomate a refogar com a gordura, com uma cebolinha, um dentinho de alho, uma folhinha de louro e bastante salsa, e deixa-se ferver um bocadinho com estes temperos. Quem tem cominho deve deitar um uma pitada desse temperinho para dar aquele gostinho. Junta-se a água e deixa-se ferver. Depois junta-se o chicharrinho sem a tripa. É quase só levantar fervura, a bem dizer, porque coze num instante. Depois faz-se um molhinho cru. Pisa-se bem a salsa, o alho, sal e uma malagueta e vinagre ou limão. Depois junta-se um pinguinho do caldo que cozeu o peixe, que é mais saboroso. Se estiver muito avinagrado junta-se mais um pouco de caldo. Depois retira-se o chicharrinho do caldo e põe-se este molho por cima. E bebe-se aquele caldinho que faz muito bem à gente. B

A. M. Rocha Soares

A. M. Rocha Soares, autor da monografia "Sabrosa da Pré-História à Actualidade" A. M. Rocha Soares António Manuel da Rocha Soares, autor da monografia "Sabrosa da Pré-História à Actualidade", nasceu em Sabrosa, em 22 de Março de 1955. Frequentou os ensinos básico e secundário, naquela vila, ingressando no Liceu Nacional de Vila Real em 1972, tendo ali completado o Curso Complementar dos Liceus em 1974. Percorreu os duros caminhos da emigração, havendo trabalhado, durante as férias escolares, como operário fabril, em França, entre 1972 e 1980, tendo ali permanecido durante o ano de 1975. Leccionou, entre 1982 e 1986, nos ensinos preparatório e secundário, quer em Sabrosa, quer no vizinho concelho de Alijó, havendo entretanto obtido o Diploma Superior de Estudos Franceses Modernos, da Alliance Française . Acedeu, em 1986, à carreira de Oficial de Justiça, onde serviu cerca de 11 anos. Concluindo, em 1994, a Licenciatura em Direito pela Faculdade de Direito da Universi

Sabrosa

Sabrosa, por A. M. Rocha Soares Sabrosa e os testemunhos mais antigos da civilização Sabrosa A vila de Sabrosa ostenta, actualmente, a nobreza dos seus solares e a arte dos seus monumentos religiosos. O estilo Barroco da igreja matriz defronta-se com a graciosidade da modesta Capela de Santa Bárbara, a patrona dos mineiros. As casas burguesas dos séculos XVIII e XIX, com as suas adegas e lagares, ombreiam com os belíssimos solares brasonados, os casarões altivos dos abades e os dos brasileiros. As humildes casas dos cavadores que se podem encontrar na vila demonstram, também, a riqueza da sua história. Muito perto da Capela de Santa Bárbara e a norte desta, existem ainda hoje dois dólmens e respectivas mamoas e são estes, na área da freguesia de Sabrosa, os testemunhos mais antigos da civilização (IV milénio a. C.) sem esquecer, obviamente, o castro do Criveiro. Foi o Dr. Carlos Ervedosa, que muito amou Sabrosa e foi autor de Arqueologia Angolana, quem me indicou o lugar onde se encont

S. Lourenço de Ribapinhão, 11-11-2020

S. Lourenço, hoje, dia de S. Martinho Sobretudo para os nossos leitores que vivem longe da sua aldeia – S. Lourenço de Ribapinhão –, no concelho de Sabrosa, aqui ficam as imagens de um dia um pouco cinzento, com pouco frio e uma leve neblina, como é normal para uma altura como esta, o outono. Quem sabe, por estas fotos, possam hoje alguns conterrâneos observar S. Lourenço, talvez do Brasil – Rio de Janeiro ou S.Paulo e mesmo de alguns dos seus estados do interior; ou de terras de França como a capital Paris, Toulouse, Monpellier, no sul, e Cahors, cidade capital do departamento de Lot; Crayssac e Catus, comunas da região administrativa de Midi-Pyrénées; ou da longínqua Melbourne, uma das maiores cidades australianas; mas também mais próximos da sua aldeia, em Lisboa e no Porto e outras cidades de Portugal; de localidades suiças, alemãs e britânicas. Em todos esses lugares e outros, laurentinos por lá permanecem em trabalho ou gozando já

Torre de Moncorvo

Torre de Moncorvo Antes era Santa Cruz da Vilariça Vista parcial do centro de Torre de Moncorvo Antes ficava no vale e era o lugar de Santa Cruz da Vilariça, com foral em 1225. Motivos sanitários ou de defesa terão mudado a povoação para o sopé do monte de Reboredo, sob carta de foro dionisina, agora com o nome de Torre de Moncorvo, lendária ou veridicamente derivado de Mendo Curvo. A vila assumiria importância de verdadeira fortaleza, pelo seu castelo de três portas e pelas qualidades do seu povo, aliás sempre demonstradas nas horas mais graves da Pátria. Como cabeça de comarca, chegou a ser a maior de Trás-os-Montes, tal como o é a sua igreja matriz, iniciada em 1540. O escritor Sant'Anna Dionísio refere o templo como «genuína expressão da austeridade ibérica tridentina». De fachada impressionante e torre quadrangular, a igreja de Moncorvo merece aturada visita ao interior e ao exterior. Está ali como autêntica basílica, que jamais foi Sé. Para além das pesadas oito colunas, uma

Casal de Loivos

De Casal de Loivos para o Pinhão Na região do Alto Douro não há espaços monótonos de paisagem, amplamente diversificada e com inúmeros recantos onde podem observar-se belas vistas. É o caso da panorâmica alcançada a partir de Casal de Loivos para os lados do Pinhão. Miradouro de Casal de Loivos Casal de Loivos é uma freguesia do concelho de Alijó, sobranceira ao rio Douro no lugar onde se situa a vila do Pinhão. Treze quilómetros separam as duas localidades que devem ser percorridos com especial cuidado, num traçado sinuoso, com um troço mais ou menos de mil metros em declive bastante acentuado. O miradouro, mesmo no centro da aldeia de Casal de Loivos, situado num ponto alto acima do rio, permite observar uma área enorme de paisagem duriense quase a perder de vista, desde o Pinhão rio abaixo e os montes das suas margens adornadas de vinhedos até lá para os lados do Peso da Régua. Lá em baixo, o Pinhão, na foz do rio com o mesmo nome e em frente, sumptuosa, a Quinta das Carvalhas, na m