Panela e PichorroNetBila'News Avançar para o conteúdo principal

Panela e Pichorro

Muito se exigia da panela de barro preto!


Desde conservar sangue de porco antes da enchida, fazer o arroz das vessadas, cozer as batatas ou o caldo, muito se exigia da panela de barro preto!
Nas longas noites de Inverno, em que a chuva tocada a vento se abatia sobre a telha vã da cozinha, rezava-mos o terço, enquanto as castanhas coziam doces e farinhudas na panela redonda. Ao terminar as orações obrigatórias estavam as castanhas no ponto de ser comidas, como se mão invisível articulasse esta sincronia infalível. A alguma distância do tresfogueiro, o pichorro grande aveludava o vinho para nossa companhia e das castanhas.
À volta do fogo, para o qual tudo convergia, a tia comandava a oração e nós respondíamos de forma acelerada, a avó num latim distorcido e o avô no canto do escano, mantinha-se de olhos fechados e em silêncio, como se meditasse profundamente. A concentração e o recolhimento eram sempre quebrados por um gato, que inspirado no maligno (no dizer da minha avó), abria caça aos ratos por essa altura, o que aumentava a confusão.
Entre ameaças e raspanetes, era sempre com alívio (devo confessá-lo!) que terminávamos o terço e atacávamos as castanhas e o vinho, momento em que o avô despertava, manifestando mais devoção pelo pichorro, do que pela panela. (...)

Excerto de informação contida em ficha técnica, propriedade da NERVIR - Associação Empresarial
Redacção de Alberto Tapada e Filipe Saiote

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Encontro com Delfim da Silva Monteiro, nas Paredes

Número de telefone para contactar o Sr. Delfim: 969179420 No lugar das Paredes, freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão, o encontro espontâneo com Delfim da Silva Monteiro que, em tempos, me contou a lenda de Nossa Senhora das Candeias. Neste vídeo, em linguagem simples, muito expressiva, refere as curas que consegue a quem o procura, através da invocação de Nossa Senhora da Saúde!

Lenda da Nossa Senhora das Candeias

Paredes, freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão Numa bela noite, 2 de fevereiro, ia um caminheiro com os seus dois cavalos carregados, que ficaram atolados naquele histórico atoleiro. Era homem de boas ideias. Pediu à Senhora das Candeias, foi ouvido e Nossa Senhora apareceu com uma candeia na mão; alumiou-o e seus cavalos desenterrou, acompanhando-o à povoação (Paredes). - Está visto que o homem tinha bom coração; diz o contador desta história - Delfim da Silva Monteiro - natural e residente naquele lugar. Era uma noite rigorosa com muita chuva e neve que apanhou desprevenido o almocreve. Nossa Senhora a esse homem disse que nada dissesse, mas ele não pôde resistir ao que viu. Foi um Milagre!  Cheio de alegria no seu coração, logo transmitiu e espalhou pela povoação. Toda a gente correu para as fragas daquele lugar, hoje conhecidas por Fragas de Nossa Senhora das Candeias, lindo lugar, digno de se visitar! - Desde esse tempo, a Senhora das Candeias das Paredes foi sem

Quadras populares a S. Gonçalo de Amarante

Quadras populares a S. Gonçalo de Amarante in «Aveiro do Vouga ao Buçaco» Enviado por Jorge Lage (…) Foguetes em S. Gonçalo Há festa na beira-mar! As velhas cantam de galo… Nunca é tarde p’ra casar! (…) S. Gonçalo, meu Santinho, Como tu não há nenhum! Arranja-me um maridinho Para quebrar o jejum… (…) Meu santinho, desespero, Repara na minha idade! Por favor, eu também quero O que quer a mocidade (Amadeu de Sousa – poeta popular) (…) S. Gonçalo de Amarante, Casamenteiro das velhas, Por que não casais as novas? Que mal vos fizeram elas? (…) Hás-de saltar as fogueiras À noite no arraial, Dançar com velhas gaiteiras Uma dança divinal. (João Gaspar) Quadras populares a S. Gonçalo de Amarante in «Aveiro do Vouga ao Buçaco», de Amaro Neves e outros. As festas e romarias fazem parte das festas cíclicas anuais e são precisas para a alma do povo como de pão para a boca. O povo tem remédio para tudo na Bíblia e nas tradições e saberes orais. Há santos, rezas, mezinhas e produtos do campo para tod