Fernão de Magalhães GonçalvesNetBila'News Avançar para o conteúdo principal

Fernão de Magalhães Gonçalves

Fernão de Magalhães Gonçalves
por Costa Pereira

Fernão de Magalhães Gonçalves
Fernão de Magalhães Gonçalves

Fazia Anos ! Dia de Reis


Fernão de Magalhães Gonçalves é uma figura que vai ficar no panteão dos escritores e poetas transmontanos mais famosos. Nasceu em Jou (Murça) a 06 de Janeiro de 1943 e faleceu em Seul (Coreia do Sul) a 08 de Junho de 1988. Poeta, escritor, investigador e ensaísta, está credenciado homem de letras. Iniciou a sua carreira com o pseudónimo de Fernando Gil no Diário de Lisboa e na República. Depois de passar pelo Seminário dos Franciscanos em Braga, Leiria e Lisboa, concluiu que não tinha vocação sacerdotal.
Sem perder a fé, mas antes a reforçar com doutrina e formação cultural, Fernão Magalhães Gonçalves desce ao encontro do que outros similares seus têm de engenho e arte para fazer reluzir com ele o que de belo a poesia tem para dar brilho à humanidade. Os valores morais e cívicos que herdou na cepa mantiveram-se e frutificaram com escritos à volta de humanistas e democratas como Hemingway, Aznavour, Francisco de Assis, Nuno de Montemor, Aquilino Ribeiro, e os nossos Trindade Coelho, Miguel Torga e João de Araújo Correia. Uma vez abandonado o seminário, o dever militar entra em ação, e a guerra no Ultramar exige dele a sua intervenção que vai cumprir em Angola, na qualidade de oficial miliciano de Transmissões. No regresso matriculou-se na Faculdade de Letras do Porto, onde se licenciou em História. Concluída a sua formatura entrou na atividade do professorado, que iniciou em Murça; depois Vouzela, Porto e Chaves. Aqui se manteve por uma dezena de anos, lecionando nas escolas Fernão de Magalhães e Dr. Júlio Martins.
Em 1983 é nomeado leitor de Português na Universidade de Granada (Espanha), onde se mantém até 1987. Daqui é transferido para Seul (capital da Coreia do Sul) para exercer as mesmas funções na universidade local, e um ano depois em plena rua tombou deixando o nome de Portugal prestigiado e os transmontanos afamados. Hoje o seu nome é realçado graças a um Prémio de Poesia anual que sei instituído pelas Câmaras Municipais de Murça e Chaves, e criada uma pequena Editora (Tartaruga) que tem procurado dar a conhecer muitos dos nossos autores contemporâneos. À Drª. Manuela Morais que foi sua esposa e instituidora do prémio em causa, saúdo; e a quem me despertou para fazer esta memória agradeço. 

Fernão de Magalhães Gonçalves, poeta, escritor, investigador e ensaísta, autor de uma quinzena de livros publicados e alguns outros ainda inéditos...

(Excerto)

... Sidónia, 15 de Janeiro

"Escrevo, escrevo tudo o que penso. Por um infinito respeito para comigo próprio, para com cada momento que vivo e cada intuição ou ideia que me assalta. Aterroriza-me que um só cabelo da minha cabeça se dissipe, perdido para sempre.

Tudo fica longe do Convento de Sidónia. Tudo o que aqui acontece, aqui fica e se evapora, mastigado por esta desolação cósmica que rói os homens até ao tutano. É verdade que nós, os frades menores, somos os benjamins do Senhor. Mas isso é um prémio de convicção. O meu pai continua a dizer-me: segue as minhas recomendações, firma as tuas convicções para poderes agradar aos Superiores e seguir o teu destino. Mas eu não me sinto ligado a qualquer espécie de convicção. Penso que o meu destino parte de outras convicções, por isso. Só dentro do seu destino pode cada um firmar e criar a sua liberdade. Esta leva sempre à eleição das suas normas. Sem lei nenhuma, luto contra o tempo. Mais nada. Não sei onde vou, não sei de onde venho. O Padre Mestre quase duas horas com a perfeição interior, com a perfeição interior... Mas, só para a adquirir, se perde todo o esforço dentro do indivíduo. E continuamos infelizes uns com os outros".
(...)

in Assinalados

Comentários

  1. Agradeço, do coração, o amável escrito sobre o "meu Fernão"...

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  2. Agradeço o conteudo, pois este meu amigo Fernão, eu nunca o esqueço. pois nasceu na casa em frente à minha, num lugar bonito que chama Freiria, na freguesia de Jou.Briquei na infância com ele.Visitei no Semináro de Leiria, quando eu estudava nos Maristas tambem em Leiria.Era como meu irmão.Que saudades eu tenho.Muito tinha a dizer sobre esta pessoa. ARMANDO da Flavia.-Freiria-Jou.

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