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A Nobreza Barrosã

A Nobreza Barrosã e a Casa do Cerrado
por Barroso da Fonte



A humanidade, na evolução própria da espécie, ao longo dos milhões de anos, não se contentou com o grau da normalidade. A razão que distingue os humanos dos restantes animais, foi sempre atrevida. E, desse atrevimento ou insatisfação de não ser igual aos outros, brotaram sortilégios para uns, vícios para outros, com consequências para o bem ou para o mal.
Uns primaram pelo sucesso, evoluindo e progredindo à escala local, nacional ou mundial. Outros regrediram, animalizaram-se no corpo e no espírito, destruindo tudo à sua passagem. Sempre as forças contraditórias do bem e do mal, do saber e da ignorância, da riqueza e da pobreza, do luxo e do lixo.
Essa insatisfação que sempre acompanhou o ser humano hierarquizou uns e outros. Ao nível da família, da comunidade local, nacional e internacional. 
A esse escalonamento chamou títulos da nobreza. Vêm de longe esses graus hierárquicos. Essa classificação generalizou-se e estendeu-se a todas as civilizações. Já ao tempo da Fundação da nacionalidade Portuguesa existiam estatutos convencionais que se transfeririam para a sociedade portuguesa e, mais tarde, para a Brasileira. Na monarquia o grau máximo eram o rei ou a rainha. Estes titulares institucionalizaram-se e, mais tarde, esses graus, sujeitos a regras, deram origem a constituições e a regimes eleitorais. Platão, cerca de 500 anos antes de Cristo, já elaborara a sua República, obra que ainda hoje serve de base às mais modernas constituições para os mais diversos regimes.
Com a transferência da Corte real Portuguesa para o Brasil, entre 1808 e 1820, o rei D. João VI originou naquele país irmão a nobreza brasileira. Em 1821 já tinha agraciado 28 marqueses, 8 condes, 16 viscondes e 21 barões. A cada título nobre correspondia uma determinada verba pecuniária. Esses títulos nobiliárquicos não eram hereditários. A árvore genealógica de cada cidadão não poderia apresentar qualquer motivo adverso à nobreza: bastardia, desobediência à coroa real ou sangue estranho à pureza dos graus nobiliárquicos.
A perenidade nos cargos por parte dos filhos obrigava ao pagamento de verbas previstas em tabela afixada superiormente. Em 2 de Abril de 1860, por exemplo, o grau de Duque custava 2:450$000, o de Marquês, custava: 2:020$000, o de Conde valia: 1:575$000, Visconde correspondia a 1:025$000 e o Barão tinha que pagar 750$000. A wikipédia fornece esta informação e esclarece ainda que as custas para a obtenção destes títulos tinham também valores acrescidos: 366$000 para os papéis da petição e 170$000 para custear o brasão correspondente ao grau. Esses graus eram registados no Cartório de Nobreza e Fidalguia. Mas, segundo se lê naquela mesma fonte, em 1848, «desapareceram misteriosamente todos os documentos do Cartório de Nobreza e Fidalguia» de que era responsável Possidónio da Fonseca Costa, ao tempo, rei de Armas Principal.
O signatário desta nota, confessa ser mero aprendiz desta temática, faltando-lhe a linguagem técnica que os genealogistas manobram com a maior destreza. Quando já tinha a reedição de dois/três volumes em fase de paginação, para vir a público em meados de 2015, do Dicionário dos mais ilustres Transmontanos e Alto Duriensese, resvalei eu, para este ramo das ciências sociais, deparando-me com alguns autores barrosões e outros de barrosões descendentes, que seria uma tremenda lacuna não selecionar. Nas pesquisas que fiz às famílias mais conhecidas de Montalegre e de Trás-os-Montes, encontrei personalidades inimagináveis. 
Eu que nasci numa aldeia que raramente aparece nos mapas, apenas me alegrando a existência de um naco de calceta romana da via XVII e aí nascer o Rio Rabagão, acabei de saber que nesse chão etéreo nasceu Josefa Álvares de Moura (1790-1863) que casou, em primeiras núpcias, com João Gomes da Silva. Ficando viúva voltou a casar com José Joaquim Ferreira Caldas. Este nasceu em Lisboa em 1781 e faleceu, em Montalegre, em 1849, com «um coro de corpo presente com 50 clérigos». Uma biografia riquíssima. Tiveram uma única filha: Maria Isabel Ferreira Caldas que casou com Sebastião José de Miranda Ataíde de Melo e Castro. Tiveram duas filhas: Maria Isabel e Maria da Assunção. Estas duas senhoras foram donas da Casa do Cerrado e estiveram ligadas às casas nobres da Região: Bragado (Vila Pouca), Carrazedo da Cabugueira, Morgados de Casas Novas, etc.
A Casa do Cerrado que hoje é pertença do simpático casal: Sebastião / Isabel Caldas Afonso, foi berço de muita e nobre Gente de Barroso. Luís Miguel de Castro Filipe Osório Mora e o Diogo de Paiva e Pona, genealogistas de grande curso, nos seus muitos estudos sobre Famílias notáveis de Trás-os-Montes, ensinam-nos muito e neles iremos beber elementos para novas crónicas. Há muitas estórias neste Histórico concelho da Terra Fria.

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