Bolo da Tia Rosaira, por Jorge Lage
Ingredientes:
2 Kg de farinha triga;
2 canecas (500 g) de açúcar escuro;
1 cálice de vinho fino;
1 colher (de sopa) de erva-doce;
1 colher (de sopa) de sal;
1 colher (de chá) de canela;
1 colher (de chá) de “bica e soda” (bicarbonato de sódio);
2 colheres (de sopa) de fermento de padeiro;
Raspa de limão e um ovo.
Preparação:
Amassa-se bem a farinha, um pouco quente, cerca de 15 a 20 minutos, juntando-se-lhe o fermento bem desfeito em água um pouco aquecida. Junta-se o açúcar, o vinho fino, a erva-doce, a canela, o sal, raspa de limão e o “bica e soda”, misturando e mexendo tudo muito bem.
Deixa-se a levedar de um dia para o outro. No dia seguinte pincela-se, a massa por cima, com o ovo batido.
Unta-se bem com óleo e polvilha-se bem com farinha a forma de alumínio, pondo-se a massa, em forma de losango arredondado, dividida em quatro partes. Vai ao forno (de duas vezes, bem quente e logo que ganhe cor reduz-se para não queimar).
(Receita, por nós adaptada, de Rosário Gaspar (com 83 anos em 2010), de Casal da Ladeira – freguesia de Santa Eufémia – Leiria.
Nota 1: A farinha triga (não aprova a farinha “Branca de Neve”) tem de ser daquela com que se confecciona o pão-albo e o vinho fino pode ser substituído por brandy ou aguardente.
Nota 2: Modernamente, a receita tem tido alguma evolução, podendo levar passas de uvas ou sultanas e/ou nozes. Há quem lhe acrescente 2 colheres (de sopa) de manteiga ou de margarina. Mas, para mim é a receita tradicional que conta.
Nota 3: A Tia Rosário é mãe de um dos meus grandes amigos do tempo em que frequentei o Colégio Marista dos Pousos e sempre que sabe que os visito lembra-se sempre de me fazer o seu bolo, que o filho, Manuel Gaspar, repartia comigo há 50 anos. Foi-me contando que aprendeu a fazer o bolo tradicional ao vê-lo fazer a uma idosa quando tinha 12 anos. Depois, conseguiu que o avô a deixasse fazer o bolo e a partir daí nunca mais parou. Eram dias de trabalho a fazer bolos para festas, casamentos, pela Páscoa e Natal. Assim, ia ganhando um dinheirinho que lhe dava muito jeito em tempo de míngua. Além dos bolos que se comiam nos casamentos, era costume oferecer-se um bolo mais pequeno a cada convidado para levar para sua casa. Este uso de dar um bolo a cada convidado está, nos dias de hoje, a voltar à cidade de Rodrigues Lobo. Há mais de 45 anos a Tia Rosário emigrou para o Canadá onde ainda hoje, apesar das pernas já a atraiçoarem, faz por lá, e por amizade, bolos para as festas de familiares e amigos. Assim o bolo tem-se espalhado pelo Canadá (região de Toronto) e pela região de Leiria como o bolo da Tia Rosário (Tia Rosaira como ainda lhe chama uma ou outra pessoa da sua terra mais idosa).
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