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O Bom Azeite

O bom azeite é sinónimo de saúde e qualidade de vida
por Jorge Lage


A cultura da oliveira, em Portugal, terá sido incrementada (ou introduzida) pelos antigos gregos e cartagineses. Assim, reza a História olivícola lusitana. A bacia hidrográfica do rio Tua foi considerada, durante séculos, terra de óptimo azeite e Mirandela apelidada «Poço do Azeite», principalmente para as gentes serranas da Terra Fria. Há estudos que comprovam que o consumo diário de uma colher de sopa de «azeite virgem» (azeite não adulterado, nem submetido a altas temperaturas para esconder produtos nocivos acrescentados) ajuda a prevenir o cancro da mama.
Certo é que há pessoas a consumirem, em jejum, uma colher (de sopa) de azeite diária para manterem uma vida saudável e com mais qualidade. Por isso, muitos rumam a Mirandela, ao longo do ano, onde adquirem o azeite finíssimo do lavrador. No Canadá, qualquer produto orgânico é pago a um bom preço. As pessoas compram muito o que é orgânico e de quinta, como reacção aos produtos geneticamente manipulados ou transgénicos (de consequências imprevisíveis para a humanidade) e produzidos sem recurso a fertilizantes químicos. Em Edmonton, onde me encontro quando lavro este pequeno texto, todos os sábados há um grande e animado «mercado dos produtos de quinta e orgânicos», desde a carne, às hortaliças e frutas.


Voltando ao azeite, Sólon, reformador da Grécia Antiga, dizia que «a azeitona é a melhor cura para qualquer problema na vida». Ora da azeitona extrai-se a finíssima gordura vegetal, o azeite. Azeite, que já a Bíblia Cristã o referia como um produto medicinal e de botica. Por exemplo, na parábola do «Bom Samaritano», a vítima dos salteadores foi tratado com azeite nas feridas. Igualmente nas «virgens néscias e prudentes» era usado na iluminação. Cristo antes de ser crucificado foi rezar a Deus Pai, no Horto das Oliveiras. Ainda hoje, em muitas das nas nossas igrejas, se emprega o azeite nas lamparinas como sinal de presença do Santíssimo Sacramento no Sacrário.
Se recuarmos ao Egipto dos Faraós, o azeite e a oliveira eram oferecidos aos deuses e empregues nos ritos funerários. E mais próximo de nós, os romanos, nos circos, usavam-no para melhor protegerem o corpo nas lutas com adversários. Na primeira metade do século XX, entre os proprietários mirandelenses, o número de oliveiras era referência de maior ou menor riqueza. 
No final dos anos cinquenta, os finórios do burgo lusitano, a par da campanha maléfica dos adubos químicos, diabolizando os estrumes orgânicos, fizeram igual campanha contra o azeite, endeusando os óleos refinados e hoje pouco aconselhados na alimentação. Outrora, a Sociedade Clemente Menéres vendia o azeite finíssimo, de 0,2 graus de acidez, para os hospitais ingleses (hoje vende-o ainda esverdeado e picante para os alemães).
Dos três azeites do mercado, «virgem extra, azeite virgem e azeite», para o fidalgo que eu sou, bem me serve o finíssimo, o melhor de todos, que é a maioria do produzido em Mirandela. Para a promoção do nosso excelente azeite muito tem contribuído a associação de produtores da região. A azeitona, além de produzir o azeite ímpar da nossa região, começa por nos dar as alcaparras, resultante da «vareja dos santos» ou das sementeiras; segue-se a azeitona para a talha ou para quartilhar; depois, a azeitona vulgar de conserva que se obtém com paciência e mudas de água.
Não comprem azeitona preta de conserva industrial. Os que a produzem não a consomem, preferindo sempre a azeitona de cor e conserva mais natural e, se possível, comprada aos nossos agricultores, como se faz com muito azeite. A azeitona melhor é a quartilhada e com pouco sal. O sal é veneno para o sangue e coração. O nosso azeite é ainda ideal para substituir as elaboradas manteigas e margarinas nas torradas, como fazem os lagareiros e para servir de entrada, molhando nele pedacitos de pão, a preparar o estômago para uma refeição aconchegada.

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