O azedume das azeitonasNetBila'News Avançar para o conteúdo principal

O azedume das azeitonas

Chixe, Nanixe, o taxista, e as azeitonas

Naturalmente lembrar-se-ão da desavença ocorrida no Café Central, por causa do dono do café que abruptamente interrompeu os sonhos de Nanixe. Recordam-se também que Nanixe, desequilibrado, tinha-se estendido no chão, e o seu amigo nada pôde fazer por ele, pois não conseguia enxergar um palmo à frente do nariz. Isto, por causa do azedume provocado pelas azeitonas e pelo vinho da pipa do dono do café que, apesar de tudo, ficou preocupado com os dois, chamando de imediato o táxi da vila, que é sempre o grande socorrista nestas ocasiões.
O taxista, tendo já dormido duas partes da noite, chegou, no entanto, ainda estremunhado, parando o carro mesmo em frente ao café, voltado para o lado contrário aonde iria transportar aqueles dois.
Mas nem queiram saber. A coisa azedou quando Nanixe se enfia dentro do táxi, por uma das portas traseiras, mas sentando-se voltado para a mala do automóvel. Ou seja: colocou os pés em cima do assento de trás e o traseiro na parte de cima do encosto do banco da frente, completamente derreado por causa do tejadilho que estava, evidentemente, junto à sua cabeça.
Enquanto isto, Chixe, um pouco mais escorreito, senta-se ao lado do condutor, distraindo deste modo o taxista, que não se apercebeu da proeza do Nanixe. Mas logo de seguida, olhando pelo espelho retrovisor, depara-se com o outro passageiro naquela posição, ainda por cima fazendo um gesto com o braço, indicando para avançar. O taxista desatou aos gritos, e saindo de rompante do lugar, abeirou-se de Nanixe, arremetendo-lhe à parte de cima das calças, pelo cinto meio desapertado e, num gesto firme, arrasta-o para fora do carro com tanta força que se esbardalharam ambos na calçada.
Bem! Chixe, nesta altura, que também já não pensava direito, mas convencido dos seus dotes de bom condutor de rebanhos, através de berros e assobios, toca a pôr a mão na buzina, com força e repetidamente, de modo a tentar parar a discussão, e assim mais depressa poder alcançar a sua casa, sendo já tarde e horas de dormir.
Depois de muitas buzinadelas e tropeções, lá teriam chegado às boas e com certeza dormiram sonos profundos, exceto o taxista, cujos nervos o acompanharam por dois ou três dias, com a promessa de nunca mais transportar aqueles dois.

Interrupção das reuniões

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Encontro com Delfim da Silva Monteiro, nas Paredes

Número de telefone para contactar o Sr. Delfim: 969179420 No lugar das Paredes, freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão, o encontro espontâneo com Delfim da Silva Monteiro que, em tempos, me contou a lenda de Nossa Senhora das Candeias. Neste vídeo, em linguagem simples, muito expressiva, refere as curas que consegue a quem o procura, através da invocação de Nossa Senhora da Saúde!

Lenda da Nossa Senhora das Candeias

Paredes, freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão Numa bela noite, 2 de fevereiro, ia um caminheiro com os seus dois cavalos carregados, que ficaram atolados naquele histórico atoleiro. Era homem de boas ideias. Pediu à Senhora das Candeias, foi ouvido e Nossa Senhora apareceu com uma candeia na mão; alumiou-o e seus cavalos desenterrou, acompanhando-o à povoação (Paredes). - Está visto que o homem tinha bom coração; diz o contador desta história - Delfim da Silva Monteiro - natural e residente naquele lugar. Era uma noite rigorosa com muita chuva e neve que apanhou desprevenido o almocreve. Nossa Senhora a esse homem disse que nada dissesse, mas ele não pôde resistir ao que viu. Foi um Milagre!  Cheio de alegria no seu coração, logo transmitiu e espalhou pela povoação. Toda a gente correu para as fragas daquele lugar, hoje conhecidas por Fragas de Nossa Senhora das Candeias, lindo lugar, digno de se visitar! - Desde esse tempo, a Senhora das Candeias das Paredes foi sem

Quadras populares a S. Gonçalo de Amarante

Quadras populares a S. Gonçalo de Amarante in «Aveiro do Vouga ao Buçaco» Enviado por Jorge Lage (…) Foguetes em S. Gonçalo Há festa na beira-mar! As velhas cantam de galo… Nunca é tarde p’ra casar! (…) S. Gonçalo, meu Santinho, Como tu não há nenhum! Arranja-me um maridinho Para quebrar o jejum… (…) Meu santinho, desespero, Repara na minha idade! Por favor, eu também quero O que quer a mocidade (Amadeu de Sousa – poeta popular) (…) S. Gonçalo de Amarante, Casamenteiro das velhas, Por que não casais as novas? Que mal vos fizeram elas? (…) Hás-de saltar as fogueiras À noite no arraial, Dançar com velhas gaiteiras Uma dança divinal. (João Gaspar) Quadras populares a S. Gonçalo de Amarante in «Aveiro do Vouga ao Buçaco», de Amaro Neves e outros. As festas e romarias fazem parte das festas cíclicas anuais e são precisas para a alma do povo como de pão para a boca. O povo tem remédio para tudo na Bíblia e nas tradições e saberes orais. Há santos, rezas, mezinhas e produtos do campo para tod