Reunião no Café CentralNetBila'News Avançar para o conteúdo principal

Reunião no Café Central

Durante uma de tantas reuniões que costumam levar-se a efeito no café central da aldeia, às vezes a desoras, decidem então rumar à capital, pois lá haveria de aparecer um lugar onde tratar do assunto: um ministério ou secretaria onde de certo os ajudariam. Perguntariam a alguém que vissem conhecer melhor que eles estes assuntos e tudo se resolveria. Além disso, muitos cafés como este, e melhores ainda certamente, haverá nos sítios importantes como é a capital, com gente famosa e tudo que até acharão o nosso projeto digno de ser implementado, até porque enchendo os bolsos de economias, estas servirão de igual modo para a bolsa geral do estado.
Nanixe ouvia incrédulo e mesmo com admiração os arremessos teóricos do amigo Chixe, acompanhados de gestos inopinados e, de horas em quando, discretas punhadas na mesa, a mais estimada do dono do café, escutando a conversa, contudo mostrando já falta de pachorra, não pelo adiantado da noite mas pela madeira que presenciava com carunchos passeando-se por entre meia dúzia de copos.
Inicialmente, casa ainda cheia de clientes, Nanixe, com aqueles olhares lançados para a esquerda e logo de seguida para a direita, preocupado que estava com os ouvidos indiscretos, pretendia sobretudo mostrar perante aqueles a sua desconfiança, esperto que é e considerado como tal. Coçando o queixo, aplainando o bigode, depois levando o indicador direito à parte inferior da orelha esquerda, apertando-a com auxílio do polegar, ia torcendo e retorcendo a tentar encaixar a retórica ajardinada do amigo, acenando que sim umas vezes e outras num simétrico baloiço de cabeça, sibilando, fazendo-se emoji receoso.

Reunião: desfecho atribulado

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Encontro com Delfim da Silva Monteiro, nas Paredes

Número de telefone para contactar o Sr. Delfim: 969179420 No lugar das Paredes, freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão, o encontro espontâneo com Delfim da Silva Monteiro que, em tempos, me contou a lenda de Nossa Senhora das Candeias. Neste vídeo, em linguagem simples, muito expressiva, refere as curas que consegue a quem o procura, através da invocação de Nossa Senhora da Saúde!

Lenda da Nossa Senhora das Candeias

Paredes, freguesia de S. Lourenço de Ribapinhão Numa bela noite, 2 de fevereiro, ia um caminheiro com os seus dois cavalos carregados, que ficaram atolados naquele histórico atoleiro. Era homem de boas ideias. Pediu à Senhora das Candeias, foi ouvido e Nossa Senhora apareceu com uma candeia na mão; alumiou-o e seus cavalos desenterrou, acompanhando-o à povoação (Paredes). - Está visto que o homem tinha bom coração; diz o contador desta história - Delfim da Silva Monteiro - natural e residente naquele lugar. Era uma noite rigorosa com muita chuva e neve que apanhou desprevenido o almocreve. Nossa Senhora a esse homem disse que nada dissesse, mas ele não pôde resistir ao que viu. Foi um Milagre!  Cheio de alegria no seu coração, logo transmitiu e espalhou pela povoação. Toda a gente correu para as fragas daquele lugar, hoje conhecidas por Fragas de Nossa Senhora das Candeias, lindo lugar, digno de se visitar! - Desde esse tempo, a Senhora das Candeias das Paredes foi sem

Quadras populares a S. Gonçalo de Amarante

Quadras populares a S. Gonçalo de Amarante in «Aveiro do Vouga ao Buçaco» Enviado por Jorge Lage (…) Foguetes em S. Gonçalo Há festa na beira-mar! As velhas cantam de galo… Nunca é tarde p’ra casar! (…) S. Gonçalo, meu Santinho, Como tu não há nenhum! Arranja-me um maridinho Para quebrar o jejum… (…) Meu santinho, desespero, Repara na minha idade! Por favor, eu também quero O que quer a mocidade (Amadeu de Sousa – poeta popular) (…) S. Gonçalo de Amarante, Casamenteiro das velhas, Por que não casais as novas? Que mal vos fizeram elas? (…) Hás-de saltar as fogueiras À noite no arraial, Dançar com velhas gaiteiras Uma dança divinal. (João Gaspar) Quadras populares a S. Gonçalo de Amarante in «Aveiro do Vouga ao Buçaco», de Amaro Neves e outros. As festas e romarias fazem parte das festas cíclicas anuais e são precisas para a alma do povo como de pão para a boca. O povo tem remédio para tudo na Bíblia e nas tradições e saberes orais. Há santos, rezas, mezinhas e produtos do campo para tod