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Boa comida, boa bebida!

Boa comida, boa bebida, uma paisagem deslumbrante! Assim classificaram o restaurante onde se decidiu repastar no dia em que repuseram na conta o IRS. Há que gastar esse maldito e, já agora, dar-lhe vida!
Também os empregados são uma categoria. Uma beleza prestimosa quando atravessam a sala de jantar numa elegância pouco vista nos dias de hoje.
– Arranjam-se aí umas tripas, sim senhor, e uma cabritada. Ora vamos lá “bêr”.
“Lábêr…!?” é uma expressão muito usada hoje em dia em meios distintos de reflexão televisiva e comentário político, mas que até nem vem a propósito. Foi apenas um desviar dos caminhos do enredo da história breve do restaurante e dos seus empregados de mesa.
Mas por mencionar a política, aproveito para apresentar uma das elegâncias no servir que mais parecia determinado candidato ao Parlamento Europeu e que, por sorte ou azar, lá acaba por ficar. Não era minha intenção que rimasse, mas assim aconteceu e me “lembreu”:
– Oh fulano, tu bais-t’embora?
– Eu, não!
– Pois eu bêu…!
Entrementes...
– Se faz favor, vinho.
– Reserva já não há. Há mas sem reserva.
Sem bem perceber, deixámos correr.
– Além do vinho, por favor, traga também um pouco de água. Um quarto de litro ou qualquer coisa parecida. 
– Sem favor, é para já.
Afinal, tripas e cabrito, não se percebe para quê tanta água. Na cabeça do simpático empregado que nos confessara ter já almoçado, só poderia ser para misturar.
Provado o vinho e distribuído em pequenas doses mais ou menos iguais, toca a servir a água nos copos que lhe dizem respeito. Um pouquinho só, pois um quarto de litro não ia dar para grande coisa. Por este motivo, mal se enxergava a transparência e eis quando, numa segunda volta, imediatamente seguida da primeira e surpreendentemente, sem que alguém o solicitasse, o candidato ao Parlamento começou a fazer a mistura. Sobre a água, límpida e sem gás, tomba-se o vinho sobre aquela, despontando naturalmente as cores do intermediário.
Mesmo ao lado, festa especial certamente, estouros de espumante e rolhas descomprimidas percorriam as esquinas da lareira que por acaso deixava espreitar do exterior uma leve corrente de ar fresco, bem necessária para todos os ali encontrados com mesas atestadas de vazias e vermelhidões, carnes finas e pechinchos. 
O funcionário? Nunca mais apareceu, com pena nossa. Em tempo de sobremesa, após longa espera, qualquer coisa doce era bem-vinda. Benvinda, afinal, era o nome da empregada que veio substituir o colega. Disse-nos em segredo que o candidato excedeu-se nos feijões ao almoço, e como estes provocam capacidades exageradas, e vontades que nem queiram saber, compensou com vinho tinto. E logo o de reserva!
– Já viram? Olhem, foi pior a emenda que o soneto!

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